CRÍTICA LITERÁRIA POETISA E ESCRITORA ANA JÚLIA MACHADO COMENTA O TEXTO /**OBTUSAS PERS DE DIVAS ESPERANÇAS**/


Mais um texto e como quase todos os textos do grande escritor Manoel Ferreira são de extrema complexidade. Vou fazer uma reflexão do mesmo, que mais uma vez não faço ideia se está correcta ou não. Mas é assim que eu vejo as grosseiras esperanças de divas que nos incutem enquanto inocentes e que mais tarde tudo é tão diferente. Por vezes, somos tudo, outras, nada.
Ser adulto, não é fácil, é o suportar com as sequelas das nossas opções, dos nossos feitos, e dos nossos desacertos. É se harmonizar quando não intervém ninguém para nos salvar ou para adoptar nossas mágoas, e entender que não existe nenhuma campânula imperceptível ao nosso redor e sobre as nossas mentes. Prosperar é perceber que residimos por nossa própria razão ou não. E é precisamente aí, e precisamente por isso, que nos experimentamos, de ímpeto… tão solitários.
Por isso é tão problemático um piedoso admitir ver o universo como um ateísta avista. A desilusão seria muito dolorosa, pois existe uma contenda contraditória entre uma diva “de realidade”, que possui a configuração de iluminura de uma jovem formosa, que adeja e que graceja, e uma modelação concebida de argila, elaborada e colorida com tinta de enfeite
Divo encontra-se na porção do intelecto humano que não quer abdicar a meninice, e que, por isso, deliberou edificar, ali mesmo, um universo de faz de embuste, aonde o devoto pode caminhar, sempre que pretender, gozar mínimas férias desse distinto universo em que somos todos nós forçosamente sacudidos, quando crescidos, e que nos aparenta ser tão pernicioso.
Se vive uma Divindade, um Éden ou um Érebo, se vivem mensageiros e belzebus, eles todos estão nesse distinto universo de falsidade, engendrado e conservado pela carência de muitos em abjurar o planeta autêntico em que necessitam habitar, ou, pelo menos, para que alcance-se separar um ócio dele, e possuir de regresso a porção mais considerável da meninice: a sensibilidade animadora de que existe alguém “olhando por nós”.
É por isso que Divindade é apelidado de criador. Mas não agencie por ele neste mundo. O próprio livro divino cristão atesta que ele habita num rejo em “diferente universo”… Alguém, irreflectidamente, soltou o que não incumbia. Divindade só vive em uma diferente extensão. No mesmo cosmos onde residem as “profetizas”.
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A existência é imperceptível, inacreditável. A cegueira expirou, as quimeras submergiram no nentes dos renques que foram de todos.



Ana Júlia Machado



**OBTUSAS PERS DE DIVAS ESPERANÇAS**



Obtusas pers de divas esperanças do nada a nonadear os in-fin-itivos limites do uni-verso engolfado nas entranhas do abismo, de seus re-cônditos o sibilo de ventos esplendendo de suas origens a leveza do ar, em cujos interstícios em ziguezague percorre os sítios baldios de confins, mágica peregrinação, em cujo silêncio do desejo, por cujo deserto de silêncio desejo as vozes in-auditas de pretéritos futurais compõem de efêmeras poiésis o cântico de sereias à luz das trevas e penumbras do vazio à mercê da ausência celeste que trans-cende a soleira dos impermeáveis etéreos, sendeiras, as sereias, que são das arribas divas da alma destituída, desprovida de volos do apocalipse que precede o caos do vazio, onde Judas, de ponta-cabeça, tenta o nó górdio da corda no pescoço, pernas entrelaçadas na galha da árvore, mergulhando assim no in-fin-itivo do precípio da imperfeita mais-que-perfeita solidão verb-ersificada de sorrelfas da plen-itude e divin-itude do ser de eternas claudicâncias da náusea ab-soluta da sagrada escritura perscrita de dogmas e preceitos inssurrectos da perfeição de fidúcias e felícias.
Obtusas pectivas de hereges ex-tases do espírito que ornamenta e arrebica as cogitans res do pórtico cócito das sorrelfas do pleno com a incólume e insofiismável vacuidade dos eternos pretéritos subjuntivando os gerúndios de declinações do in-fin-itivo no jogo lúdico das defecções florando as incongruências efeméricas do nada em cujos in-fin-itivos interstícios residem a ab-solut-idade obtusa de sentimentos e emoções da náusea vazia de cânticos cancioneiros da magia misteriosa do perpétuo evangelizado e biblicizado de nonsenses e vulgos do in-finito.
Lá no alto da colina passam ventos, caem orvalhos, sarapalham neblinas, o catavento dos im-pretéritos gira às in-versas da verdade, em cujas bordas os solstícios do crepúsculo pre-figuram e con-figuram de efígies o sacrário das ilusões da redenção e ressurreição. Lá no alto da colina as luzes rarefeitas de brilho e cintilância incidem no vazio do nada, perspectivando as imagens etéreas do éden re-presentado pelas sin-estesias do ab-surdo, pres-ent-ficado pelas semânticas e linguísticas da alma penada de pecados e pecadilhos do livre-arbítrio.
E Mefistófeles debulha o terço do milagre capital à soleira do Monte das Oliveiras.
Travessias de pectivas e pers do eterno ao efêmero. sede e fome de conhecer Deus, desde o Gênese até o Novo Testamento, plenitude de mistérios na continuidade da vida, imagem do amor, sublimidade da verdade e dogmas teológicos, iluminar as estradas com cuidado e amor amplia a sublimidade da vida e da con-ting-{ência}, desde a eternidade ao crepúsculo, ao través de lutas ad-jacentes e peculiares. Na passagem secreta de alameda a outra, vela ao vento, o abismo é in-imaginável, o buraco-negro, in-descritível, o solipsismo do poder e do patrimônio, in-inteligível. A res extensa do parasitismo in-concebível, in-om-inável, a res cogitans do roubo e exploração, in-dizível. Ser o que habita a essência do ser, raízes abstratas do que há de se a-nunciar, espertar para a busca de esclarecer mistérios e esperanças. O sentido da vida se eleve, alçando vôos profundos no tempo, passagens de pers e pectivas do nada ao vazio.
Nietzsche, filosófo que invita muito mais a que jamais paremos ou paralisemos em qualquer escalão da erudição, mas continuemos ascendendo a arriscada escaleira da erudição – e do conceber. O triunfo do presente aparenta um apelo persistente do parecer nietzschiano, que renegue todo solipsismo e toda inércia, invitando-nos a uma atitude existencial de busca incessante de ultrapassar o facultado e conceber o novo. E este degrau não transporta ao páramo, mas sim ao vindoiro – “a ímpar sublimidade do indivíduo sem divo”, como expõe Camus. Veneração ao que há-de surgir A existência é recôndita, inacreditável. O logro terminou, os devaneios imergiram no nentes dos renques que pertenceram a todos. Assemelho muito este escrito ao pensamento De Nietzsche, o não ter sido capaz de narrar certas situações em determinado momento, ainda por falta de erudição completa e imaturidade. Mas, não parou no tempo. Continuou a ascender nos degraus da vida e percebê-la ou tentar perceber….Não sei se certa ou errada. Mas é o meu parecer…
Luzes que iluminam caminhos de trevas são viagens ao infinito dos verbos de sonhos, explícitos e eternos, fogos e chamas imortais da fin-itude e morte; quero lúcido e lúdico, a travessia do “c” ao “d”, o que há de mistério e inconsciente, o que há de mítico e místico, o que há de lenda e folk-lore,o que há de mitológico, do nada quiçá possa haver; olhos perdidos no espaço de todos os versos e verbos da noite e do dia, da chuva torrencial e sol escaldante.
A vida é invisível, inaudita. A ilusão acabou,os sonhos mergulharam no nada das ruas que foram de todos.



Manoel Ferreira Neto.
(Rio de Janeiro, 12 de outubro de 2016)


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