Graça Fontis PINTORA ESCRITORA E CRÍTICA LITERÁRIA ANALISA E INTERPRETA POETICAMENTE O POEMA Palavras Pequenas e Amiúdes do Sono e Devaneios Desvairados ####



Deste texto "Palavras Pequenas E Amiúdes Do Sono E Devaneios Desvairados", ousei e concluí... Poemei.
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Você lançou-se no destino
Não pensaste na causa,
Coisas, seus sonhos, o devir
Você foi, foi, foi,
No mais longínquo dos inusitados
Sem observação às reveses
Às rés que o tempo propaga
Deixou-se levar às ondas calóricas
E as ardências dos sentidos, desejos.
Hô, hô..., à procura de sinais?
Da latente volúpia do conhecimento
Para a felicidade mais robustecida
Que não descure a grandeza dessa viagem
Conjugada a grande observação
E sensorisada a esse cenário
Mundo único surperpondo
O onírico ao agreste
Entre suínos e caprinos,
E seus atributos lavrados
Neste camafeu cipreste
Como um apolíneo,
E, suas acuidades impermeabilizadas,
Para esse, o portão do mundo não se fecha
Tão pouco as portas do tempo
Às eternas recorrências
Que seus olhos e mente
Cansados possam suportar
D'entre tédio, flores, caos
E o mais refinado do entendimento,
Como um alquimista
Prevalecendo-se dos equívocos
Do fatal inquisidor destino
Tão sisudo na precisão
Tão roto em significados...
Tão indiferente, confunde...
Contudo, entre eu e você, oscila metodicamente,
Como pêndulo do conhecer,
Perceber e entender
O que nossos olhos contemplam
Na franja dos acontecimentos,
De acesso integram-se
E rangem,
Em único suspiro escorrem na exaustão,
Arrancam as cortinas da noite
Para passagem ao espírito,
Este, sonha passado,
Presente, futuro
Ou... quase nada, incompleto,
Apenas um companheiro dissimulador
Dessa nossa vida indeterminada
Em que o caminho traçado
Finaliza-se naquele ponto de interrogação
Sob sonoros acordes nada afinados
E sobre as coisas secretas
Que hoje se evidenciam,
Que são suas, só suas... penso...!
*
Este seu texto, meu querido, escandalosamente atraente e rico em palavras que se entendem, se completam e mutuamente se explicam, me fez o convite e aceitei, acompanhei o sujeito que desenhou a própria imagem no espelho como se fosse uma simples quimera, espero que esteja certa e goste! Beijinhos....
Graça Fontis
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RESPOSTA À ANALISE, INTERPRETAÇÃO POÉTICA SUPRA
Efetivamente, a intenção fundamental deste poema fora elucidar, esclarecer a visão do que é isto “fazer, construir” o próprio destino. Nesta árdua e ilimitada tarefa vive-se o vai-e-vem do trapézio das decisões e conseqüências, das intempéries e instantes de prazer, das aceitações e das discriminações, dos aplausos e das costas viradas. Construir o próprio destino traz tudo isto em sua algibeira. Se existir é balançar neste trapézio das decisões e conseqüências, por que abaixar a cabeça e largar mão do projecto do “eu-poético”, ser quem sou através do conhecimento, do saber, do pensamento e das idéias, ser o meu próprio existir? Não, não abaixaria a cabeça de modo algum. E você, meu Amor, fora muito feliz nestes versos “Você foi, foi, foi,/
No mais longínquo dos inusitados”, o que significa que me entreguei de corpo e alma, coloquei a minha liberdade em questão, atravessei portas e portões, pulei muros, cercas, rompi obstáculos para estar hoje pisando o degrau em que estou nesta jornada da Literatura, Poesia, Filosofia – não fora fácil, mas estou vencendo. Jamais posso deixar de considerar e reconhecer que o encontro com você, com
Ana Júlia Machado
e
Sonia Gonçalves
fez todas as diferenças na minha carreira, não apenas pelo incentivo, mas pelo crescimento e amadurecimento nesta caminhada através de suas críticas à minha obra. Sou ainda mais incisivo: se Curvelo fizesse hoje um pequeno comentário, reconhecesse minha obra, para mim não teria valor algum, seria nada, o ponto de vista do povo curvelano não tem valor algum para mim – o reconhecimento de vocês transcende, vai muito além do que qualquer outro, pois que solidificou este destino que fiz para mim, “Da latente volúpia do conhecimento/Para a felicidade mais robustecida...”, sigo as trilhas, as veredas, arrancando “as cortinas da noite/
Para passagem ao espírito...”
De excelência a sua análise e interpretação, pois que amplia a visão disto de “fazer, construir” o destino, atingindo a todos que intencionam ser quem são, não apenas nos caminhos das Artes e da Filosofia, mas no Existir mesmo.
Beijos no coração, meu Amor querido!
Manoel Ferreira Neto
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#PALAVRAS PEQUENAS E AMIÚDES DO SONO E DEVANEIOS DESVAIRADOS #
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: POEMA
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Sono...
Penso a desolação insustentável dos ideais
Não verbalizados e concretizados
Que me elevam ao Purgatório e Inferno
Dos conceitos outrora artificiei-lhes para a glória
Do reconhecimento, para o orgulho probo da aceitação
E consentimento de meu destino,
O que desejava eram as idéias e pensamentos
Serem perquirições do destino que eu próprio
Não tinha dons e talentos para tornar verdades
- mea culpa,
não fosse imiscuir-me no que não me dizia respeito,
dormitar, mesmo que por átimo de tempo,
quiçá vislumbrasse um meio de ser amnistiado
dos erros e equívocos, enganos,
perdoado dos despautérios,
obtusas paixões, obnubiladas vaidades da estirpe
De ser humano,
Perfeita fantasia da razão e intelecto
Que abre os prismas para a iluminação das dialécticas
Do Sublime e da Verdade adversas às eternitudes
Das arquitecturas do Vazio;
Penso a angústia de atitudes não compreendidas
- sou irritação difícil,
Intenciono estilo de apanhar o sono,
Reverberar com percuciência estar escrito nos papiros
Do estar-no-mundo;
Penso o vazio de sentimentos,
Manifestado num instante-já
Do saber a carência do sentido das coisas,
Ausência do significado, símbolo, signo
Do nada de existir à mercê da passagem dos efêmeros,
Não entendidas, ininteligíveis,
Busco uma posição de dormir,
Não com o braço de baixo do travesseiro,
Tive já várias dormências,
Necessitando retirá-lo,
Abrir e fechar a mão, até que se desfizessem,
Cabeça sobre,
O outro braço escondendo o rosto,
Amparando-lhe;
Penso o nada de idéias inéditas,
Esqueci-as no passar do tempo,
Na ampulheta do pôquer da mente
Sob as tramóias e trafilhices da perspicácia,
Destreza,
- revela-se agonia
Sem fronteiras, cancelas e cercados
Quero o sono... quero o sono... quero o sono,
Sonhar a travessia
De um lado a outro do abismo
Na ponte levadiça,
Sou uma dor inestimável,
Desejo estilo de fechar os olhos,
Esquecer-me da catarata que abrange ambos,
Da direita, bastante avançada,
Da esquerda, inda no início, mas já considerável;
Penso a melancolia da contingência
No instante da anunciação,
Revelação,
Manifestação do ser,
- sou nota altissonante de violino
Na ópera tragicômica das nadicas
Dos valores inestimáveis do caráter,
Na orquestra sinfônica das nenecas
Dramáticas da proibição e interditos,
Até mesmo das entrelinhas, se colocar em letra capital,
Da psique desvairada de nonsenses e desequilíbrios;
Penso as dores no processo da consciência
Do que é isto existir as picuinhas do medo e da hesitância
Do que efetivamente ilumina os caminhos de trevas
Na fronteira do esquecimento,
Que nominalizam as lembranças no espelho
De adversa imagem a liberdade da face
- sou alegria estonteante
E já estou-me distanciando da vigília,
Delongando as palavras pequenas e amiúdes do devaneio
Conciliadas à língua de princípios hereges
Que expressa ampla visão dos conflitos,
Dramas, traumas,
Amplitude de investigação e avaliação das venturas,
Avariação das des-venturas,
No momento preciso do sono,
Lastimo, nada podendo fazer,
Não me é dado mais
Manuscrever nas estrelas as palavras
Concernentes às dificuldades tantas
De conciliar o sono,
Libertei-me da insônia vivenciada
Por anos a fio,
Restaram-me as perquirições
E desvarios da língua e do sentido
Que artificiam na mostragem das contingências,
Orpheu de braços abertos para me receber,
“Coisas que abrangem
Coração que vibra...”
São as imagens de sonho
Que escreve no papiro da língua em riste
Os suspiros da liberdade,
Papiro dos linces da linguagem e lingüística
Que corroboram perspectivas lúdicas
Do despertar, acordar à metamorfose
Das Cataratas do Iguaçu sob a pupila do olhar
Que re-colhe e a-colhe a imagem da continuidade
Das águas no decurso e percurso dos tempos,
Subjetivada,
Se minha leoa sabedoria dos sofrimentos e dores
Apreendesse a apreciação do instante de sabença
Que servem eles com eficiência a todos os universos e Horizontes a rugirem com ternura, ruminarem com carinho
Para a reflexão e meditação,
Da velha e selvagem sabedoria de deitar no predileto do leito,
Na cama da prioridade de intenções e paixões,
Cobrir com a coberta do silêncio e suas verdades,
Da solidão e suas línguas
Do que torna o homem senhor de si mesmo,
Pastor e ovelha da peregrinação,
Embora represente o si-mesmo por intermédio
De fatal destino sisudo tão roto em significados,
Tão indiferente em significantes que prevalece dos equívocos a ânsia de saberes e sabenças, sabedorias e sapiências
De precipitar nas profundezas bátegas de coragem e disponibilidade de sonhar os bosques bem-aventurados onde habitam e residem os sêmens da consciência que visa o fenecimento de outra consciência para a transição, travessia do amar-sonho do verbo à regência transitiva direta e indireta da solidão centenária, milenar dos valores e virtudes da Liberdade, à gerência estilística do som da Consciência de tantos tempos e agoras que sintetizam os delírios e delíquos, sob os acordes, inda que desafinados, afilando a melodia eterna do Cântico dos Cânticos de por baixo do abismo, dos despautérios da solidão do amor se despenhando em terreno impérvio, como poderia uma torrente não precipitar a palavra nos vales do descanso do existir o quotidiano das coisas e do mundo...
RIO DE JANEIRO(RJ), 06 DE MARÇO DE 2021, 13:19 p.m.

 

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