ONÍRICOS ENTRE-LAÇAMENTOS ENTRE O PÓSTUMO E O EFÊMERO# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA





Só,


no silêncio cercado pelo sibilo de vento entre morros, na serração que cobre toda a natureza, pós chuva da madrugada, o in-verno se a-nuncia pleno, quero re-colher-me tranquilo, sereno, quero dormir o sono profundo, gostoso, quero descansar de minhas buscas, questionamentos, indagações, quero repousar de minhas dúvidas, medos, incertezas, quero dormir na distância de um ser que jamais lhe pertenceu, quero alvorecer no tempo nublado, sentindo o frio íntimo, a umidade de intuições, percepções, inspirações, criando-me suave e sereno, quero sentir o friozinho agradável no corpo, a alma leve, suave, serena, tranquila.


Silêncio
cercado pelo sibilo de vento entre serras,
Solidão
nas curvas de estradas a perderem-se de vista,
nas vias sinuosas da selva,
serpentes serpenteiam ziguezagueantes caminhos
Sonhos
de querências que são póstumos,
Oníricos entre-laçamentos entre o póstumo e o efêmero
Re-fazem as perspectivas da alma,
Artificiam as utopias da liberdade e do desejo de ser
Perspectiva de horizonte longínquo,
Uni-verso distante das estrelas e da lua cheia.


Só,


na solidão das curvas de estradas a perderem-se de vista, desejo sentar-me à margem delas, permanecer assim por tempo ilimitado, olhando ao redor a vida, a natureza, a essência de todas as coisas do mundo, da terra, das profundezas do mar.


Sem pensamentos, sem idéias, sem razão, sem senso, do ec-sistir, vazio de mim, apenas a alma e o espírito, o corpo, a carne, os ossos, o sangue a percorrer as veias, quero sentir a presença do que me trans-cende nesta jornada sem principio, sem meio, sem fim, aberta a todos os horizontes, perpétuos e efêmeros; à noite, olhar o brilho das estrelas, a luz da lua, dormir no chão, sobre a terra, sobre a poeira, levantar-me, prosseguir a caminhada.


Dos verbos silentes, re-fazer as perspectivas da alma, regências e concordâncias dos ideais e sonhos, metáforas e metáfisicas da liberdade que se re-faz no nada, do vazio que preenche os instantes de múltiplas utopias na roda-viva do tempo, re-colher, a-colher no destino de minhas poeiras e o que habita as sorrelfas desde tempos imemoriais, o que reside nas quimeras desde este instante-limite ao porvir, da soma de minhas sombras que é proporcional à soma das luzes e quanto mais forte é a obscuridade que se vê, que se enxerga, que se con-templa, mais esplendor tem a luz, desde o gênesis à eternidade, o que a-nuncia os sonhos de querências que são póstumos, a perfeita espontaneidade do amor quer conduzir-me para a liberdade, a felicidade não seja unicamente instantes, seja a visão da divina trans-parência da Liberdade.


Minha própria alma é chama, é luz, são trevas de luzes no poço do silêncio, no vazio do abismo e dos sibilos do vento que sobem rumo à superfície, ao ar, ecoa o canto da coruja: insaciável de long-itudes novas, sonhos que não passam de ilusões [antes, e num estilo mais puro do que o poderia eu fazer, delineio esboços, o sentido e a imagem de um olhar, a miríade de uma perspectiva de horizonte longínquo, de uni-verso distante das estrelas e da lua cheia], entregar-me de corpo e alma aos desejos iluminados em seus valores eternos como imagem e como visão fugaz da própria divindade, quero uma flama! A eternidade não pré-ocupa, o póstumo se entrelaçou ao efêmero: cumprem a pena que sublima, cumprem a esfera que suprassume, cumprem A TINTA QUE ENFATIZA OS CARACTERES E SÍMBOLOS, meneia o perplexo, o inusitado, o excêntrico, a insatisfação e o gozo.


Nenhum perjúrio de encanto nem a vida do a-lumbramento, nem a morte do des-lumbramento.


O calor das sinapses não en-velam, não escondem, não omitem, não mentem ou criam as expressões da tez, em dobras que prostram a dor e o riso.


#RIODEJANEIRO#, 15 DE MAIO DE 2019#

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