Jacyra Gomes ARTISTA-PLÁSTICA(PINTORA) E POETISA COMENTA O TEXTO /**TODOS NÓS... NINGUÉM**/


Parabéns amigo você conseguiu ser um Escritor , estudou venceu ,ninguém acreditava em suas escritas mas superou tudo e todos ! Brilhantemente em sua carreira Renomado Escritor e Reconhecido . Tem muitos AMIGOS , e agradeço a Deus por ter conhecido Amigo. QUE me incentivou a escrever sem medo . Amo seus textos poesias contos ,te admiro muito .Que continue nos dando o ' prazer de ler seus escritos !



Jacyra Gomes



**TODOS NÓS... NINGUÉM**



As lembranças tomaram-me por inteiro ultimamente.
Quando entrei na escola, já sabia ler e escrever, comia Machado de Assis com salsinha e cebola. Na hora do recreio, não pentelhava pelo pátio do Grupo Escolar Monsenhor Rolim, ficava na minha carteira, lendo o meu bom amigo Machado de Assis. Não tinha colegas, amigos. Não dirigia a palavra a ninguém. Terminada a aula, minha mãe ia buscar-me na porta do grupo. Mesmo em casa, não tinha colegas para brincar, sempre às voltas com um livro nas mãos. E aquele sonho desenfreado de ser escritor quando crescesse. Aos cinco anos e meio escrevi um diário de viagem ao Vale do Jequitinhonha, Lavrinhas, quatro caderninhos de cinquenta folhas.
O sonho era das letras, mas atrás dele havia o desejo de com elas ter muitos amigos, não apenas leitores. Mas como fazer amigos com as letras? Com elas, os leitores deveriam ficar em nível tão excitados que não lhes sobraria outra coisa senão a vontade de me conhecerem, tornarem-se meus amigos. Tinha de encantar os leitores, como Machado de Assis me encantou.
Que decepção quando publiquei o meu primeiro livro de contos, Cont.Ando, só levei pedradas na cabeça, devido à linguagem popular. Houve professora minha, do curso científico, que me aconselhou a capinar quintais nas residências, mas esquecesse das letras, não prestavam para nada. Mudei logo a linguagem, parti para a erudição. Encantaria as pessoas com ela, teria muitos amigos. Daí, só ouvia dizendo: "Ninguém entende o que você escreve". Mas da erudição jamais dei conta de sair, era tudo ou nada. Fiz alguns amigos nas letras, alguns continuam sendo. Mas ter muitos amigos não. Por pouco não enterrei o "encantar" com as letras, produziria livros.
Veio-me a Internet. Uma luz nas trevas. Como o que impera no Facebook são as poesias, enveredei-me neste caminho, buscar encantar com a poesia. Ter leitores e amigos. Quando me senti seguro, encantei muitos leitores, Amigos, fiz muitas amizades, aposentei a pena da poesia, retornei à prosa. Mas a poesia está na prosa, é prosa poética. Quantos amigos somei nesta jornada. São virtuais sim, amigos virtuais, mas a amizade é real.
O sonho da infância de ser escritor que encanta e com as letras soma amigos foi realizado, está sendo realizado ao longo da jornada. Escritores e poetas são seres solitários sim, como dizia o meu amigo Deonísio da Silva, o nosso mundo e muito diferente, fazemos das quimeras, fantasias, sorrelfas, sonhos e esperança a vida. Mesmo rodeado de tantos amigos, sozinho, como diz Heidegger, num título de livro dele, Todos nós... Ninguém. A solidão tem de existir para nós, na solidão é que somos quem somos, a nossa autenticidade. Todos somos amigos solitários.




Manoel Ferreira Neto

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