PERSPECTIVAS LÍVIDAS DO TEMPLO SEM TEMPO GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA

 

Correndo no meio do mundo, não deixo de lado os pensamentos. Quisera por longos tempos esvaziar a mente. Labuta inútil. Quem é suficientemente capaz de trazer a sua cinza para o monte?

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Escuridão

Sombras.

Brumas.

Neste instante

Da madrugada que chega ao fim

Nada me fora legado pensar

Houvesse algum valor.

As idéias distantes, só flashes dispersos,

Nos pensamentos longínquos

Ausências presentes – seria melancolia,

Seria nostalgia ou mesmo saudades

De algumas circunstâncias?

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Convexos espelhos, anexos ao imaginário de distâncias indizíveis, ininteligíveis, desconexas imagens olhadas em flashes instantâneos de nadas, vazios, nonadas, complexos sentimentos dispersos, perdidos na neblina das carências subconsciente, mergulhados em amplexos descontínuos, engrenagens de medos, inseguranças, traumas, conflitos, herméticas náuseas da razão e senso, perplexos olhos deambulando no infinito, entre sinuosos espaços e ofuscantes luzes, in-vexas ilusões do perfeito em concha mais-que-perfeita de sorrelfas, re-versas perspectivas des-conexas, emolduradas na aparência etérea, fugaz, volátil, des-contínuas de superfície lisa, em cujos atrás e foras do mundo convexos refletem de sinais que compõem os ângulos in-flexos do subsolo da alma, subterrâneo do espírito, sarjeta deslavada dos instintos, entardecer da fantasia, crepúsculo dos idílios, noite da quimera, o alvorecer deixado à mercê das des-finitudes, outros virão, outros virão, outros virão.

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Correndo no meio do mundo, não deixo de lado os pensamentos.

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Percorro as vias das experiências, incompreensíveis e difíceis. Entregaria a vida por refazê-las, reconstruí-las, atrás todas as coisas ou são legendárias ou solidificadas. Contemplar os sentimentos à luz dos solstícios do alvorecer,

Linces do olhar

No panorama dos pampas,

Na paisagem do oceano,

Montanhas, bosques, vales,

As verdades adquiridas

Com que regar a continuidade

- por vezes efêmeras, por vezes perenes –

Da vida na sua sede do divino

Sentir o espírito,

Alegria, contentamento, paz,

O além refletido no espelho,

Todo à procura do amor,

Embora em espaços não encontrados, se haverá amanhã, puro mistério, ao longo do tempo os sonhos se transformando para as esperanças chegarem, a fé se concretizar, os verbos do “ser” e “não-ser” se encarnarem no sublime do eterno.

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Desejo de perspectivas lívidas,

No templo sem tempo de infinitivas

Regências do verbo,

De o in-verno aconchegar no frio terno

As carências do divino, do excelso,

Espírito dos ventos suaves

Esplendendo orvalhos

À lareira de chamas fictícias do amor,

Da entrega lúdica

Da cáritas aguardando a regência

Do ser-uno.

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Não me disseram

O sonho do Ser,

A esperança do Amor,

A utopia da Liberdade,

Verbos do Vazio,

Regências do Nada

E o “existir”,

São a Liberdade de criar o destino;

Não me disseram,

Tive de tecer ao longo do tempo

Com as aprendizagens,

Pensamentos, idéias,

Desejos de ser HOMEM...

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Correndo no meio do mundo, não deixo de lado os pensamentos. Similar aos que param nas ruas e olham estupidificados os transeuntes, olho os pensamentos que fui elaborando na travessia dos tempos, sabendo que lhes in-vestigar é jornada perene.

RIO DE JANEIRO(RJ), 22 DE MARÇO DE 2021, 13:41 p.m.

 


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