Manoel Ferreira Neto ESCRITOR E CRÍTICO LITERÁRIO ANALISA E INTERPRETA O POEMA "Assim vai o mundo..." DE Ana Júlia Machado @@@@



Descrição insofismável do que é isto - estirpe, suas características, faces, imagens, cenas, suas mentiras, farsas, falsidades, hipocrisias, e simplesmente desperta calafrios no corpo, a dramaticidade da descrição acorda para a percepção, visão de que isto está regendo, gerenciando, governando o mundo. Diante da estirpe que tem o mundo nas mãos, tempo de pensar-sentir que artifício contorce nesse ponto-universus onde se encontra passageiro do comboio da Estirpe? A descrição é dramática, a estirpe é venenosa, na sua língua de serpente equívocos princípios, valores brotam, crescem, despetalam as decadências e inevitavelmente a morte da dignidade, honra, virtude da honestidade, tornamo-nos os homens "...como cachorros/interditos em uma lezíria? Que mundo é este que deixa a "estirpe" conduzir o homem ao fundo do abismo? Tempo de pensar-sentir o que é isto o "planeta desumano/intercetado por asquerosos...", pensar em tornar-se vidas nas mãos de lira das linhas e espíritos eternos. Atrás da dramaticidade do que é ser estirpe, o significado e sentido, o drama da humanidade por estar sendo levada por ela através das hipocrisias, falsidades, aparências, há o convite, a chamada às investigações do sentido de "existir", desejar a distinção, exarar o caráter, personalidade, do espírito e das páginas de sonhos e quimeras, penetrar, adentrar as vias da solidariedade, compaixão, ser "raça humana", sentir profundo a coragem de criar o destino singular e particular e "libertar da gatunagem", perspicácia de pastores a conduzirem o rebanho ao nada, e mergulhar nos sonhos de Ser. A imagem que ornamenta este Poema de Ana Júlia Machado revela com nitidez o drama de quem descobre ser "estirpe humana", dores, conflitos, sofrimentos, angústia, tristeza, o momento em que inicializa a pensar-sentir o vácuo e ver nascer a coragem de seguir o próprio destino criado com atitudes, ações, gestos sinceros e honrados. A invocação, evocação da escritora é, no início do poema, primeiro e segundo verso, "Medite um momento/Quiçá até anos..." Pensar é saciar a sede de Existir o destino, a fome de saber e sabedoria, meditar é investigar as veredas para a divindade, o sublime, que, conforme os sentimentos e pensamento da autora são a Espiritualidade, Prazer das mãos que se tocam sensíveis e fazem a Liberdade, Consciência e Sabedoria. A mensagem eidética do poema é a síntese destas dimensões da existência humana, Liberdade, Consciência e sabedoria, integrar o saber sensível e o saber racional delas para a metamorfose dos valores e virtudes, "jornadeando nas vias" da Ética, Consciência-Estética-Ética, Espiritualidade e Sabedoria.
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Ler este Poema "Assim vai o mundo..." é viajar no tempo que voa nas asas de águia, nas penas leves que pairam nos ares da inspiração e volos ardentes da Liberdade de criar o próprio destino, não ser ovelha da "estirpe humana", ir para onde há o sol, fazer todas as estradas.
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Beijos nossos, querida, a você, à nossa amada netinha Aninha Ricardo, à nossa família.
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Assim vai o mundo...
Medite um momento
quiçá até anos
porquanto os intelectos longínquos
apropriam-se de nós por momentas?
Que planeta desumano
intercetado por asquerosos
amarfanham como folha
e albergam-nos como abjetos,
são como cachorros
interditos em uma lezíria,
é oriundo ceifando a protetora,
é procriador a violentar descendente,
miúdo jornadeando na via
cercado por muitas criaturas
recolhe á garra áspera
pobremente por ser distinto,
na retirada do assento abstrair-se
é preso por uma gatunagem,
e assim arreda-se
mais um progenitor de estirpe.
RIO DE JANEIRO(RJ), 12 DE MARÇO DE 2021, 01:43 p.m.

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