**ESPÍRITO** - Manoel Ferreira


À minha mulher, Graça Fontis, com todo o meu amor, carinho, ternura...



Não há o in-fin-itivo do verbo, se esperanças e sonhos não regenciarem as iríasis do desejo de sentir e vivenciar a beleza do belo, o espírito do in-audito.
Não há o vazio e nada, se o efêmero não estiver sempre pres-ent-ificando o ad-vir, o há-de vir, comungados à poiésis son-ética da entreg plena ao espírito da vida.
Não há a travessia, se os éritos do pretérito se cristalizaram nas verdades adquiridas e consumadas, eliminando os desejos e vontades de seguir a estrada além das pontes, percorrendo seus aclives, declives, curvas, o espírito da jornada para o in-finito.
Não há a náusea do estar-sendo, se os dogmas, preceitos estiverem satisfazendo in totum as carências e faltas da alma, forclusions e manque-d`êtres do espírito do eterno que vivifica as verdades por se pres-ent-ificarem.
Não há a pena que registra as litteras das utopias de outros horizontes e uni-versos, vida outra além do meramente vivido e vivenciado, espírito outro que se alimenta das érisis do há-de ser.
Não há a poiésis poiética da poesia, se a sensibilidade não intuir, perceber as linguísticas e semânticas das plen-itudes da liberdade, espírito da uni-versalidade.
Não há sendas e veredas dos caminhos do campo, se não houver a fé de que na sua trajetória o silvestre pres-ent-ificará os idílios e sorrelfas do por vir, o espírito da sabedoria.
Não há o verbo da sabedoria, se os conhecimentos forem conservados e preservados unicamente com a determinação de re-futar a ec-sistência de outras verdades, re-cusar o espírito das divin-itudes da vida plena.
Não há o Verso-Uno, se não houver sin-cronia, harmonia, sin-tonia do "eu" e do "tu", o volo do "nós", a espírito do Ser além de todas as contingências.
Não há a Verdade, se as verdades adquiridas não forem húmus, sementes para outros questionamentos e indagações, outras entregas ao desconhecido, invisível, espírito das efemer-idades.
Não há a trans-cendência, se as contingências forem a negação da morte, forem o medo de a vida ser na continuidade do eterno, espírito do in-fin-itivo in-fin-ito.
Não há o amor, se o sentimento de amar não in-trans-itivar o verbo do outro, o tempo das dimensões sensíveis e trans-cendentais, o espírito dos ventos que levam dores e sofrimentos para curtirem as paisagens, transformando-os em sêmens para o Ser do Verbo.
Não há as lâminas de águas, se a terceira margem do rio não id-ent-ificar a trans-cendência de seus desejos e vontades do encontro com as docas do mar, espírito da Koinonia marítima e celestial.
Não há o ritmo, melodia da música, se a lírica não pres-ent-ificar os sons do silêncio, os acordes da solidão, espírito do blues que revela os interstícios da alma sempre carente do absoluto.
Não há a chama na lareira que aquece o frio do inverno, se as janelas da choupana do Ser não estiverem abertas de frente às estrelas e lua, espírito do romance das forclusions e sêmens da felicidade.
Não há a coruja a cantar na madrugada na galha de uma árvore, se a verdade das gnoses não estiver além do meramente dado, espírito da ec-sistência.
Não há...
Não há...
Não há...



Manoel Ferreira Neto.
(23 de julho de 2016)


Comentários