*ETERNO DO EFÊMERO* - Manoel Ferreira


Epígrafe:



Acho que gosto de Leonardo Boff. Acho que gosto da espiritualidade.



Quero o ritmo do efêmero e sublime
Pervagando as ad-jacências do inconsciente perene
De mistérios, de jogos lúdicos dos medos e fugas,
Tripúdios e tramóias do verbo e da carne,
Jingle-jangle do silêncio e dos gemidos de dor,
Gosto de São Francisco,
Percorrendo os interstícios do inaudito profundo
De sombras líquidas, trevas densas, brumas serenas,
O infinito re-colhe e a-colhe luzes longínquas,
Reveladas na síntese de pretéritos genéticos e advires pós-milenares,
Na verdade habita os raios numinosos do nada,
Vazio esplendidos e trans-elevados aos cumes
De confins ornamentados de arrebiques a-temporais
Da estesia do não ser
No absoluto a presença incólume da fantasia
Do espírito à espreita do trans-cendente
Às avessas com a alma entupigaitada de sorrelfas,
Enchafurdada de mauvaises-foi,
No apocalipse do sem-ad-jacências de dogmas
De verbos pretéritos consubstanciando o divino
Contingente das efemeridades das dúvidas dentro da alma
Alucinada de desesperos...



Quero o efêmero e sublime do ritmo
Que circunvagam o poema-arte do ser
Antes do caos, antes do cosmos, antes da criação
Criar o ser é antes conceber nos interstícios
Do evangelho sensível e inter-subjetivo
Dos preceitos morais, éticos e estéticos,
A luz Vésper no deserto do silêncio
De re-versas vozes que recitam
As palavras versais e estróficas
No silêncio da montanha a revelar-se
Nítida, trans-lúcida e trans-parente
No desfazer da neblina
Contemplando no tempo aberto
E plenamente incidido nos limiares do eterno
As inspirações, concepções, percepções,
Intuições, enfim o absoluto habitando o não-ser sonhando, idealizando
Na idealização iluminística da dialética
Do efêmero a liberdade em questão,
Da efemeridade da liberdade
A vida em contingências.



Manoel Ferreira Neto
(*RIO DE JANEIRO*, 23 de outubro de 2016)


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