#PALAVRAS PEQUENAS E AMIÚDES DO SONO E DEVANEIOS DESVAIRADOS # GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA @@@


Sono...

Penso a desolação insustentável dos ideais

Não verbalizados e concretizados

Que me elevam ao Purgatório e Inferno

Dos conceitos outrora artificiei-lhes para a glória

Do reconhecimento, para o orgulho probo da aceitação

E consentimento de meu destino,

O que desejava eram as idéias e pensamentos

Serem perquirições do destino que eu próprio

Não tinha dons e talentos para tornar verdades

- mea culpa,

não fosse imiscuir-me no que não me dizia respeito,

dormitar, mesmo que por átimo de tempo,

quiçá vislumbrasse um meio de ser amnistiado

dos erros e equívocos, enganos,

perdoado dos despautérios,

obtusas  paixões, obnubiladas vaidades da estirpe

De ser humano,

Perfeita fantasia da razão e intelecto

Que abre os prismas para a iluminação das dialécticas

Do Sublime e da Verdade adversas às eternitudes

Das arquitecturas do Vazio;

Penso a angústia de atitudes não compreendidas

- sou irritação difícil,

Intenciono estilo de apanhar o sono,

Reverberar com percuciência estar escrito nos papiros

Do estar-no-mundo;

Penso o vazio de sentimentos,

Manifestado num instante-já

Do saber a carência do sentido das coisas,

Ausência do significado, símbolo, signo

Do nada de existir à mercê da passagem dos efêmeros,

Não entendidas, ininteligíveis,

Busco uma posição de dormir,

Não com o braço de baixo do travesseiro,

Tive já várias dormências,

Necessitando retirá-lo,

Abrir e fechar a mão, até que se desfizessem,

Cabeça sobre,

O outro braço escondendo o rosto,

Amparando-lhe;

Penso o nada de idéias inéditas,

Esqueci-as no passar do tempo,

Na ampulheta do pôquer da mente

Sob as tramóias e trafilhices da perspicácia,

Destreza, 

- revela-se agonia

Sem fronteiras, cancelas e cercados

Quero o sono... quero o sono... quero o sono,

Sonhar a travessia

De um lado a outro do abismo

Na ponte levadiça,

Sou uma dor inestimável,

Desejo estilo de fechar os olhos,

Esquecer-me da catarata que abrange ambos,

Da direita, bastante avançada,

Da esquerda, inda no início, mas já considerável;

Penso a melancolia da contingência

No instante da anunciação,

Revelação,

Manifestação do ser,

- sou nota altissonante de violino

Na ópera tragicômica das nadicas

Dos valores inestimáveis do caráter,

Na orquestra sinfônica das nenecas

Dramáticas da proibição e interditos,

Até mesmo das entrelinhas, se colocar em letra capital,

Da psique desvairada de nonsenses e desequilíbrios;

Penso as dores no processo da consciência

Do que é isto existir as picuinhas do medo e da hesitância

Do que efetivamente ilumina os caminhos de trevas

Na fronteira do esquecimento,

Que nominalizam as lembranças no espelho

De adversa imagem a liberdade da face

- sou alegria estonteante

E já estou-me distanciando da vigília,

Delongando as palavras pequenas e amiúdes do devaneio

Conciliadas à língua de princípios hereges

Que expressa ampla visão dos conflitos,

Dramas, traumas,

Amplitude de investigação e avaliação das venturas,

Avariação das des-venturas,

No momento preciso do sono,

Lastimo, nada podendo fazer,

Não me é dado mais

Manuscrever nas estrelas as palavras

Concernentes às dificuldades tantas

De conciliar o sono,

Libertei-me da insônia vivenciada

Por anos a fio,

Restaram-me as perquirições

E desvarios da língua e do sentido

Que artificiam na mostragem das contingências,

Orpheu de braços abertos para me receber,

“Coisas que abrangem

Coração que vibra...”

São as imagens de sonho

Que escreve no papiro da língua em riste

Os suspiros da liberdade,

Papiro dos linces da linguagem e lingüística

Que corroboram perspectivas lúdicas

Do despertar, acordar à metamorfose

Das Cataratas do Iguaçu sob a pupila do olhar

Que re-colhe e a-colhe a imagem da continuidade

Das águas no decurso e percurso dos tempos,

Subjetivada,

Se minha leoa sabedoria dos sofrimentos e dores

Apreendesse a apreciação do instante de sabença

Que servem eles com eficiência a todos os universos e Horizontes a rugirem com ternura, ruminarem com carinho

Para a reflexão e meditação,

Da velha e selvagem sabedoria de deitar no predileto do leito,

Na cama da prioridade de intenções e paixões,

Cobrir com a coberta do silêncio e suas verdades,

Da solidão e suas línguas

Do que torna o homem senhor de si mesmo,

Pastor e ovelha da peregrinação,

Embora represente o si-mesmo por intermédio

De fatal destino sisudo tão roto em significados,

Tão indiferente em significantes que prevalece dos equívocos a ânsia de saberes e sabenças, sabedorias e sapiências

De precipitar nas profundezas bátegas de coragem e disponibilidade de sonhar os bosques bem-aventurados onde habitam e residem os sêmens da consciência que visa o fenecimento de outra consciência para a transição, travessia do amar-sonho do verbo à regência transitiva direta e indireta da solidão centenária, milenar dos valores e virtudes da Liberdade, à gerência estilística do som da Consciência de tantos tempos e agoras que sintetizam os delírios e delíquos, sob os acordes, inda que desafinados, afilando a melodia eterna do Cântico dos Cânticos de por baixo do abismo, dos despautérios da solidão do amor se despenhando em terreno impérvio, como poderia uma torrente não precipitar a palavra nos vales do descanso do existir o quotidiano das coisas e do mundo...      

RIO DE JANEIRO(RJ), 06 DE MARÇO DE 2021, 13:19 p.m.

 

 

 

 


Comentários