#Ana Júlia Machado ESCRITORA POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA COMENTA E INTERPRETA O AFORISMO SATÍRICO Não Nasci para Habitar este Mundo# @@@

 

O escritor no seu texto “NÃO NASCI PARA HABITAR ESTE MUNDO” verbaliza que não é e jamais foi deste mundo, não compactua com desejos, pensamentos e hábitos de existência das criaturas com que fazem parte do mesmo. Não se vê a fazer parte de nenhum grupo, nenhuma nação. A exclusiva elucidação é ser provavelmente um alienígena.

Pretenderia poder sentir parte de algo, poder embutir-se, mas acha que isso jamais sucederá, meramente por uma questão de harmonia. Não enxerga onde é semelhante com as criaturas que o circundam, nem devaneios, nem prazeres, nem expectativas, não parece-se seja no que for..

Quando foi que os valores e as coisas que deveras interessam alteraram tanto e ele não enxergou? Por que hoje em dia a posição social e a dimensão de certas partes do corpo são mais relevantes do que o caráter e a cultura pessoal? Nada disso faz sentido para ele. Descobre que emanou na era desacertada.

@@@

Uma das poucas convicções que possui é de que nasceu no tempo errado, deveria ter nascido se calhar há algumas décadas, quando as criaturas interessavam-se de facto com as outras, onde tudo era mais despretensioso e verídico.

Às vezes, gosta de conceber que não habita na época moderna, que vive sim em um dos séculos transactos, onde as criaturas eram mais autênticas, menos vãs e falsas, onde as artes possuíam mais carácter e tudo tinha mais sentido, sentimento.

@@@

Sabe que aparenta ser trágic-seo, mas está majestosamente extenuado. Passou uma vida arriscando embeber –se em uma sociedade que não possui cabimento para ele, anexo de figuras que não possuem nenhuma postura de real valor. Arriscar embutir-se onde não avista-se enfada muito.

@@@

Terminantemente, se existe uma convicção em si é que ele nasceu no lugar ou tempo errado. Nasceu no planeta ou no ano incorreto, não é factível que somente ele não compactue com os prazeres e posturas das criaturas da hodiernidade.

Avalia-se tão afastado, tão desencaixado como encontrasse-se no local errado, na era errada, como se não percebesse o que as pessoas verbalizam, cogitam ou sentem. Na realidade, ele não compreende mesmo, e quiçá jamais compreenda!

Como refere no seu texto que sem a intelecção, Não se contempla o oposto

Cambaleando nos contrassensos do verso, A alucinação de perspectiva.

Nesta ambivalência exibe a contradição da vida & morte

Num só factor;

Subiu nas tamancas com os devaneios da realidade

Sugeridos na vigília do conhecimento;

Desenraizou montículos de pelos com a crença no reaparecimento

Reaparição, com a perpetuidade genuína no éden divino. Amimou o revés com a confiança na salvação,

Um escritor com um saber intelectual que em nada tem a ver com o da gente de hoje e que ele não revê. Somente o fútil é o que vale nos dias de hoje...

Realmente, não será somente este grande escritor e filósofo entre outros que não se revê neste mundo tão desgovernado e empestado com gente sem valores, igualmente não revejo-me. É um mundo injusto onde o iletrado e a crueldade é que está no pedestal...



Ana Júlia Machado

@@@

Com efeito, Aninha Júlia, não dá para haver relações com os homens hodiernos. Ficar longe deles é o que há de saudável, ganha-se tudo com o afastamento deles, chegou a um nível que se perde tudo só de olhá-los com o rabo dos olhos. Mas vamos seguindo a nossa trajetória, eu, você... Graça Fontis e Sonia Gonçalves inda possuem fortes características da sociabilidade, são sociáveis. Depois que resido numa Ilha, compreendi que os homens de hoje não fazem a menor falta, diferença.

De excelência a sua interpretação, querida, colocou todos os pontos nos meus "ii". Beijos nossos a você, nossa amada netinha Aninha Ricardo, nossa família.

Manoel Ferreira Neto

@@@

#NÃO NASCI PARA HABITAR ESTE MUNDO#

GRAÇA FONTIS: PINTURA

Manoel Ferreira Neto: AFORISMO SATÍRICO

$$$

Epígrafe:



Cavalgo o meu corcel mais selvagem, o que sempre “melhor me ajuda a montá-lo é o meu dardo: são o estribeiro sempre pronto para o meu pé, as esporas para lhe cutucar, incentivá-lo a correr mais rápido"

$$$

Sem a inteligência,

Não se vê o re-verso

Ziguezagueando nos contra-sensos do verso,

A ilusão de ótica

Do in-verso aberto às contra-luzes do silêncio e algazarra,

Sem a intuição, não se con-templa o in-verso,

Delineando os traços da imagem além das retinas e linces;

Não se olha de banda o avesso

Contracenando com o tempo na ampulheta de ponta-cabeça;

Sem a percepção,

Não se visualiza a contramão de vazios,

Antemão de carências, ausências,

A mão única de di-versos, a mão dupla de ad-versos

Símbolos, signos, metáforas da moral e virtudes,

Na rodovia, avenida da integração corvellana

De preceitos e princípios conservadores, preservação

Das estórias da carochinha, discriminações, farsas do poder,

Aparências de conhecimentos e cultura;

Sem a audição aguçada não se ouve as onze badaladas

Do sino da Igreja Matriz furando a cinza assombrada do dia,

As chaminés

Sem a sensibilidade, não se inspiram os verbos do sonho

Interditados nos recônditos do nada e do silêncio;

Sem os sentimentos, não se cria o belo

Que reside nas profundezas psíquicas e almáticas,

Apesar das moléstias e doenças crônicas que as habitam,

Sem o Amor não se constrói o Espírito do Ser,

Entrega, Cáritas;

Sem as emoções, não se artificia a estesia dos ideais

A projectarem luzes e perspectivas da compaixão,

Solidariedade entre etnias e raças, entre éticas e crendices;

Sem as dúvidas, não se vivem as lições da con-tingência,

Não se degusta o sabor da reflexão,

Não se desfrutam os desejos multíplices

Do Ser

E do

Espírito;

Sem as incertezas, a alma se exila nas grutas inóspitas e íngremes,

Dizendo a si mesma que a vida é maravilhosa por ser imprevisível,

O mundo é mágico, mas os rituais ensombram as visões do eterno;

Sem os questionamentos, a cintilância das utopias

Das verdades não foi concebida, gerada, dada a luz;

Sem as náuseas do absoluto, do divino,

A liberdade não se identifica, não se re-vela;

Sem as dialécticas da solidão e do medo, silêncio e cor-agem,

Nada há que consolide o pensamento e o mundo,

Sem as contravenções das leis e regras de condutas, posturas,

Obediência pia às etiquetas do servo,

Nada há que explicite fazer o destino,

Sem o nada, a vida é perfeita,

São puros os seus princípios, valores, virtudes,

Por que o Ser e não o Nada?;

Sem o desejo de sabedoria, a vontade de conhecimento, existir é arrastar-se na sarjeta..., muito embora arraste-se na lama das estradas quem professe a sabedoria, o conhecimento, é o digníssimo “nada obtuso” aos olhos do sistema e ideologias, ajuizado louco, desvairado, condenado à miséria e à míngua por toda a sua permanência na terra, sentado na porta da igreja com o pratinho em mão, esperando a compaixão de uma cédula ou moeda para a sobrevivência.

***

Mas o que são a inteligência, a intuição, a percepção, a sensibilidade,

Se os homens se enchafurdaram inteiros na miséria das Religiões, Ciências, Artes obtusas, Políticas avessas à Justiça?

Mas o que são os sentimentos, as emoções, se o coração não sente os Reflexos da espiritualidade que a-nunciam eles?

Mas o que são as dúvidas, incertezas, questionamentos, se não se Discerne o não-ser e o ser, a verdade e a in-verdade?

O que são as náuseas, nada,

Se as razões explicam absurdos e despautérios,

Se as culturas justificam as angústias, tristezas, desolações?

O que são o desejo de sabedoria, a vontade de conhecimento, se a Semente da vida são a alienação, ignorância?

***

Enfastiei-me das línguas modernas, em cujos interstícios habitam, residem, correm todos os discursos lentos, lerdos, verborréias e falácias em-si mesmadas;

Cansei-me das velhas línguas em que "o tempo funde-se na metafísica como cúmplice".

Enojei-me dos retrógrados pensamentos de o Ser se revelar na continuidade das imperfeições, sandices, despautérios, disparates, alienações;

Nauseei-me dos versos e estrofes de Amor que cantam,

Declamam, recitam carências,

Solidões, ausências, forclusions,

As paixões não podem subsistir desde que

Seja eliminado o objeto que as suscita,

Enfeitam-lhe com arrebiques e ornamentos de fantasias, quimeras, Ilusões, sorrelfas,

Ainda mais com aqueles que roubam das flores o néctar para sensibilizar as dores e sofrimentos por sua procura incessante

E nenhum resultado obtêm, zeros à esquerda per siempre;

Entediei-me dos ideais da felicidade, alegria, prazer,

Fundamentados e fundados nas in-vestigações

Medíocres da condição humana;

Exaustei-me de ouvir que a hipocrisia é própria

Das épocas, eras, tempos de fé robusta,

Quando, mesmo havendo a coação para exibir outra fé,

Não se abandona a fé que se tinha;

De sonhar que alguém se dis-põe a ser destino e inexorável,

Seriam o modo e o estilo de comigo vencer,

Da dureza que não quer cintilar, cortar e retalhar,

Seria como um dia comigo criar;

Estafei-me de culpas e arrependimentos por

Responder à categoria o não saber

O porquê dos caminhos tergiversados,

Por não haver compreendido veemente na juventude

Os primitivos imploram à relíquia, saúde e chuva,

Era o ensinamento de a água destruir e criar,

Nesta ambivalência mostra a antítese da vida & morte

Num só elemento;

Subi-me nas tamancas com os sonhos da verdade

Inspirados na insônia da gnose;

Arranquei tufos de cabelo com a fé na ressurreição

- Ressurreição, com a eternidade pura no paraíso celestial;

Cofiei o bigode com a esperança na redenção,

Se o que a fundamenta são os dogmas do bem e do mal;

Proscrevi o mundo, a terra com a hipocrisia, falsidade, farsa,

Condutas de má-fé, algemas e correntes aos princípios, dogmas, Preceitos e leis da sociedade, dos sistemas políticos,

Sociais, individuais, familiares;

Larguei mão de pensar se o “zero à esquerda” não fosse olhado,

Visto de esguelha pela belinda do olho direito,

A atitude de excelência é ver o zero zerado,

E não pensar o pensamento que o pensa,

Nada há nele que a-nuncie qualquer valor.

***

Cavalgo o meu corcel mais selvagem, o que sempre “melhor me ajuda a montá-lo é o meu dardo: é o estribeiro sempre pronto para o meu pé, as esporas para lhe cutucar, inventivar-lhe a correr mais rápido. "



#RIO DE JANEIRO(RJ), 25 DE SETEMBRO DE 2020, 04:51 a.m.#

 


Comentários