#AFORISMO 927/ CAMPO DE CENTEIO - PONTEIO** - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO



Ponteio centeios - o inverno que é quente em mim estou afagando, e em mim verte o suor por todos os poros, escorrendo no corpo, as árvores no quintal se meditam, a alma barroca tenta confortar-se, há dias que se sente como quem só pergunta, respostas não há, fonte de eterno frio, minha pena deserta, sorumbática, no princípio de julho, não sei se é trafulha, trambique, tramóia, ou se é mesmo assim que espaços luminosos e numinosos se estendem à vista, entre mares de nada, ondas vazias gerem um ritmo de outras quimeras do "espalharem-se na areia da praia", ponteio a chamada noite, o frio da madrugada ao frio do alvorecer... Nada mais restar que tudo o mais.


Campo de centeio - ponteio cristalinas lágrimas, descendo a face límpida de quânticas emoções no instante-limite de utopias do além con-figurado de miríades de luz resplandecendo de in-finitos os verbos in-trans-itivos e sin-estésicos do perene esplendendo in-fin-itivas as idéias e pensamentos, em cujos interstícios a poiética do Belo ritma nas asas do vento as metáforas de sonho que enuncia o uni-versal, re-fazendo o tempo, tempo de dialéctica do efêmero e com-pl-etudes do ser, tempo de diá-logo entre o abismo de vento e sibilos suaves e a gruta de estalactites de cuja extremidade jorra pingos dágua na lagoa dos cócitos in-auditos do silêncio e o som da solidão, tempo de místicas idéias da etern-idade seduzida pelos diamantes brilhantes que riscam a superfície do espelho do trans-cendente e abrem horizontes trans-lúcidos para o espírito diáfano de theos e nous do sublime, e na face mítica da plen-itude a imagem-pomba branca que esvoaça a sabedoria-verbo da felicidade, a alma sin-estésica do desejo e esperança do sonho-amar performa a dança do corpo de ex-tases do movimento e gestos da verdade, sarapalhando no uni-verso, à luz da poética lunar e estrelar, as cáritas catárticas dos volos da perfeição divina, das quimeras animáticas da verdade-amor, ritmos e melodias, acordes ressoam puros pelo longínquo além do ser-tempo, ser-vento, ser-silêncio, e na poesia do orvalho da madrugada a estesia das sublim-itudes da vida.


Campo de centeio - ponteio águas límpidas que regam sentimentos de palavras nas sendas dos sonhos, con-templo a fonte mística e mítica dos vernáculos eruditos e clássicos de onde jorram livres e espontâneos a pureza líquida dos sonhos linguísticos e semânticos do ser inspirado no verbo in-fin-itivo do eterno artificiando sonetos musicalizados da verdade, que, no insterstício recôndito das esperanças, sensibilizam os inter-ditos in-auditos do espírito a criarem o "noumenous" da uni-versal-idade, subjetivam os movimentos da memória, trans-literalizando o tempo em silêncio, o ser em solidão, a inscreverem no inexprimível da vida o evangelho con-tingente dos ex-tases que despertam e acordam o belo dos sentimentos de amor e entrega em consonância, sin-cronia-, harmonia, sin-tonia com a Veleza insconsciente do há-de ser das etern-itudes in-trans-itivas do uni-versal em cujas eidéticas abissais reside a linguagem con-tingencial das divin-idades das buscas e querências das paisagens do in-finito que são silvestres sendas para o absoluto.


Ponteio centeios... Centeios ponteio no limiar da memória que no "si-mesmo" de si traz a luz do ad-vir, e sonhoreio a colheita do ser-silêncio do Amar Verbo In-trans-itivo.


(#RIODEJANEIRO#, 03 DE JULHO DE 2018)


Comentários