**DORMIMOS O QUE É VERNÁCULO** - Manoel Ferreira


Ventos desérticos, tempestade de areia
Oásis olvidados no tempo.



Qualquer coisa que não Vernáculo
Qualquer coisa que não Sonho
Qualquer coisa que não Vida.



Dormimos o que é Vernáculo.
E o sonho,
Inda que, enfim, em toques o construamos,
Ouvimo-lo alhures.
A linguagem do silêncio povoava-lhe o amor,
À busca de um sentido.



Descobertas. Loucuras.
E delírios desconhecidos.
Divina dedicação da vida com o místico,
E do místico com o exótico,
E do exótico com o erotismo apaixonado dos loucos.



Pérfida,
A dissimulação ensina serpentes
Cujo mergulho cessa obséquios.



Retiradas ambições convergem discrições
Cujo medo amortecem convivências.



Estremecidas vozes
Afrontam artifícios do outro.



Prosa metalinguística do além
Cujas dimensões do in-audito estilizam
Razões in-versas, re-versas da solidão
Dis-persas no liames do silêncio
E silvestre das margens das veredas
Que re-velam à distância
O sol da meia-noite
Cujos raios iluminam morros e colinas.



Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine.
Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé ao ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei.
O mundo é profundo, e mais profundo do que jamais julgou o dia. Nem tudo pode faltar perante o dia. Mas chega o dia.
Ô! Céu desenrolado sobre si, céu casto e inflamado! Ô! Felicidade antecedente à saída do sol! Chega o dia.



Manoel Ferreira Neto
(*RIO DE JANEIRO*, 24 de outubro de 2016)


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