CARTINHA DE AMIZADE E CARINHO, QUERIDO Wander Conceição Graça Fontis: FOTO ***

 


De início, primeira linha, quanta saudade nestes seis anos, desde a minha saída de Diamantina, lembrando-me de você e nosso saudoso e tão amado Toninho Fernandes, nossas "aprontações intelectuais", lançamentos de livros, discussões intelectuais nos botequins, na residência de Toninho, entrevistas na televisão, deixamos nós quatro, Ivo Pereira, músico e poeta, ele, você, eu deixamos Diamantina com as antenas ligadas, vocês até que eram diplomatas, embora as críticas contundentes, eu, ao contrário, irreverente, polêmico, bati de frente com a sociedade. O Pernóstico dizendo a Toninho que não entendia o que eu escrevia, e Toninho respondendo: "Para entender Manoel é preciso saber de onde ele vem... E você não sabe", querendo ele dizer sobre a minha cultura filosófica, literária adquirida. Pensei até que não nos encontraríamos mais, deixei o tempo tratar da questão, chegaria a hora. Quanta saudade de você! Quando surgir oportunidade de vir ao Rio de Janeiro, avise-me, ficará hospedado aqui na minha residência, na Ilha de Itaoca. Aí vamos varar dia e noite lembrando-nos dos velhos tempos. Fica de antemão o convite.

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Retrospectiva. 25 de janeiro de 2003, Lançamento de Mezza Notte, no Mercado Velho de Diamantina. Fui por vocês convidado para ser o Mestre Cerimônia. O Discurso escrito. A praça do Mercado entupigaitada de pessoas. Abri o Evento com CAMINHO DE LUZ NAS TREVAS. Caso estivessem presentes quinhentas pessoas, 90 por cento queriam apertar-me o pescoço, pelas verdades no interdito do discurso que deram luz à obra. Leandro Costa dizendo a não sei quem, tive notícia fidedigna dele dizendo: "Temos agora um escritor filósofo", dando sua risada cínica. No mesmo ano, 23 de setembro de 2003, lançamento de Alteridade do Outro em Sartre, que não tinha este título, sim UM OLHO MANDA O OUTRO À MERDA, a Igreja a serviço da sociedade tradicional e conservadora cobrou de mim, tendo de mudá-lo, estava lecionando Redação no Seminário Arquidiocesano Sagrado Coração de Jesus para o quarto período de Filosofia. No dia do Lançamento, você presidiu. Senti que você estava um pouco nervoso no momento do discurso, Toninho não estava presente, estava em reunião, você queria mostrar todos os sentimentos dele, lendo o que escrevera, e também os seus, não apenas o em-si do Discurso. O Pernóstico apareceu de "penetra", comprou o livro, pediu tirássemos foto juntos, neguei-me, por interferência de Marize, abri mão. E o salaud ainda escreveu na Voz de Diamantina artigo denegrindo a minha imagem. Perto de qualquer um de nós, ele era ipsis litteris um Mané intelectualmente.

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Inda bem que você, Wander, é pesquisador de História, não me deixa mentir sobre o que estou dizendo, o acontecido mesmo. Aliás, desde que nos conhecemos a lealdade e fidelidade sempre imperaram. Faz-se História com a verdade das situações, circunstâncias, faz-se História com a intenção da Justiça, faz-se História com a Consciência-Ética. Demo-nos as mãos na caminhada. Aliás, vocês é que foram meus mestres no caminhos da História, com vocês é que aprendi lições inestimáveis, antes de vocês somente a Literatura e Filosofia. Admirava-me o método de vocês na confecção de seus dois livros publicados. Toninho, professor, gerente do INSS, não tinha tempo de pesquisar, você pesquisava, você não era Assistente, mister frisar isto, era o Re-presentante da sua jornada de buscar a Verdade. Você não é graduado em História, sim em Letras. Reuniam-se e escreviam juntos as questões, e só depois Toninho realizava o seu último Copy-Desk. Nunca estive com vocês neste momento de escrever as pesquisas. Imaginava como seria, entre vocês sempre a harmonia das idéias, das intenções, das responsabilidades e compromissos, REPRESENTANTES DA HISTÓRIA DE DIAMANTINA.

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Wander, o que precisar de mim nos seus caminhos da História, da Música, das Letras, pode contar comigo, só avisar de que precisa. Vamos seguir a nossa Jornada juntos, sempre com Toninho Fernandes no Coração. Faço História com vocês, não faço História com Diamantina, que isto fique bem claro e evidente.

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Não vou tratar do último livro de vocês, está publicado o meu Discurso Póstumo da Obra, no Auditório da Faculdade de Odontologia de Diamantina, isto porque estou emocionado demais, falar da morte de Toninho não é fácil para mim.

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Sinceramente, verto lágrimas agora de saudades de nossos "Old times". Abraços nossos, meu querido Amigo.



#RIO DE JANEIRO(RJ), 05 DE OUTUBRO DE 2020, 14:04

 


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