#SIGNOS E MIRAGENS DA ALMA EM INCÓGNITA PRECE# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA





Enroscadas, qual a forma de mozarela vista no frasco de vidro nas prateleiras de mercearias e supermercados, as experiências se multiplicaram, trazendo novo sentimento de estesia, linguagem e estilo, outros moventes e trans-literalizações.


Toda essa pena para registar um gesto que de tão sensível e frágil jamais se modela, per-forma-se, não considerando a tinta esvaída no ato do registo das palavras, zona de desejo selada por olhares circuns-pectos, um artífice das letras se con-templa sem sonhos, in-sone despe-se sem qualquer curiosidade. Ótimo seria captá-las e com-pô-las num todo sábio, posto que sensíveis: uma luz, uma alegria baixando sobre o peito saqueado. Não é dado saber se a vida é ou foi - o que me é havido: curva de um jardim, pupilas que refletem renúncia às coisas eleitas, uma inteligência do uni-verso.


Myriads de signos, sobre a página de um testemunho deixado para a posteridade, sob a forma de uma partitura, crescem cada vez mais no sentido de uma esperança imediata, no estilo de uma re-presentação o mais intolerável e o mais ab-surdo destino, julgando cada vez mais lúcidas as enérgicas tentativas de trazer à luz o futuro distante.


Solsticiadas de neblina, lembranças, re-cordações nubladas de sentimentos e emoções esplendidos ao tempo a fora querências trans-elevadas ao ser das travessias, desejâncias trans-projetadas ao verbo in-finitivo das passagens da sombra do sol posto ao silêncio dormindo a sono solto, à música da vida orquestrando de ritmos suaves e divinos, ao céu cristalino alevantando onde em lágrimas vivem eternamente os olhos piedosos, se neles des-cobrir posso a piedade que entre peitos humanos não des-cobri, melodia serena, sentimentos que brotam em reboada, a estrela tem luz própria, a estrada tem trilhas peculiares, singulares, as palavras legam à sensibilidade o talento da re-criação, a vida é só um instante, é só um momento, voar ouvindo a melodia do vento...


A melodia do violino fala a minha linguagem de volúpias e ex-tases des-afinados, contrariando todas as semânticas e linguísticas, trans-mitindo palavras, escritas como as quero ver nas linhas e não sob o olhar da ortografia, dos doutos e de quem não possui sensibilidade e percepção das coisas, dos papagaios que só repetem o que os professores ensinaram e a gramática reza, até mesmo a Academia Brasileira de Letras tem esse poder de rezar o que é certo ou errado, faço com elas o que quero sem dever explicações a ninguém, desde que na soma de todas as dimensões da língua e da linguagem revelem a estética linguística, não é apenas criar palavras, re-criá-las, jogá-las nas linhas, as tradições, dogmas e preceitos não me pegam de modo algum, e elas não me cobram, saltitam por re-criá-las com engenhosidade e arte, sentires além desejos sensoriais do espiritual, além clímax sensacional dos sonhos do amor, além elo do ser perfeito.


Pectivadas de inverno embevecido de estrelas dançantes onde o In-finito entrelaça sentido ardente à liberdade do presente que ficou volátil, à solta, às águas claras onde a lua nada deliciada na essência do ser, elas são infinitas, no trans-curso do tempo são o oceano cultivando as delicias de serem ondas em direção à praia, movimentos cadenciados da parassíntese em profusão e deleite, a atmosfera oceânica convida ao sonho, ao recolhimento, o luar maravilha com cores de sonho o in-finitivo do além.
Pectivadas de primaveras subconscientes amando o frescor do silvestre da Verdade, sinestesia, monotonia, poesia que verseja a imagem em palavras que despetalam as rimas do amor, estrofes orvalhadas de signos e miragens da alma em incógnita prece de perscrutarem o horizonte sublimado, perpetuado à prosa estética in-versa à fantasia, quimera que vitaliza o olhar e dá alegria à serenidade melódica da liberdade.


(**RIO DE JANEIRO**, 10 DE MAIO DE 2019)

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