**POÉTICA ENIGMÁTICA DISCORRE/DESVELA RAZÃO/SENTIDOS DA **ESPERANÇA** - TÍTULO E PINTURA: Graça Fontis/POEMA: Manoel Ferreira Neto


Basta interrogar sobre o sentido da esperança, basta sentir o incompreensível de tudo, para que se ponha ao menos o problema de esse sentido ser possível. Perguntar para quê é pré-[s]-supor o “para alguma coisa”; afirmar que a esperança não tem sentido é pré-[s]-supor que o sentido dela deve ec-sistir; interrogar sobre o Mistério, ainda que nenhuma resposta se espere (e a profunda interrogação não a espera) é conferir-lhe o estatuto de ser, é ad-mitir o mistério e, portanto, a necessidade de decifrá-lo, ou seja, de esse enigma não ser.



Só, o nada efemeriza compactos idílios
Compactos idílios de nonadas adjacentes aos vazios do eterno.



Vales distantes, o vazio nadifica reduzidas sorrelfas
Sorrelfas de travessias de confins às arribas do tempo
Antes de quaisquer antes o silêncio
Perpassando abissais nostalgias do pleno,
Enraizando as miríades, sons
Ciciam volúpias de estesias, êxtases do belo
Luzes diáfanas de cintilâncias do eterno
Envelam as sombras do crepúsculo
Ad-nominado aos ad-juntos da eternidade
Riscando de giz o pó níveo
Das náuseas contingentes de solidão,
Inscrevendo na pedra de mármore do tempo
De agnísias as nonadas do silêncio desértico
Nonadas do nonsense
Nonadas do não-ser sendo a efígie do perene
Nonadas do interdito de esperanças
Nonadas do além-dito das utopias
Refestelando no aconchegante sudário
À lareira de efemeridades que epitafiam
As palavras de sentires da evasão
O texto da iluminação seivada de inspirações,
A prosa do iluminismo eivada de des-razões,
Ana-templando as nostalgias do pensamento
As melancolias das idéias e ideais
Permeadas de forclusions
Cogito ergo non sum
Ad aeternitatis
Penso o pensamento porque o pensamento pensa
Sinto o sentimento porque sentimento sente o paráclito da alma,
Sensibilizando a caritas das emoções
Parafraseadas de núbias percepções
Do advir de outras utopias, de outros verbos
Prefaciadas de safas sensações
Do lúdico, sensual,
Meu peito desértico, abismático
As lumínesis da subjetividade
As éresis da espiritualidade.



Nos olhos, olho as cintilâncias do ser...



Luzes que iluminam caminhos de trevas
São viagens ao infinito dos verbos de sonhos,
Explícitos e eternos,
Fogos e chamas imortais
Da fin-itude e morte;
Quero lúcido e lúdico, a travessia do “c” ao “d”,
o que há de mistério e inconsciente,
o que há de mítico e místico,
o que há de lenda e folk-lore,
o que há de mitológico,
do nada quiçá possa haver;



Olhos perdidos no espaço de todos os versos
E verbos da noite e do dia,
Da chuva torrencial e sol escaldante.



A vida é invisível, inaudita.
A ilusão acabou,
Os sonhos mergulharam no nada das ruas
Que foram de todos.



A esperança não é um conhecimento, pois todo conhecimento é ou bem o conhecimento do eterno excluindo o temporal e o histórico como indiferentes ou bem o conhecimento puramente histórico. Nenhum conhecimento pode ter como objeto este absurdo de id-ent-ificar o eterno e o histórico.



(**RIO DE JANEIRO**, 29 DE DEZEMBRO DE 2016)


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