**LICITUDE EM ÊXTASE INCIDE-SE NOS ACORDES SENSÍVEIS DA VERACIDADE SUPREMA DO BELO** - TÍTULO E PINTURA: Graça Fontis/PROSA FILOSÓFICA: Manoel Ferreira Neto.


Vislumbro o longínquo, sentindo os éritos da memória que foram raios numinosos a incidirem nos horizontes das esperanças de ser vida a vida, amanhã re-costado na amurada da ponte de um córrego, olho as águas turvas passando, passando no particípio in-fin-itivo do nada per-feito de in-congruências da meiguice e perspectivas da determinação.
“Entende-te a ti próprio” era para os helenos da Antiguidade a máxima erudição, o rebo enviesado para a edificação do homem incorruptível. Deveras, quem quer que se faça o feitor desta máxima, redigida no templo de Delfos, alcançou em repleto, atingiu em cheio a condição do "não-ser" e a busca do "ser". No princípio do feito mais afamado de Sófocles, Édipo é-nos ostentado como rei e, ao mesmo tempo, pai apoquentado pela epidemia que fustiga o seu povo. Partilha o seu pesar, mas não se ajusta com expelir um berreiro infrutífero. Busca os meios para achar o recurso para as imperfeições de Tebas. Édipo é um homem coeso que alcança concretizações incontestáveis e não se lega capturar na mata dos “desejaria”, “apreciaria de”, “inquieta-me”.
Vós que conheceis todas as coisas, oh sábio do eterno, tudo o que se possa averiguar, tudo o que se possa in-vestigar, e o que deve permanecer sob mistério, sendo o mistério a luz que haverá de sempre despertar o mergulho nos sonhos e utopias, sob os enigmas envelados de rituais e lendas, sob o in-cognoscível do efêmero e ab-soluto, os signos do céu e os da terra. Não nos recuseis as re-velações oraculares dos pássaros, águias e corujas, nem quaisquer outros recursos de vossa arte divinatória, tendes os ex-tases e as sin-estesias do tempo que compõem a estética e a beleza de sua ciência omnipresente e omnisciente.
Devem ser ainda as labaredas a abrasarem as sensualidades, des-ampará-las independentes para a sublimidade do que se me comunicou bem consciência? Deve ainda ser a lapeira a altear-me as sensibilidades, experimentar suas resplendores dentro em mim, insinuando-me a enredar literaturas distintas, poemas sui generis, experimentando diversos cosmos de percepções, diferentes impressões existentes se declarando, abrilhantando algumas tenebrosidades que posso sofrer, assombramentos que posso entrever, engolfar-me neles, assim percebendo um pouco do que ocultam, do que en-velam, em dialecto e espécie alegóricos e racionais, morais?
Conjecturo-me assim, são esses os interpelamentos que me faço, sugerindo-me a dizer o que me irrompe, o que intervém nas bordas deles, como sou apto, é-me lícito compô-lo.
Tudo continua em tranquilidade, como um duplicado mutismo; tudo continua em plácidas águas perfilhando o roteiro, todos os seres de sua profundeza em imperecível frenesi, fruindo formosuras e quietações, florando estesias e seren-idade, repimpando-se de quietudes e deleites, outra perspectiva de estesia, de bonitezas e o harmonioso arrebatando os mergulhões, sucedendo por debaixo de ligações, tudo detém-se em luminosidades fosforíferas à diafanidade dos anseios e esperanças, da crença e de cada as fantasmagorias do estético e da pulcritude, da estesia das querenças à claridade das entalações e dádivas verídicas e autênticas.
Se mourejasse averiguar a nascente procedente das lágrimas, a nascente primitiva das labaredas da lapeira, a proveniência das luminosidades palmilharia a terra completa, transitando-lhe cantos e recantos, e exauririam no eterno, difundido, e até despojado, palmilharia a existência em todas as condições e ocorrências, experimentando os enlevos de uma gustação do divino e da realidade plena, repousaria nalguma serrania do futuro longínquo,
Remoto, nalguma subterrânea, quando aliciaria mercês à incomparável locução que me consome, a que meu coração não verbaliza, espelhando e ponderando sobre as consequências que ela administraria, se saliente e dita, os bens que ela acarretaria para a consciência, para a existência, se em dias de água, apreciando no espírito as beldades de quantidade achadas, se em dias de centelhas baluartes do resplendor, estremecendo o asfalto, con-templando, enxergando na alma suas ansiedades e melancolias; práticas e existências seriam colossais, divisíveis, poderia até pronunciar haver sabido o âmago e o ser do entusiasmo defronte de seus devaneios e fantasmagorias, de suas mágoas e padecimentos, mas não acharia réplica que me comprazesse a ânsia de saber os cumes de serranias e montanhas decimadas, despedaçadas e o inexperiente carregado, enferrujado pelas golfadas de hemolinfa e fragilidades inorgânicas.
A-núncio eivado de nunci-eidéticas brilhantes ao silêncio in-audito da madrugada de frio preliminar do in-verno, música no ar, "quero saber o que é o amor", quero sentir o que é o prazer de degustar o sabor do amor, eurítises do resplendor do belo, da beleza, eurítises do esplendor do coração sob as chamas ardentes da felicidade, às quiçás dos anjos que performam a dança do in-fin-itivo verbo do divino, dos passarinhos que trinam por todos os horizontes o hino do espírito... madrugada de segundos e minutos de solidão, pensamentos solitários, emoções e sentimentos sozinhos na imensidão do tempo, pre-liminares eurítises da magia de sonhar o sonho de "ser" as entrelinhas da poesia do amor, de "ser" o interdito dos desejos e vontades do pleno, da compl-etude... música na madrugada, ritmos, acordes, melodias do que trans-cende a solidão, do que trans-cende o estar só no meio das coisas, dos objetos, do mundo, criando, re-criando a música eterna da vida, som que trans-eleva idílios, quimeras, fantasias, volúpias voluptuosas da verdade, trans-literalizando dores e sofrimentos, angústias e náuseas em líricas metrificadas e ritmadas de euritmia do sensível que se inspira do in-finito e concebe a luz sonora de notas verbais, miríades de silêncios brilhantes sin-cronizados, sin-tonizados no uni-verso. harmonisados no espaço celeste...
Eurítises do resplendor... Eurítises do resplendor... Eurítises do resplendor...



(**RIO DE JANEIRO**, 28 DE DEZEMBRO DE 2016)


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