A ARTE É UM SONHO ACORDADO# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: FILOSOFIA ***

Se o nosso espírito se torna mais perceptivo, logo a beleza, a harmonia e a força podem agir sobre ele de maneira soberana e benfazeja, agir utilmente, infundir-lhe energia, eivar-lhe as dimensões sensíveis, acender o fogo; ela pode emprestar-nos forças, cor-agem. Quando se é forte, ama-se a força, e quem crê é forte.

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Em meio aos tormentos da vida e da criação, há determinados momentos, não diria de desespero, tremor e temores, mas de infinita melancolia, de arrependimento, hesitação, inquietude, dúvida, ao mesmo tempo que de ternura e cáritas para com os destinos magnificamente realizados da humanidade passada.

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O ideal da beleza, da norma, não pode perecer numa sociedade sã. O belo é o que é normal e são. O belo é útil porque é belo, porque a humanidade sente perpétua necessidade do que é belo e sublime, satisfaz-lhe os prazeres mais recônditos. Um povo que conservou seu ideal de beleza é um povo que quer permanecer sadio e normal, o que constitui, para si, a melhor garantia de evolução e progresso, corpo e mente saudáveis. O homem, tomado em particular não pode pressentir inteiramente o ideal eterno comum a todos, ainda que se trate de Shakespeare; não pode, portanto, impor à arte processos nem intentos.

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Liberdade moral, liberdade estética e liberdade ética só se fundamentam graças à proximidade da dor e do sofrimento, a sua consciência-de-vida, da cruz que a cada um de nós foi dada para carregar. O homem, se for virtuoso, não experimentará certamente alegria de viver se, em cada uma de suas ações, não tem consciência de sua retidão, por mais favorável que seja para ele a sorte no que se refere ao valor de sua existência.

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A arte é um sonho acordado ao qual nos rendemos voluntariamente. Esta mesma concepção romântica deixou sua marca sobre os sistemas metafísicos contemporâneos. Bergson apresentou uma teoria da beleza que pretendia ser a prova derradeira e mais conclusiva dos seus princípios metafísicos gerais. Segundo ele, não existe melhor ilustração do dualismo fundamental, da incompatibilidade entre intuição e razão do que a obra de arte.

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A dimensão estética representa anseios profundos do Ser, e faz parte dele, cria os sonhos e a arte como um espaço compensatório. O sonho é a arte do indivíduo, a arte é o sonho da sociedade: revelam as estruturas secretas e as possibilidades do homem e do seu mundo.

#RIO DE JANEIRO(RJ), 18 DE OUTUBRO DE 2020, 10:20 a.m.#