*BREVE HAPPY-END DE UM JEGUE** - TÍTULO E PINTURA: Graça Fontis/AFORISMO: Manoel Ferreira Neto


Uma certa continuidade no desespero pode engendrar a alegria. Imersa em beleza, a inteligência se entrega ao festim do nada”.
Penetro até ao fundo do coração, e ouço as palavras nítidas, límpidas, suaves e até serenas, nem mesmo o menor murmúrio me passa desapercebido, o que, em verdade, deixa-me surpreso, indagando-me se não há um equívoco em assim crer e acreditar, não existe esta capacidade absoluta de não deixar algo desapercebido, seria até uma empáfia assim o dizer, assumir que não há equívoco algum. Profiro uma linguagem iníqua, não posso fugir dela, e creio que enfim fui capaz de realizar o tão esperado, algo ser capaz de atingir a opinião pública, e não somente de alguns, e sendo que cada um apresenta uma idéia diferente, o que há é desencontro de opiniões.
Desejo que os relinchos expressem uma crítica tão contundente que ninguém deixe de proferir a sua opinião a respeito, porque até mesmo um relincho sem senso, secreto, inconveniente, suscita algo ao ouvir, ou a ler, não o sei, e existe mesmo uma intenção subentendida, este relincho mesmo não ficará sem ser observado, e quem o proferiu, neste sentido, eu próprio, arrasta as falas e as críticas, quem sabe até não tendo coragem de afirmar caso alguém a diga com toda a empáfia. A perdição da alegria, com efeito, não me dá intuição do mínimo que seja.
Se aos olhos dos homens o desejo e a vontade suportaram uma pergunta em demasia ferina, isto de desejar chamar a atenção não tem sentido por depender de haver interesse em observar, a esperança minha era de imortalidade. Deveria eu de algum modo, embora sentindo dores incólumes dentro de mim, deixar a flor da primavera passar sem lhe dar a mínima chance de ser observada, desejada florida em todos os jardins, campos, serras, sentido a suavidade de ser odor?



(*RIO DE JANEIRO*, 12 DE DEZEMBRO DE 2016)


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