1. Quiçá seria que o vazio pudesse dizer, pós angústias, tristezas, medos, desilusões, ocasionados pelas con-ting-ências do efêmero, nihilidades do real envolvido com a materialidade da imanência, seu mergulho no abismo outra intenção não seja senão procurar encontrar no nada alguma pectiva do vir-a-ser, alguma pers de quimera para alçar vôo, entregar-se e superar-se, libertando-se dos laços com a memória das situações e circunstâncias dos éritos do tempo, sendo ele apenas emocional e não psicológico, sendo ontológico e não psíquico, mas nada responderia o nada ao vazio, pois sua eidética é vivencial e não vivenciária, nela não habita qualquer fonte de salvação para o vazio, simplesmente se entrega ao efêmero, re-colhendo e a-colhendo dele as experiências adquiridas no estar-sendo no meio das coisas, no meio das ipseidades do ser-com as náuseas, vivências acumuladas no sendo-em-sendo das esperanças e sonhos do eterno, no picadeiro das dialécticas e contradições, dele adquirindo o verbo das possibilidades, expectativas de encontro com o horizonte do vir-a-ser.
  2. Pretéritos im-perfeitos de macunaímas do lazer fútil e insosso tangenciando os nonsenses de contra-dicções, ab-surdos da dialéctica do eterno e efêmero, co-tangenciando de pectivas de nonadas os desejos mais que abissais da travessia leve e solene da melancolia à hermética e prolixa paisagem do in-fin-ito, co-senando de pers de in-fin-itivos volos e volúpias da passagem das in-congruências das dores e sofrimentos à desarmonia entre o crepúsculo e a madrugada de orvalho que toca a grama dos vales e florestas, senando de gerúndios e particípios êxtases as bordas e frontispícios do além onde os sons do universo bailam no ritmo e melodia de confins, e as águias, condores flanam leves e soltas sob o fluxo do ar e dos ventos. Nada do vazio das utopias da verdade que traçam o croqui das arribas em pleno conúbio com as cores do arco-íris, Vazio do nada que jornadeia atrás das constelações eivado de fissuras e compulsividades do egrégio encontro com o re-verso da cintilância das estrelas, brilho da lua. Nada de vazio obtuso que nas sinuosidades das sendas e veredas ao longo do silvestre do campo mergulha no abismo para ouvir os sibilos suaves do vento, que penetra nas grutas para escutar as gotículas de água pingando nas maquinés do tempo. Pretéritos perfeitos de paulicéias desvairadas, carioquicéias tresloucadas que ins-crevem na lápide dos solipsismos e facticidades os mandamentos que regem levar a vida aos sons do violino, aos acordes da flauta, tangenciando e co-tangenciando os paradigmas do aqui-e-agora e do instante-limite.
  3. Nada de eterno. Nada de etern-itude. Apenas etern-itudes que se pro-jetam no além, poiética da trans-cendência, poética do que precede a con-tingência. E no mergulho do vazio no abismo ele intenciona o ente do transcendente com que per-vagar no baldio das contradições e dialécticas da morte na alma, sonhando com a liberdade do corpo, encontro com a outra vida de prazeres e felicidade, o ser absoluto. O vazio protela éritos, tem-lhes na condição de sabedoria, na palma da alma das gnoses do vento tripudiando e engabelando as proscrições da verdade efêmera, volátil, volúvel. O nada nada protela, nada posterga, sempre livre para o outro, outros do efêmero, substratos de suas con-ting-ências. O nada é a esperança, é o sonho virgem, a expectativa pura e poética da Verdade, verbo completo de modos para ser conjugado nas iríasis dos desejos, vontades, volos da esperança. O nada é a esperança da verdade, no tangente à metáfora do verso poético do sublime que eiva a vida de fantasias e sorrelfas, sob a luz cristalina do vir-a-ser, sob a ribalta da alegria ad-vinda dos pre-núncios e a-núncios das éresis dos echos do inaudito que só a "coruja" sabe com excelência cantar no seu galho da madrugada na esperança do alvorecer, o outro outro da vida que eiva o "nada" com dimensões sensíveis da sublim-idade que esplende suas miríades do uni-verso ao "nous" das querências, desejâncias do Amor pleno de absolutos do Ser. A vocação divinária do Ser-Espírito do Verbo.
  4. Vazio do Nada. Liberdade de suprassumi-lo com a poiésis poética do amor plenamente entregue ao Efêmero, continuidade de Verbos e Modos do "Ser".


  5. Manoel Ferreira Neto
  6. (Rio de Janeiro, 11 de outubro de 2016)
  7.  

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