**RE-VERSO INVERSO VAZIO DA SOLIDÃO** GRAÇA FONTIS: FOTOS/FOTO-CARD: Sonia Gonçalves Manoel Ferreira Neto: PROSA ***

 


Post-Scriptum:

Saudoso e mui querido Amigo da História e das Artes, Antônio Carlos Fernandes(Wander Conceição), Toninho Fernandes, se hoje lesse esse texto para você, com efeito, lágrimas de sol seriam vertidas de seus olhos, tinhoso da esperança que sempre fora em vida, então é com espírito de uma saudade imensa de você, teço-lhe esta homenagem, com carinho e muita amizade.

Manoel Ferreira Neto

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Roubaram de mim o echo de vozes que ouvia em silêncio, sentindo em mim dentro os sons do sublime, ob-servando a linces imagens nítidas da liberdade, a lágrimas de sol as travessas à busca de consciência do que me fora roubado. Roubaram de mim o absoluto que me legava as dimensões da verdade, em cujos eidos re-colhia e a-colhia a visão nítida e trans-parente do vir-a-ser de conquistas, realizações e glórias. Roubaram de mim o eterno nos interstícios de que vislumbrava, con-templava a perfeição solene da vida, vida de felicidades e alegrias incólumes. Roubaram de mim o éden de prazeres, êxtases, onde refestelava-me à sombra de árvore frondosa, as águas cristalinas passando leves e serenas, con-templando maravilhoso panorama, a beleza em sua pureza e simplicidade.

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Roubaram de mim o verso que embelezava as letras com os sons silenciosos do espírito, com o sibilo solitário da alma, de cuja inspiração retirava o eidos das metáforas dos desejos e vontades, das esperanças e sonhos. Roubaram de mim a metafísica do ser, em cujo cerne dava asas à plen-itude da etern-idade, do perpétuo, deixando-me a leveza do ser.

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Roubaram de mim a palavra que seria a chave de todos os cofres secretos, e no lugar dela fora sentenciado a criar inúmeras, milhares para tripudiar este roubo que me custa o olho da cara, com elas abro outros cofres, mas o que precisava ser aberto não o será, só a palavra roubada abriria, abrirá. Mas esta ausência fizera com que criasse a algazarra de palavras, o silêncio que as habita é imenso, inestimável, e não é que nele estão os segredos secretos?!

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Vazio, tive de criar o verbo para eivar o desejo de buscas, mas arranquei de dentro o efêmero de todas as coisas, seus modos e tempos acontecem num átimo de segundo, e nasce o nada em cujo "érito" se localiza, habita o vir-a-ser do outro, se o outro se faz na continuidade dos efêmeros e nada, os efêmeros e nada se fazem na continuidade dialética do tempo e do verbo.

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Roubaram de mim a linguagem séria e digna, sem metáforas, metafísicas, de quem sou, segredos íntimos guardados nos cofres inconscientes, e assim tive de in-vestigar a critério e rigor o estilo com que delinear as idéias e pensamentos, conjugar com destreza e perspicácia os verbos, regenciá-los com excelência, e com ele hoje degusto aquele prazer e satisfação de quem prossegue desenhando a liberdade que constrói as alamedas do ser.

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Angústias, tristezas, naúseas, melancolias, nostalgias, saudades, passo a passo encontros e des-encontros, passo a passo medo e coragem, passo a passo inspiração e sentimento frígido, emoção impotente, passo a passo o amor e a ausência do espírito supremo da vida, passo a passo a con-tingência e a morte, passo a passo o tempo e o vento, passo a passo a dialética do efêmero e do nada.

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Roubaram de mim... Leguei-me, doei-me a duras penas o re-verso in-verso vazio da solidão que peregrina no deserto rumo à montanha de orquídeas e cáctus, sabendo de antemão às revezes que se a-nuncia e envela-se a cada vintém de léguas, mas a esperança do encontro cria a verdade do ser, o sonho do ser cria o verbo da conquista e glória, a fé cria o divino. Con-verti-me a fáceis tintas ao arranjo e melodia do nada que a-nuncia outras jornadas pelas veredas do ser, viagem sem fim, mas os portos são os nossos descansos e reflexões, observando as ondas do mar.

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Em verdade, em verdade, a vida são itinerários por alamedas, becos, estradas, caminhos da roça, terrenos baldios em direção ao nada que coloca nas mãos feitas concha a bússola de outras trilhas junto com a ampulheta em cujo interior passam os grãos de areia revelando a fin-itude do estar-no-mundo, do ser-com as coisas, objetos e homens.

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Tem dias que a gente se sente como quem encontrou o tesouro na caverna, o pote de ouro no fim do arco-íris, a eternidade no nada, e a gente pensa haver tornado nítida e trans-parente a luz no caminho de trevas, mas em verdade a gente eiva de cor-agem os verbos da esperança, de maresias, ondas, ressacas marítimas encantando a quimera de ver mais longe as águas que se unem às nuvens, à distância, de colocar a liberdade e o vazio em xeque, seguir o Bosque das Estrelas de sendas e veredas do mistério e iluminação, a estrada de poeiras e in-verdades do pó, por vezes orando nos templos de sonhos(consciência e sabedoria.)

#RIO DE JANEIRO(RJ), 08 DE OUTUBRO DE 2020, 12:08 a.m.#

 

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