A COBRA RONDA LASCIVA GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: SÁTIRA @@@


Mesmo assim, posso reduzir o sentido, tão simples fazê-lo, o que mesmo estou dizendo com engastanhar a verdade dos hipócritas, dizer-lhes ao pé do ouvido, num sussurro, murmúrio, segredo que se guarda com chaves a perderem de vista, em que a hipocrisia e falácia se engastanham, tornam-se uno, a hipocrisia suga a falácia – se se sugam mutuamente, não é engastanhar, para isto a harmonia e a sincronia são necessárias, segredos de interesses inéditos habitam prontos para se ofertarem reciprocamente, as sedes e as fomes se comungam -, vice-versa, apesar das diferenças, características, estilos, sentido, sobretudo adversidades, é no instante em que o hipócrita rende-se diante da honra e caráter para se alimentar das falácias que comicham os ouvidos, que atitude irreverente, insolente, outros são do ponto de vista que é atitude de gentinha, para outros isto é que é ter coragem de destilar o ácido crítico, oferecer como um drink, ser tomado, onde está o sabor não tem qualquer noção, mas já vivem engastanhados nos rebanhos, aí comicha o nariz dos hipócritas, sentem o cheiro de si mesmos, odor fétido, de tanto inalar o cheiro do conjugado tornaram-se uno, e a amizade eternizou-se, Deus seja louvado por sempre, amém!

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Engastanhei-me no sarcasmo e ironia, onde a critica da crítica crítica se encontram e gozam os prazeres da “sacanagem” em investigar o modo para destilar o engastanhamento de ambos... Expresso numa fórmula: todos os modos, meios pelos quais, até hoje, quis-se tornar moral a humanidade foram fundamentalmente imorais.  Há sempre um odor intragável em torno dos hipócritas, mas ele atraí, seduz, persuade, e de suas refeições: os pensamentos lascivos que entabulam, discutem, trocam dedos de prosa, as mentiras, segredos sagrados estão nesse ar poluído que tanto prazer proporciona. Quem não acredita em si mesmo mente sempre. O hipócrita não sabe o que significa acreditar, pois que segue à risca a máscara de deus, na máscara de um deus escondem o verme mais abominável, as falácias de seus valores atingem o ápice do novelo de cobras que se engastanham na árvore de indivíduos que não dão ponto sem nó, o cordão dos hipócritas cada vez aumenta mais, degustam-se, sentem o prazer do sabor de suas línguas venenosas, não há ética ou moral que sobreviva neste ninho de serpentes. Sujeira de línguas venenosas oculta a distância do mal cheiro, a cobra ronda lasciva.

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Olhai-os, o hipócrita e a falácia! Olhai-os os bons e os justos, dizem-se os crentes da verdadeira fé, dizem-se os pastores de novo tempo. A quem odeiam mais que todos? Nisto o engastanhamento de sanguessugas contribui para a resposta “sem sombra de qualquer dúvida”, para usar lugar-comum, linguagem vulgar, inteligíveis aos broncos. Àquele que parte suas tábuas de valores, o destruidor, o criminoso – mas esse é o criador. Vejo-os sepultados em árvore oca, bem protegidos contra o lobo. Pulará o lobo por cima dos hesitantes e retardatários. A jornada é a ruína.

RIO DE JANEIRO(RJ), 30 DE MARÇO DE 2021, 12:50 p.m.

 


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