EPIDERME DA ALMA GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA @@@@


Epígrafe:

 

O céu de chuvas está sempre introspectivo,

Circunspecto de nuvens fechadas,

Os olhos, por motivos diversos,

Clamam, rogam as veras da alma,

Eivando as utopias de inspirações de reflexões

Éternudando a voz onírica que faz sentir

Os prazeres do exílio...” (Manoel Ferreira Neto)

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Pingos serenos de chuvinha

Tem mais valor

Que o lugar onde chegar

Com estilo, etiquetas, educação delicada,

Para abrigar glórias e saberes,

Para armazenar sabedorias e felicidade,

São mais próximos ao sentimento íntimo das coisas,

E se não elas,

Dos objetos que, esboçados, delineados, artificiados,

“Abaixa la pell de gat”,

São vias por onde deixar

Esparramados os delíquios e desvarios,

Sarapalhados os equívocos e idílios,

Esparramadas as “mea culpa” e mágoas,

E não ser mister que lhos venham acrescentar

Única característica para ornamentar inda mais a veras,

Criando-lhes quimeras falsas,

Afeições fingidas.

“Love will be repaid”,

Ternuras mentirosas,

Carinhos simulados,

Que sobem do deserto,

Cheios daquelas coisas que causam

Aversão e náusea,

Afogando as dúvidas, incertezas,

Outroras e auroras,

A epiderme da alma,

Oh, ser ningú,

Lluny d´aquest laberint

De ser pell,

Sob a última camada de sensações

De ventos soprando o tempo,

Sons de regatos na noite,

Reflexo de sombras na porta de ilusões,

Sob a chuva de faíscas de fogo,

Animadas de espírito gentil

Que é criador de todo bom pensamento

E rompem como trovão

Os inatos vícios que tornam alguém vil.

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Simples... largar do cais,

Cair amarras na água pelas folhas,

Levadas ao longo das ondas oceânicas,

Creio que me convém,

Se for tratar daquilo que ouço:

“Efemeriza-se o vácuo,

Partindo do “eu sou”,

Minha origem espiritual o existir desencadeia.”

No interior da memória

E de suas dimensões temporais,

Exala a contingência das utopias,

Exara os itches ditches das quimeras

Nas tábuas de mandamentos heréticos,

Reivindico reduto aconchegante

Onde repousar...

E se minhas rimas tiverem defeito

Disso lamente o fraco intelecto

Que não tem força para conceber o verbo do espírito.

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Quero crer a ousadia do reduto aconchegante

Onde repousar

Seja devido à chuvinha contínua,

Lerdeza de compor à soleira da solidão

Regras e exceções das etiquetas da razão,

Sejam elas puras ou práticas,

Versos e estrofes da estilística do senso,

Un crit ressona

Entre les muntanyes,

Contudo, apercebendo-me de quase

Estar parando de silenciar as vozes íntimas,

Rumino carências e ausências,

Em língua desconhecida que crio e invento para dizer

O inaudito e interdito

Da alma engolfada nas tristezas e infelícias,

Sabe-se lá o que significam

Os enigmas de existir,

Onde eles falam, dizem

Desce um espírito do céu,

Que assegura como o alto valor

Que possuem estão além

Do que comportam disponibilidades, possibilidades.

O único enigma de existir

É haver quem pense no enigma do estar-no-mundo.

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Aconselhável seria ir repousar-me,

Cobrir com cobertor,

Dormir com o som da chuvinha,

Em seus ritmos são ouvidas

Coisas tais que enviam mensagens

Cheias de desejos, esperanças,

Que crescem e tornam-se suspiros,

E no sono devanear o nada

De hiatos vazios de lacunas,

D´el cor li va deixar de bategar

I la roda continuá girant,

De sentimentos presentes,

Éternudando a voz onírica que faz sentir

Os prazeres do exílio...

RIO DE JANEIRO(RJ), 01 DE MARÇO DE 2021, 11:05 

 

 


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