VENERADAS VOZES GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto/Graça Fontis: PROSA




Veneradas sejam as vossas glórias, oh vozes, vozes que silenciam as ruminâncias do aqui-e-agora, instante-limite em que o almejado não con-diz com o vivido; os uivos das dores profundas das esperanças que foram tergiversadas, originando angústias e tristezas, a vida nada estar sendo senão ausências e carências.


Vozes murmuradas de sons intros-pectivos a delinearem os inters-tícios dos sentimentos que povoam as perquirições dos desejos e esperanças, o âmago das razões de ser aconselhável in-versá-las, se se quiser desenhá-las ao sabor de projectos de compreender as carências de certezas e convicções da verdade, assim performando passos e traços do baile dos nonsenses, dança das contradicções que tecem os prazeres, êxtases da liberdade, palavras sendo apenas deleite da língua sem quaisquer sentidos, figurando como prece profunda do nada, resplendecendo os seus espectros aos infinitivos de verbos que carecem de regências.


Vozes sibiladas de ausências, sussurrando instantes-limites estrangeiros a quaisquer antes de tempos que originam o presente, suspendem o amanhã de fantasias, ilusões de a alma refestelar na rede as verdades adquiridas, sentir-se re-compensada por haver regenciado defectivamente as quimeras do vazio, as mentiras das ausências de sensibilidade de perceber e intuir nada haver que transforme ou metamorfoseie as verborréias do ser e nada, nada existir senão tentativa povoada de ações e atitudes, de patentear não o primeiro passo mas o segundo de todas as decisões.


Vozes... Vozes... Por que as palavras a identificá-las? Por que a língua através de seus movimentos a manifestá-las habitadas de sentidos, sejam metafísicos ou contingentes, de revelações da alma, as mais recônditas, do espírito que sonha e devaneia o sentir a vida em suas dimensões e raízes do ser? Quiçá as vozes eivadas de sons nada prescindam de signos, símbolos, metáforas, metafísicas, sejam a alma na sua instância de a-colher o porvir de suas querenças do pleno.


Vozes... Pensamentos... Idéias... Vozes altissonam pensamentos, tornando-lhes compreensíveis em nível de realizar o vazio em consonância e harmonia com as utopias do múltiplo que abrem perspectivas para o inaudito. Vozes gritam idéias, investigando-lhes as dimensões na hora da irrelevância a honras pretéritas, a instituições desérticas e as infantis ilusões a abrigarem o presente que não lhe são cabidos.


#RIODEJANEIRO#, 23 DE MAIO DE 2019#

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