#NONADAS E SOMBRAS CINERÍCIAS# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA




Covil de gênios abriga metafísica do ab-surdo, relatividades do vazio. Antro de néscios desenvolvem teoremas da preguiça, geometria de alfas e betos. Absurdas simetrias e sacras facticidades encontram-se nas linhas perdidas das constelações espaciais. Sentimentos obtusos não escondem segredos, antes articulam expectativas do abstrato caráter degenerativo. Pensamentos da morte envelam gratuidades pretéritas. Canto o que sinto espocar sem cessar. Por que não tenho raiz, copa frondosa das origens?


Perdido. Desmiolado. Esta presença inominável das nonadas e sombras cinerícias seria que discernisse a lucidez de quem se abstraiu do eco de murmúrios que povoa incógnitas da perquirição solitária? Tudo é alheio ao acaso que deita quimeras calientes. Céleres diademas circunspectivando vertentes, falácias, verborréias. À superfície de campinas verdes e viçosas a consumação dos tempos patenteia-se. Primevos preâmbulos das fantasias, tornando-se semens de sonhos, salpicam as paredes da caverna, onde inconteste o silêncio reside.


Ando às pressas na lerdeza do tempo. Marcho a esmo no sibilar dos ventos entre as árvores do bosque. Saltito angustiado e deprimido nos becos e alamedas inóspitos. À passagem da areia na ampulheta, con-templo o buraco negro. Sinto vertigens inomináveis e indescritíveis nas margens das hipocrisias e dos despautérios da verdade.


Apesar de a alma ir pairando no vácuo noctívago, o mundo é quiçá , se não for apesar de acasos a reverterem lembranças à deriva.


#RIODEJANEIRO#, 17 DE MAIO DE 2019#

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