ORQUÍDEAS DO VALE - II PARTE - Manoel Ferreira


Nós - quem somos?
Somos - quem nós?
Quem - nós somos?
Nós quem somos?



Laços de comunhão: emoções e sentimentos
Volitando o que trans-cende o toque, a carícia, o afago,
Elevando-nos ao verso-uno dos tempos, as origens
Do "eu" e "tu", cáritas da entrega, da doação
Vales lonquínquos de veredas e sendas da inspiração
Do "eu" e "tu", versos reversos de poesia e pintura,
Vis-à-vis desejos da beleza do belo, o verbo amor
Sonhando o "travesseiro de pluma" de outros afagos,
Inda mais plenos de entrega, doação, vice-versa,
Re-velação pura da alma, advinda dos baldios interstícios
A-nunciação leve das paisagens do in-finito,
Nós - assinados os nomes nas estrelas, perscrutamos
As cons-telações, paisagens, versos e estrofes bailando
Ao som do silêncio os vernáculos estilos e linguagem,
Croquis de sensações, percepções, intuições,
Outras mãos, entrelaçadas, produzindo alvoreceres,
Amanheceres de ósculos, abraços, à furtiva nos
Instantes de criação,
Nós, ad-versos nas ad-versidades das artes
Nós, verso-uno de esperanças, utopias da beleza do amor,
Jogos da mente,
Pés e mãos que sonam entrelaçados, andando e criando
Alamedas de toques, carícias, afagos, entrega,
Cor-respon-dentes as luzes de inspirações a iluminarem,
Aspirações a desenharem nas folhas signos, símbolos,
Imagísticas do pleno, das plen-itudes, sublim-itudes.
Nós, olhos nos olhos letras e imagens se re-velando,
Sentimentos, doações, aquela fissura das águas do oceano,
A banharem-nos os pés na caminhada, corrida em direções
Contrárias, o encontro, ósculos, abraços, abraçados
Con-templando as águas, o oceano, o que podemos
Visualizar no longínquo
Sonhadores eternos do sublime, corações pulsando,
Esperanças esvoaçam livres na orla do mar
Velhinhos, mãos dadas, tantas lembranças, tantas re-cordações,
Tantos aplausos, tantas palavras de carinho recebidas,
E continuamos nossa andança no calçadão, sempre em frente,
Somos o condor, águia atravessando céus e universo,
Lado a lado, e por vezes para brincar deixamos nossas
Asas inertes, lado a lado,
Nòs, "tu" e "eu",
Perscrutando-nos,
Con-templando-nos, buscando-nos inda mais os terrenos
Baldios de nossa alma, preenchendo-lhes de presença,
Velhinhos, sentados no banco de mármore no calçadão,
Lembrando-nos de termos regados com água límpida
As árvores ao longo de nossos caminhos,
A terra e o mundo de nossos mais doces sonhos,
Quimeras,
Sorrelfas,
Fantasias,
Imaginações fertéis,
E plantamos as sementes que fomos re-colhendo e a-colhendo,
"Veja lá, amor,
Duas ondas rolando lado a lado,
Cuidado, benzinho,
A poça dágua..."
Seguimos, velhinhos, de mãos dadas,
De volta para casa...



Manoel Ferreira Neto
(*RIO DE JANEIRO*, 27 de outubro de 2016)


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