**PRE-CEDENDO A TERCEIRA MARGEM** - Manoel Ferreira


Tempo de re-inicializar os sonhos que foram tornados cinzas
Com a presença da ausência de rumos, itinerários, destino,
Com a ausência da esperança que se esplende além de todos
Os horizontes, os infinitos, os verbos defectivos;
Tempo de re-fazer o tempo, seus ventos, suas neblinas,
Seus orvalhos, suas neves;
Tempo de re-amar o verbo do sonho de amor,
Verbo que regencia os crepúsculos, os entardeceres
Com os temas e temáticas dos alvoreceres e amanheceres,
Verbo que con-juga as lâminas de águas com as maresias
Do há-de vir, há-de ser, por vir, ad-vir
Verbo que in-fin-itiva o que pre-cede a terceira margem,
Compondo com versos e estrofes a terceira travessia
Que a-nuncia, re-vela os vedas do ser tao pleno de luzes
Que des-venda, des-vela os mistérios e in-auditos do Ser;
Tempo de re-fazer as pers de pectivas que a-lumbram
Os brilhos e cintilâncias dos volos dos desejos sin-crônicos,
Sin-tônicos e harmoniosos com a ec-sistência do eterno e perpétuo,
Sin-thesis e encontros de estrelas e luas nas sideralências
Do espaço, espaço que mostra atrás das constelações as miríades
Dos sons do silêncio, do silêncio dos ritmos e melodias,
Cântico dos cânticos, "liefde is als een roos";
Tempo de re-con-templar as águas cristalinas e límpidas
Que a busca do pleno, o símbolo das plen-itudes,
Metáfora das etern-itudes, ao longo dos caminhos dos pampas,
Rumo às in-fin-itudes da ilusão de ótica de o mar se unir
Às nuvens celestes, enquanto os raios numinosos do sol
Tocam as bordas da montanha;
Tempo de re-con-templ-orar as orações que sensibilizam
A inspiração de compor o soneto das divin-itudes
Que iluminam a trans-poiética da linguagem e do estilo,
Linguística e semântica que des-velam e des-vendam
A espíritual-idade que habita os recônditos do espírito da vida;
Tempo de re-abraçar com volúpias e ex-tases a beleza do belo
De amar sem limites de sonhos e esperanças,
Sem fronteiras de con-tingências e facticidades,
Sem obstáculos de sofrimentos e dores,
Re-artific-ilizar o sentimento de amor em con-sonância
Com a música lírica plena de poesia do in-fin-itivo trans-cendente;
Tempo de re-pensar o pensamento pensando
As iríases que pre-cedem a essência e o ab-soluto,
As éresis que ante-cedem os pretéritos mais-que-perfeitos
Da imperfeição perfeita que trans-eleva as melancolias,
Nostalgias, saudades;
Tempo de ouvir os sussurros dos ventos,
De escutar os sibilos do uni-verso e horizonte
Em cor-res-pond-ência com a solidão das uni-versal-idades...



Manoel Ferreira Neto
(17 de julho de 2016)


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