ANA JÚLIA MACHADO ESCRITORA POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA ANALISA E INTERPRETA A PROSA TEOLÓGICA #DUPLA CONGRUÊNCIA DO ESPARSO#




Não sei conseguirei analisar este texto do escritor Manoel Ferreira Neto- DUPLA CONGRUÊNCIA DO ESPARSO…um texto extenso e de difícil compreensão, visto que nos pode levar por vários caminhos…como o próprio título refere há coerências do disperso…sofrimento pelo desejo de querer… deseja em grau da hipocrisia carne/desejo, da obscuridade corpo/vontade, e ninharia mais obstaculizando os impulsos de um auge imortal e breve.


Mas quiçá isto leve ao pensamento do proibido pelas crendices que nos incutiram e sendo motivo de sofrimento…


Poderemos falar na justificação da asserção do Divo unionista, onipotente e íntegro autor do universo, razão da verdade e donatário do sentido da história do humano, desde a sua invenção à reverência nauseabunda da sua meta, o erro foi sendo artificialmente introduzido à energia da justiça de deus. A reflexão aduladora, que facultava inestimável pacificação da constrição em face do paradoxal, não poderia vivificar imaculado: o padecimento logo se representou o seu obstáculo elementar. A teoria da recompensa pareceu um desenlace patente, porquanto aliava o padecimento à punição, resguardando assim a equidade suprema de Divindade e o entendimento da geração, por cuja seriação os prevaricadores são castigados e os íntegros compensados. Entretanto, desde cedo, a ideia de equidade equitativa originou o conhecimento de que deveria ser estimulada por uma independente diligência do desejo. Se as adversidades não fossem originadas pelos piáculos espontaneamente executados pelo indivíduo, seria imprescindível endereçar ao todo-o-poderoso, desejo espontâneo e nascimento ecuménico, tanto a proveniência do delito quanto das calamidades deles descendentes. A exclusiva resolução descoberta para uma enrascada tão profunda foi inserir, entre o Autor e o mundo, o exclusivo subterfúgio apto de evitar que a origem do erro carecesse ser frontalmente imputada a Ele: – um vivente que lhe fosse parecido, alguém abarrotado de uma querença absolutamente independente, e que, assim, limitasse a imputação divinal ao que não encontrasse-se sob a imputação do homem, isto é, ao que não sucedesse da liberdade da intenção humana, óbice a qual Deus mesmo se converteu incapaz. O homem é, pois, enaltecido a uma decência sensivelmente divinal, graças à qual se converte apto de ajuizar a sua intenção, para o benefício ou para o erro, ou melhor, de concordância ou em desarmonia com a dádiva da Lei que o Autor lhe consentiu. E assim se enceta a história ocidental do dever, da falsidade e do delito. Divo, entretanto, desperdiça o domínio de instigar a privacidade dos humanos, sendo desacreditado ao papel de somente condenar-lhes galardões e punições, depois sentenciá-los conforme a sua regra. – Ainda indaga-lhes os espíritos, mas já não é competente de tateá-los. Conforme se deduz de todo o visível, a ideia de Divo íntegro é restringida da ideia de Deus todo-poderoso. Equidade e todo-poderoso são claramente inconciliáveis: o todo-poderoso subentende a independência íntegra do desejo, enquanto a equidade inclui a área da mesma deliberação aos rigorosos términos da Lei. – Não se pode ambicionar que um Divo todo-poderoso seja obrigatoriamente reto, quanto menos o inverso. Porém, ao longo da história das teodiceias (ou seja, Doutrina, tratado sobre a justiça de Deus: teodicéia de Leibniz). Esse facto não alvitrou axiomático aos tutores da ideia paradoxal de Divo segundo a erudição rigorosa do monoteísmo. Em benefício do sentido de vivido, o idealismo monoteísta subsistiu, e as teodiceias se ampliaram, ligadas aos juízos de evolução e de livre-arbítrio da intenção. Considera enfatizar que o gravíssimo enigma filosófico da independência humana encontra-se intimamente enraizado ao enigma da imperfeição, pois, se a maleficência for um desígnio, o homem não pode ser independente. Por conseguinte, sendo Divo a fonte e o termo do universo, todos os erros, mesmo os originários do desejo humano, lhe incumbirão ser endereçados.


Eis o fundamento manifesto pelo qual, se os criadores de teodiceias não conquistassem comprovar a liberdade humana, seriam obrigados a aprovar, a exemplo de tantos mitismos heréticos, a fatalidade de uma presença radicalmente avassalada ao juízo do desejo de um Divo todo-poderoso, contudo imerecido. Mas, é justamente essa a extensão funesta que o monoteísmo contrapõe. Se as execuções do Fecundante forem paradoxais, a existência desperdiça o sentido. Tão-pouco podem ser alheios à dita dos homens, ou isentar arbitrariamente uns em prejuízo de outros, segundo os tenebrosos preceitos dos seus encarniçamentos: – Deus deve ser tão isento quanto o pai que os homens desejam que ele seja! O laço das teodiceias do livre-arbítrio e da gratificação, logo, nada possui de intricados: se lhe carecesse independência, o homem seria inconsciente, tão claro assim. Eis a provável causa pela qual as primitivas teodicéias já aprontavam nitidamente que o homem fora criado à afiguração e analogia do Criador, e, portanto, provido de predicados afins aos seus: de intelecto para diferençar o benefício da imperfeição, e de desejo livre, competente de escolher pelo execução ou pela inadimplência da equidade. Entretanto, um método alegadamente filosófico, com o propósito expresso de cimentar a reflexão de liberdade humana, e, assim, isentar Divindade da transgressão pela proveniência do erro, só veio à luz com o aparecimento da cristandade. Missão tamanha, e de prematuramente destinada ao insucesso, foram iniciadas por Agostinho, o insistente autor do primeiro processo filosófico em teodiceia, que, vãmente intentou conceder algum sentido às incoerências da doutrina paulina que o insinuou. O bispo de Hipona na sua árdua investigação de uma resolução para o enigma da imperfeição, examinando sem pressa a sua plausivelmente débil (aos nossos olhos pós-modernos), mas ideologicamente potente erudição sobre o livre-arbítrio, mediante a qual aspirou solucioná-lo.


Agostinho exclui novamente o foco do enigma da proveniência do infortúnio no mundo, que já fora, no semitismo, afastado de Divo para o homem, para o benefício mais intrincado da proveniência da imperfeição no homem. Futuramente o mal amargado anui espaço ao mal praticado, o revés à crueldade, como o cerne do tema. Imputar ao homem o motivo de todos os danos, como os judeus o fizeram, não resolveu a dificuldade, pois que a pergunta persistiu: “e o mal do homem, como não o assacar ao benigno Deus que o concebeu?”. Eis a principal fonte de padecimento de Agostinho, cuja alma, pertinaz em aceitar a faculdade de Deus ser a proveniência do erro, desejava descobrir algum sentido no mundo. Com efeito, após sustentar passionalmente a tese segundo a qual o homem tem livre-arbítrio, Agostinho foi forçado a aceitar (face aos inabaláveis fatos da espécie humana tal como então se lhe ostentava), que aquela tão excelsa dádiva fora adulterada pelo feroz uso que dele causaram os primeiros homens, de modo que a essência humana, desde então, está conspurcada por um “piáculo inédito, por cujas deduções, difundidas geneticamente, todos somos, paradoxalmente, ao mesmo tempo, padecentes e transgressores, inabilitados como nos convertemos de alvitrar o nosso desejo segundo a vontade de Deus. A humanidade, portanto, sem o auxílio da graça divina, já não pode realizar o propósito a que foi destinada, qual seja o de oferecer ao Criador, pela prática da justiça, o louvor que lhe é devido. Os homens vêm ao mundo condenados a uma desventura merecida: os sofrimentos a que estão passíveis não são injustos, mas indícios da harmonia da criação de Deus, que não pode deixar impunes os seus pecados. Desde que Agostinho enfatizou a íntima relação entre os problemas do mal e da liberdade, quem se tenha ocupado filosoficamente do tema da responsabilidade, se não for ingênuo, já não aborda problemas morais sem também considerar seriamente a efetividade da autonomia humana. Entretanto, não obstante o brilhantismo das questões que suscitara, o próprio Agostinho as encobriu com uma profusão de respostas dogmáticas, que perduraram quase incólumes durante o período medieval, e marcaram o pensamento do Ocidente até a Modernidade, quando outro gênio filosófico, impelido pelo mesmo espírito que movera Agostinho a buscar sentido no mundo (malgrado as objeções das evidências), e a defender a existência de um fundamento metafísico racional, uma ordem absoluta (em relação à qual toda desordem seria relativa), retoma as perguntas de Agostinho, e tenta formular novas respostas, a partir de uma postura pretensamente crítica, porém motivada pela mesma indigência de contestar a desordem, a descrença e o fatalismo, e, especialmente, de determinar a ética em uma base resistente. Conforme a declaração kantiana da doutrina do livre-arbítrio demandar afastar-se da anomalia incluída na sujeição a uma lei concedida aos homens desde fora, para alicerçar a independência em uma presumível Auto legislação da razão, e assim eliminar a indispensabilidade de um domínio metafísico, inacessível para Kant, como alicerce da moral. Contudo, certificando a inépcia da nossa humanidade balizada em aprazer totalmente a equidade, que envolveria na exemplar prática da faculdade, e, por consequente, na justa retribuição da dita, Kant se antevê forçado a requerer a perenidade da alma e a presença de Deus para arriscar acautelar o esbarrondamento da moral, que se exibira sustentado sobre – nada. Foi assim que, não obstante a sua censura arrojada da teologia racional, Kant acaba por engendrar a sua própria teodiceia. Os vestígios da teodiceia na mente destes autores que, sem dúvida, simbolizam entre os mais prestigiosos filósofos do Ocidente.


Seja como for, os cristãos são intitulados a acatar, ainda que sob o ônus do sacrifício. Enquanto habitámos na “cidade dos homens”, atendamos àqueles que Divindade investiu de poder. Quando acercarmos à “cidade de Deus”, atenderemos então ao inerente Senhor, sem mediadores, sobeja somente finalizar que ceder aos carrascos não é razoável, é preciso ainda amá-los.


Esta a represália cristã. – Não façais justiça por vossa conta, caríssimos, mas facultai lugar à cólera, pois encontra-se escrito: A mim pertence a represália, eu é que indemnizarei, diz o Senhor. Antes, se o teu hostil possuir míngua, dá-lhe de manjar, se tiver secura, dá-lhe de ingerir. Agindo desta forma residirás armazenando ardências sobre a cabeça dele. Não te licencies avassalar pela imperfeição, mas avassala o mal com o benefício. O que fizeram os cristãos do monoteísmo?! É visível que o bem-querer aos hostis não avassala a contenda contra o mal! O amor aos hostis, decididamente, não é legítimo, mas o apogeu da aprovação à iniquidade. O amor aos hostis não é benéfico, tão-pouco é humano. Só pode, portanto, ser imperfeição, e, logo, divino, o bem-querer aos hostis. Mas provavelmente seja apenas doentio, como se pode irrefletidamente apurar dos estudos acerca de síndromes como a de Estocolmo, quando as vítimas desenvolvem com seus carrascos uma relação contraditória, convertendo-os por seus bem-fazentes. – Quiçá seja a cristandade nada para lá de uma modalidade grupal de algum similar desarranjo. Talvez, no entanto, seja uma doutrina tão excelsa, e uma precisão tão distinta, que o entendimento circunscrito seja, meramente, inapto de alcançá-lo. Mas, como o sabermos…


Mas como diz o escritor Manoel Ferreira Neto… Alienações ociosas encobrem as lágrimas cristalinas, os sorrisos inócuos, e edificam a sisudez no semblante do tempo inocente e injusto.


Uma análise em teorias de alguns autores acerca de teorias Cristãs ou não..penso que seja o porquê do texto do escritor…ou não..talvez não seja a melhor altura minha para tal análise de um texto bastante complexo…


Ana Júlia Machado


Me não lembra bem a história deste texto escrito em 1988. Acredito tenha sido inspirado numa conversa tida com o meu professor de Teoria da Literatura II, Jaime França, num botequim no Bairro Savassi, Belo Horizonte. Jaime e eu estávamos sempre envolvidos em diálogos sobre Religião, Fé. As bases de Jaime França em termos de Teologia eram Santo Agostinho e Kant. Neste encontro nosso, a conversa delongou-se até de madrugada. Disse-lhe, quando nos despedimos à porta da República de Estudantes onde eu morava "Jaime, vou viajar a Curvelo, mas quando retornar a Belo Horizonte, terei um texto literário sobre nossa conversa." Realmente aconteceu, escrevi o texto em dois dias. Jaime aplaudiu a obra: "Seus conhecimentos de Kant estão em fase de amadurecimento. Está de parabéns. Quero uma cópia dele para mim." Foi o único comentário dele. Nesta época, solidificava-se o meu ateísmo. E escrevi imbuído dos conhecimentos teológicos que já possuía através da Filosofia, havia terminado o mestrado em Sartre. Houve um outro motivo para a escrita desta obra, mas me não lembra. Sei que andava muitíssimo angustiado, e procurei revelar isto no texto, a angústia e os questionamentos da Religião, o ateísmo.


A sua análise e interpretação, Aninha Júlia, focalizaram de excelência o eidos de meu texto, o Ateísmo. Você realmente é expert na leitura de meu pensamento. Compreende-lhe e entende-lhe profundamente. Meus parabéns e minha eterna gratidão por sua entrega a desvelar a minha obra.


Beijos nossos a você e à nossa netinha Aninha Ricardo.


Manoel Ferreira Neto


DUPLA CONGRUÊNCIA DO ESPARSO
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: PROSA


Encontro-me a um passo de exceder os absurdos acumulados da carne, quiçá até dos ossos - uma sensação mista de culpa e profusão - e nada é capaz de dominar os ímpetos de entrega. Quero-me em nível da duplicidade carne/desejo, da ambigüidade corpo/vontade, e nada mais obstacularizando os ímpetos de um clímax eterno e efêmero.


Sensações unívocas e equívocas de uma angústia, tomando as rédeas da claridade, evidência, emergem lúcidas do fosso dos desejos constantes de prazer e astúcia. Sou uma miríade de sentimentos a transbordar-me, exceder-me, ultrapassar-me, e caminho consciente pelas veredas da vontade de interação. Devo crescer e vicejar a partir de mim próprio, livre e sem medo, numa independência inocente. Todo aquele que intenciona ser livre só deverá sê-lo por intermédio de si mesmo, pois a liberdade não cai no colo de ninguém, como se fosse um presente divino.


Desejo-me cúmplice de uma consciência embasada nos desejos da carne - a razão cumpriu sua elaboração na fantasia, o logos cumpriu sua organização na imaginação, o intelecto cumpriu seus deveres na inspiração... O edifício imaginário reviu suas bases, desmoronando desejos seculares de uma vida sem raízes. Qualquer coisa distendeu-se nas sensações carnais, e agora sinto uma dispersão enorme de sentimentos e emoções a tomarem-me por inteiro, e sou sentido em medos e euforias, sou-me inspirado em devaneios e certezas.


Inclino-me ao rés-do-chão, iniciando os passos por alamedas íngremes e viçosas das percepções de um seio viril. Os pênis duplos do desejo e da razão, desfacelados e insatisfeitos de realização, aglutinam-se e dispersam-se num diapasão sensível, e o corpo afigurar-se a dissolver-se, deixando as sensações abrirem-se. O erotismo próprio do que é vivo, do que vive, está espalhado na maresia do mar, espalhado na veemência de minha voz.


Emoções espelhadas numa congruência fácil e espontânea de carícias e ternuras colocam-me livre e escravo de vontades nunca dantes nem mesmo imaginadas. O medo excêntrico dos absurdos da carne, vividos na cabeça do tempo, faz sobreviver um refúgio, faz viver uma fuga, e o homem mergulha na insatisfação. Surgida da insaciabilidade, a impetuosidade de uma lembrança de sangue a jorrar nas veias da razão, um confronto da esperança e a angústia do inominável.


Mergulho-me fresco e volútil nas ondas do ímpeto de uma metamorfose viva, a engolfar-me, retirando-me fundo das obscuridades dos sentimentos ambíguos. Sou impetuoso, de modo a rasgar-me as vísceras dos sentimentos de ternura e carinho pelo viver o mundo. Minha própria força liberta-me, libera-me, essa vida plena que se me trans-borda.


Sou uma dispersidade nos sentimentos de viver um ímpeto da carne e dos desejos, uma univocidade nos interstícios dos sentimentos volúteis de uma vida de sangue profusivo e disparatado da consciência. Até o instante presente, perambulando pelas alamedas do sensível, buscando a elucidação e entendimento, estive a envelar uma profusão enorme de tesão e desejo pelo clímax. Afigura-se-me este sentimento, úmido em seu interior, suave em suas bordas, ser uma ambigüidade amena e triste de um desejo não realizado e o viver girando assiduamente sem qualquer ponto de segurança.


Se, interiorizado e hermético nas associações à busca do entendimento dos enigmas da carne, segredos do sangue, mistérios do corpo, sinto estar esgarçando e ampliando as emoções, há um engano incorruptível e irreversível presente na sombra de uma manifestação. Se, imerso em ondas de calor e volúpia, sou trazido em nível deste desejo da carne e do corpo, as associações livres empreendem sentimentos espontâneos e suaves.


Um vento ameno e suave surge nas antípodas de minhalma, percorrendo os labirintos das vísceras e veias. Se faz aparecer uma sensação de prazer e júbilo pelo inusitado desejo?...


Se vivido de modo lúcido na intimidade um amor dilacerante, logo sou envolvido por um êxtase latente de dores e prazer, e sinto logo um amofinamento do corpo. Suave e contínua é a linguagem desta alegria ora surgida nos interstícios de desejos por desfrutar e estar desfrutando de mim. Há dúvidas de se me encontro em nível de uma compreensão do minuto presente de sentimentos ou do entendimento carnal de emoções. Não penso como os cristais não pensam. Tenho dois olhos que estão abertos. Para o nada. Para o vazio. Para o nada vazio, para o vazio de nada.


Veredas lúcidas de uma consciência a habitarem-me o íntimo - surjo-me à luz do sol e o rosto inicia a ejacular um suor quente. A língua do tempo, a ofuscar-me a visão, traz-me este obnubilamento dos desejos e sou inteiro recolhido no medo. Tempestuosas carícias e ternuras vêm residir-me o peito em busca de encobrirem uma angústia de entender o medo do amor, uma agonia de compreender a resistência de amar.


A solidão habita-me os recônditos do espírito e só encontro a sua superação no desejo de liberdade de entregar-me inteiro. Fecho-me sensível às posturas da abstração de ser indivíduo, conservando um profundo amor pela constituição das ternuras. Abro-me consciente às colocações da contingência de ser sujeito/verbo, elaborando os sentimentos ávidos de afetividade/carinho no seio de conteúdo humano.


Impetuosa paixão pelo sentimento de viver os resultados contingentes do prazer vem surgindo saltitante pelos interstícios de olhar, buscando as sensações alegres do peito. Impulsivo amor pelas emoções de agir a alma feliz do desejo inicia-se aproximando alegre nas veredas da consciência, procurando os desejos reais do espírito. Profusivo carinho pelas ternuras de sentir o espírito alegre da árdua tarefa de instituir os caminhos do amor e da liberdade começa aflorando-se contente nos labirintos da capacidade, manifestando a calma real da linguagem.


Ávidas carícias desta postura de ir pensando e organizando as ações em conformidade e harmonia com a esperança. O corpo, ambíguo em suas sensações de desejo, postula-me a percepção do olhar as situações antes da intuição de decidir as ações. Tempestuosos sentimentos de doação dalma e intercâmbio de carícias habitam-me fundo o seio, e sou quase uma alegria absoluta.


Invade-me enorme volúpia e desejo de ir residir inocente e puro nas alamedas de um amor efusivo e real. Surge-me angústia a perambular e deslizar no sangue vivo: serei apto a realizar este amor? Quisera-me lúcido e louco a tergiversar pelos labirintos nítidos e nulos de desejos. Sou felicidade translúcida a transbordar a garganta da linguagem, Intencionando inda mais a completude do corpo e sentimentos. Sou uma iminência de clímax no pênis real de prazeres, intencionando o gozo na vagina de desejos evidentes. Sou um gozo no pênis simbólico da consciência, reivindicando a formação do ser homem.


Quisera-me uma alegria da linguagem de desejos, ejaculando a completude dos prazeres, e tudo o que é elaborado são repetições de adjetivos e advérbios. Sinto a nitidez de instituições, aspirando encontrar-me com a lucidez de viver. Pudera-me o retorno lúcido às perdas, re-elaborando o sujeito, fazendo a completude clara do verbo de viver a singularidade.


Efemeriza-se a sombra tênue dos sentimentos efusivos da imensidão de viver, deixando-me perplexo e contente com as forças resolutas da completude. Evola-se o ensimesmamento frágil do sentimento de inferioridade frente às conquistas do mundo, revelando-me um sujeito perspicaz e atento às intenções prioritárias. Esvanece-se o clima denso de angústias instituídas no seio de um medo contundente de a vida haver sido perdida nos instantes absolutos da ociosidade.


Esvaiu-se de mim a similitude das formas de abstração, buscando o instante pleno do espírito, o momento perene da alma. Habita-me a solidão implícita da esperança de uma universal formação da consciência, tornando-me os caminhos um simples modo de ir construindo os desejos de empreendimentos e lutas. A ternura excêntrica de desejos sensíveis e frágeis reside-me o peito efusivo de uma linguagem voltada para a realização de carências e a instituição da intersubjetividade.


A meiguice diferente de conteúdos inocentes e ingênuos da alegria de ser sujeito, estilos simples e resistentes do contentamento de revelar o "sou" de mim, vem morar no íntimo, indicando-me as veredas da forma de constituição de viver. Institui-se o som nítido dos ventos suaves e frescos da felicidade de o homem inscrever a si no epitáfio dos desejos realizados.


A frescura da manhã solene de meu corpo tranquilo nas arestas de suas sensações de gozo, mas uma inquietude solene no seio da carne. As ondas tênues de carinho e solitude por todos os estilos de amar e inteirar-me das formas de mergulhar-me no sangue efusivo da contingência humana.


Simples ardências carnais nos desejos viris mergulham as satisfações plenas num mar de fluídas emoções de amar.
Primeiros ardores da paz submergem-me num oceano frio e úmido de emanações paradoxas da felicidade. Os amores da fisionomia a resplandecerem suaves os contornos de características sempre susceptíveis de uma excêntrica metamorfose em busca do real.


Substituo as dúvidas latentes da emancipação, trilha emotiva das carícias de vontades eternas, pelos efusivos processos emancipados da latência do amor. Recupero as evidências do espírito em transbordar-me frágil e consciente no finito das emoções sentidas. Mostro a nitidez do olhar, perspicácia indubitável da formação sensível do real, identificando a profusão de eternas ternuras.


Fósseis susceptibilidades conceituais do corpo a ejacularem sentidos e significados dalma - sou uma postulação das sensações. Veias de amores sentidos no real das reformas, abrindo o sangue quente e imanente dos "sonhos de Verbo Inteirar". Contingências testamentárias dos sentimentos insólitos surgem efêmeras da consciência, e sou manifestação ardorosa de insolências fundas. Tristes horizontes resplandecem imortais nas linhas sensíveis das posturas conscientes da elaboração emocional. Arregalam-me os olhos o universo nítido do substantivo amor nas tábuas translúcidas da percepção e intuição. Flácidos olhares perscrutam os insolentes infernos da angústia, perpassando os liames loucos das inquietudes, adelgaçando as vertentes insanas das perquirições, em perene busca do íntimo ingênuo da felicidade. Infernais concepções do belo e nítido estilo da esperança indagam-me as definições percucientes das postulações de consciência e ação nos interstícios de viver o "Amar".


Nítido inferno resvala-me o íntimo, perpassando os recônditos sítios da intranquilidade, trazendo-me a consciência de uma eterna necessidade de compreensão e diálogo das emoções vividas em confronto com as reveladas na fisionomia e olhar. Insolências frágeis e flácidas de uma indagação abstrata e real do sentido humano nas revelações de júbilo e prazer de enfrentar o mundo. Profundezas de mim, emergidas nas revelações fisionômicas e oculares, dizem-me a paradoxalidade perquiridora dos sentimentos.


Superfícies imersas nas elaborações do espírito, imergindo nos subterrâneos da ternura e insolência, dialogam lúcidas com as inscrições conscientes de um viver eterno. Sonos fáceis nas bordas do nada refestelam-se confortáveis, mergulhando nos interstícios absolutos da vigília.


Loucuras indolentes escondem as lágrimas puras, os sorrisos inocentes, e instituem a seriedade no rosto do tempo inócuo e iníquo.


#riodejaneiro#, 27 de maio de 2019#

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