Ana Júlia Machado ESCRITORA E POETISA COMENTA O POEMA /**CIÊNCIAS OCULTAS, LETRAS APAGADAS**/


Engraçado....envio-lhe este escrito que terminei há pouco....acho que tem muito a ver com o seu.



Afadigo-me após afadigar-me, desbasto-me após de desbastar-me
Suplico à minha alma que se aquiete….
Não anuas as corricas acercarem e inveterarem-se,
Resfolega reentrante, na exsudação do pudor em insânia
Na incúria dos intelectos esgotados das ante faces
Se exibem a si inerentes, sem parar.
Auscultam – se verbos em consonância, diariamente,
Reconhecem-se semblantes de miseráveis pessoas joviais,
Recheando as algibeiras, entoam, gracejam, rodopiam,
No potencial da existência versada sem vida.
Nessa rotina de ser sem existência, na intrujice
Simulam ao paladar do oxigénio que aspiram,
Atentamos perplexos, sem refutação
Ao sonho demente da perfídia admitida pela comunidade.
E finda-se a narração, pois assim pretende-se
Reflectir esgota o encanto,
da inconsciente população que somos no planeta…se é que se pode apelidar planeta
Que população, que porvir, que ética, que preceitos, normas ou regras
Quando se vive em uma anarquia e sem rédeas
Resta-me o que não desejava,
Sojornar na angústia de haver que aquietar a minha alma
Como? Não sei…e as pelicas porfiam em surgir, por via da minha inquietação…



Ana Júlia Machado



**CIÊNCIAS OCULTAS, LETRAS APAGADAS**



Imagens multi-faceladas dis-persas
Persianas do tempo abertas ao in-finito
Venezianas do nada livres ao uni-verso
Circuns-pecção, intros-pecção
Volos da percepção, desejos do verbo
Sensações flanando perdidas
Sentimentos, emoções mergulhados
Nos interstícios da alma carente de fantasias
Cinzas estéticas sarapalhadas à larga
Pós éticos espalhados ao léu
Dos sentidos, significados
Nonadas crepitando nas chamas
Ardentes dos éritos e érisis do in-audito
Centelhas etéreas,
Às cavalitas o vento
Antes de quaisquer esias versais
Re-versas e in-versas
Que no crepúsculo sombrio das utopias
Sentidas nos precipícios da alma,
Pre-enchem as lacunas stanciais
Do ser, onde o inter-dito catártico
Poiesia desejos, vontades, esperanças
Verbalizar vernáculos ad-versa
Linguagem, estilo,
Subvertendo dogmas e preceitos da uni-versal-idade,
Compondo outros semblantes, fisionomias
Trans-literalizando signos, simbolos,
Metáforas do vazio, sin-estesias do absurdo
Aqui e agora do inédito
Instante-limite da criatividade
Metalinguística semântica do vir-a-ser,
Semântica metalinguística do silêncio
Que precede a inspiração do verbo
A trans-elevar con-tingências do não-ser
Subjetivas re-flexões a re-fletirem
Os re-flexos de caminhos de luz nas trevas
Ser tao de utopias, ser tao de ideais
In-finito in-fin-itivado
Uni-verso uni-versal-izado
De avessos confins e arribas
Da beleza do belo a verticalidade,
Horizontalidade do indizível
Poema da hipocrisia
Poema da farsa
Poema da falsidade
Poema das aparências...



Eis a Modernidade!
Eis os Modernistas!
Ciências ocultas, letras apagadas...



Manoel Ferreira Neto
(*RIO DE JANEIRO*, 28 de outubro de 2016)


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