*POR VIA DO SILVESTRE NAS FLORESTAS* - Manoel Ferreira


Luzes, sons e versos, verbos de conúbios multiplicam sentidos, re-colhem ritmos de significações do que é isto - além das contingências eternas; subjetivas inter-pretações culminam de ilusões verdades absolutas, sensíveis análises ins-crevem no frontispício do in-finito uni-verso de buscas desejos do belo e sublime, sonhos esplendem em horizontes diáfanos, cujos eidos concebem de silêncios inauditos pectivas efêmeras de pers, eclipses versos estendem palavras eivadas de inter-ditas significações, palavras de sim glorificando o divino, palavras profundas de vontades e êxtases louvando a chuva que é ouro tão solene na toalha do altar, ao longo do tempo longínquo, espalhado ao léu além-mar, estrelas e lua brincam de seduzir as águas que se encontram no in-finito do uni-verso, pervagando ventos, brisas anelantes de desejos plenos, perenes, perpétuos. O próprio in-finito é tão vago, limitado e não-matéria, procuro a matéria, concreta, precisa, como eu!
Volúpias, êxtases, clímaces de esperanças, abrindo de confins as bordas de arribas, des-velando de alhures as margens simples de aquém, o astro-sol cochila brilhos incandescentes, vaga-lume, lume, lume, incidindo nas sombras pingos límpidos transparentes. iis pingados, sombras artísticas, desenhos estéticos,
Re-velando interstícios de nonadas fantasias do espírito, desejando o ser-gozo, matizando clarividências, evidências res de pectivas, a lenha queima na lareira dos sentidos, as chamas de velas no continho fora da janela, re-flexando as estrelas na imagem éterea-eterna de algures e alhures cintilâncias, long-itudes carnais, fruto permissivo, desde o genesis de origens abismáticas às travessias abissais do eterno-etéreo dos conúbios, desde os cânticos divinais da serpente inspirada
Na linguística do não-ser à mercê do ser-não alvorecer polar de cadentes astros a comporem estrofes, tematizando o élan de liberdade quae sera eternitis, lácias declinações, recitando deuterônimos perpétuos de nada...
A mão treme, sente-se pingando de letras e sentidos, o ser-de-mim amando à distãncia a outra esperança, sonho da sílaba que dividida por hífen é ser que se faz continuamente e a continuidade é ponte trans-cendente para a etern-itude-etérea, para a etern-idade-efêmera da vida-morte, trans-estrelada de melancolias, nostalgias, saudades do além-verbo-de-ser da con-tingência do aqui-e-agora...
Sou nada, sou vácuo, sou vazio, sou cinzas antes de ser carne e ossos, sou o eterno, sou o efêmero, sou a morte plena após a vida, sou hoje o amor por alguém, sou carícias, ternuras, toques, sou o eterno deste amor que se re-vela de etern-itudes, blowin´ in the wind...
Sou de aqui, boêmio de ideais da verdade e do ser, boêmio de esperanças do absoluto e sublime, boêmio de utopias da justiça e solidariedade, boêmio de sonhos do amor e sinceridade. sou de agora sendeiro da luz eterna nas trilhas do que é dignidade e honra, peregrino do rio de águas límpidas sem pressa, sem margem, sonhando a consciência, idealizando a ética, desejando a estesia das silvestres sendas da contingência, viajante nas sendas e veredas das imanências do ser e não-ser...
Bendita primavera, cerne da ec-sistência, inebriante perfume de flores ao qual não há recusa. êxtase, volúpias curtidas por antiga essência.
Nem mesmo a Babel dos deuses, nem o brilho cadente das estrelas, nem a magia de todas as re-velações estacionais e nem mesmo a liberdade de um pássaro vítima do cárcere... são comparáveis àquele tempo de ideais, utopias, há quase quatro décadas, mas não era o tempo inda, águas e mais águas deveriam passar por debaixo da ponte, fui deixando inscrito nos tabernáculos do caminho em letras góticas: "A esperança é a última que morre", fui deixando inscrito nos templos de beira de estrada em letras cursivas: "Quem ri por último, ri melhor", fui deixando inscrito nas tabacarias de esquinas de ruas passadas em letras escorreitas de sentimentos e emoções: "Um dia é da caça, outro, do caçador", tropecei em pedras, catei cavacos pelas alamedas, becos e avenidas, violeiro do eterno à busca do presente real e verdadeiro, violeiro da verdade às cavalitas das contradições e dialéticas, violeiro do amor à luz dos encontros e des-encontros...
Tempo de aqui-e-agora, pós colheita de alguns frutos, desgustar-lhes o sabor, viajo em suas asas, o além espera-me de braços abertos, o que me transcende prepara-me o banquete, consciente das dialéticas da história, contradições da vida, nuanças do sim e não, tecendo com os versos dos ideais e utopias reais e concretos o capote da honra e da dignidade, sinceridade, verdade, com o couro curtido fazendo a bota dos princípios éticos e morais, sinto-me neste tempo, sou neste tempo, estou neste tempo da ec-sistência à eternidade, eterno de verdades colhidas nas experiências, eterno de sonhos a-nunciados nas vivências de labutas, eterno de esperanças re-veladas na visão da vida imanente, eterno de fé evangelizada no sentimento da ressurreição, eterno de amor questionado no desejo do "nós", história e homem.
Da ec-sistência à eternidade... Como não posso seguir esta alameda, se é paisagem, se é sonho, se seus caminhos vertentes são jardins, são flores, são esperanças?



Manoel Ferreira Neto
(13 de outubro de 2016)


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