#VENTO DE SI-MESMO ALGURES# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA @@@@



Eu próprio,
Si-mesmo de mim
Que vislumbra o Eu-Nada,
Que alumbra o Eu-Vazio,
Des-lumbra silêncios e solidões,
As artes balançam as palavras,
A música dança as intenções de
Outras performances dos passos de letras.
A pintura reflete nos passos de
Suas performances plásticas da imagem dúbia,
Ambígua dos valores e crinas de virtudes éticos,
Sarcasmo, ironia, cinismo ao templo oco,
À face das épocas, eras, gerações,
Que me habitam os vazios presentes
Na balança das situações, circunstâncias,
Instantes-limite, Instante-já,
Instante tal-aqui-agora,
enquanto continuo
a olhar o bosque
de areias brancas,
vogo um pouco
ao sabor dos minutos poucos,
Segundos ínfimos de inspiração e intuição,
Percepção de em mim residir a voz
Das línguas,
Antes e durante a garça pousando no barco,
Balançando à mercê das ondas,
que antecedem o cair seco
e categórico da noite, medindo, compondo,
re-compondo,
aclarando
uma ou outra sede
que se vai mostrando,
fome que se vai intensificando,
expressão cuja chave,
à luz da face nova,
abre exuberante
o que em torno
constitui
demonstração de vitalidade,
mostragem de ímpetos e forças ininteligíveis,
Articular os fragmentos e
re-integrar a essência
na aparência,
eis a vida que sobre-existe
além da morte.
Na quietude e silêncio de minha alcova,
onde me refugio
para poder pensar e sentir
as experiências espirituais
adquiridas com a visão
do bosque de
areias brancas,
no cume da montanha,
Acompanhado da Estrela Polar,
Vênus e Lua,
percebo que o espírito da alcova
não é mais o mesmo.
Ninguém pode imitar o particular.
Todos podem plagiar o uni-versal.
Luz, sentido e palavras...
Viver febril.
Existir ardente das chamas que
Crepitam as achas na lareira do vir-a-ser.
O coração forte, descompassado.
Tudo, nada.
Vazio, caos, abismo.
Solidão, silêncio, nada de vazios
Habitando a amplitude de visão da
Língua, que ao som de música,
Eiva-se de alma no coração, ao expressar
A balança que harmoniza ambos os pratos
Na quimera de integração do saber sensível
E saber racional,
Mas na justiça dos direitos da humanidade
É sempre o lero-lero das ideologias.
Luz, sentido e palavra.
Sons, inter-dictos e letras.
"Acabemos com isto e
Tudo mais,
Ah, que ânsia de ser rio
Ou cais...",
De ser abismos, montanhas,
Picos,
In-ventemos com isto
e
O que mais for,
Ah, que fissura de ser fonte
Ou genesis...
Palavra, sentido e luz.
Nada, vazio.
Espreguiçam-se em ressacas.
Vácuo. Subterrâneo frouxo.
Eternidade. Fosso chilro.
"Quem é sensível sabe,
Ou ao menos já soube,
Onde coube o paradoxo".
Pequena passageira que fala,
gesticula, monologa, goza.
Forças para amar.
Além do medo.
Disposição para ouvir.
Além das resistências, dúvidas.
Sensação de sonho.
Natureza diferente.
Cor-agem para viver.
Além das inseguranças, carências.
Êxtase.
Razão e raciocínio.
Segurança para pensar.
Além de pensamentos e idéias.
O campus cria segunda realidade
para habitar.
Olhar desviado.
A luz rodopia sobre a cabeça.
Tudo suspenso.
Loucura e insanidade.
Sangue no corpo.
Fogo nos instintos solenes e per-versus,
Conheço o som de esquife.
Morte... Morte...
Luz, sentido e palavra.
Palavra aqui, outra ali.
Reflexos de imagens da Arte da Pintura,
Corroborando os linces do olhar se despertarem
Para a sincronia com a expressão verbal e lingüística da língua que amplia a visão de
Todos os tempos
Contingências.
Especulo, medito e reflito.
"Desço desta solidão
Espalho coisas sobre um chão de giz
Há meros devaneios tolos a me torturar
Fotografias recortadas em jornais de folhas amiúde..."
O proscênio absolutamente vazio.
O tablado nu.
Pequena estiagem que disfarça
o olhar fixo numa alegoria
ou num pó.
Única vela
que retoma santos num símbolo nu,
num signo despido,
numa metafísica desnuda,
numa metáfora pelada,
O país prende a respiração,
Os corruptos, militares de meia tigela,
Juízes desprovidos de inteligência e senso
Mequetrefeando o pêndulo das balanças,
Tomaram o poder,
Intencionam lavar a mão
De todos os não valores éticos e morais.
Salmos na igreja de Cristo
estendem os braços
Assim a bem-aventurança
Da sociedade, do povo...
Desejo recente, forte, definitivo.
Quê sujeiras o vazio deixou
- vento-bordas do perpétuo!
Inimaginável!... Indescritível!... Inconcebível!!!
Vento algum vindo de algures
Leste do Mississipi, oeste do Texas,
Norte de Virgínia e Oklahoma,
digna-se a soprá-las aos alhures
dos horizontes.
É entregar-me solene e solícito
nos braços expressionistas
das insolências de saber-me desprovido,
destituído de essências,
eivado do balanço do ritmo das contingências
De sofrimento e dor,
Ânsias da verdade e divindade
Da integração das artes na expressão
Do instante tal-aqui-agora da humanidade
Que inda idealiza e sonha o eterno de Existir.
Entrega que não tem fin-itude.
RIO DE JANEIRO(RJ), 11 DE MARÇO DE 2021, 13:09 p.m.

 

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