**MIRÍADES CÔNCAVAS DE NADAS** - Manoel Ferreira


Odes amorosas ou melancólicas, insensíveis ou nostálgicas, indiferentes ou saudosas, galhofa e primores níveas ou lilaseiro, avermelhas ou rosáceas, abrilhantem o fatal propósito, cintilem o declarado projeto, o perpetuo fado, o cobiçado ser independente, o sonhado verbo livre, para o despovoado arrebatar fundo, no âmago e ser seu, sua pertença, noctívago do entendimento, flectido já em existência sob a concepção do auge enlouquecidos, ciente da plúmbea expectativa do babel ressuscitado, eis o que me pretere a existência, preterita as ipseidades do quotidiano, contingências, em todas as suas extensões susceptíveis, razoáveis e intelectiveis, a sensualidade e os ossos, as sensual-itudes e as cinzas, até mesmo as vísceras das entranhas.
Ser autónomo é apreciar a essência e entender com agudez e acuidade que o ser humano é a pessoa mais relevante do cosmos e que faz fragmento inseparável da existência, e sem ele nunca existirá contentamento, felicidade, alegria, em realidade o universo, a terra, a vida, sensibilidades e abalos que desimpeçam as entradas para auferir diferentes luminosidades a conduzirem os andares em comando ao imenso do bem-querer e da afeição.
Idolatraria, sim, coonestar as flores níveas, uma a uma, com as cores que deixei, com o pincel que abandonei nalgum cacifo do tempo, solicitar -lhes júbilo às minhas lágrimas, trilho a esse afecto oculto nos abraços protelados, nos contemplares afastados.
Con-vexos espelhos, anexos ao imaginário de distâncias indizíveis,des-conexas imagens, con-templadas em miríades côncavas de nadas, vazios, nonadas, com-plexos sentimentos dis-persos, mergulhados em amplexos des-contínuos, engrenagens de sofrimentos, dores, herméticas angústias e nostalgias, per-plexos olhos deambulando no in-finito, entre sinuosos espaços e ofuscantes luzes, in-vexas ilusões do perfeito em concha mais-que-perfeita de sorrelfas, re-versas pers-pectivas des-conexas, emolduradas na aparência etérea, efêmera, fugaz, volátil, des-contínuas de superfície lisa, em cujos atrás con-vexos re-fletem os sinais que compõem os ângulos in-flexos do subterrâneo do espírito, sarjeta des-lavada da alma.



Manoel Ferreira Neto
(Rio de Janeiro, 16 de julho de 2016)


Comentários