#SOM DO TEMPO# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA



Na relva dos oásis,
o silêncio do "sou",
de quem "sou",
me faz repousar,
dirige-me às águas do repouso,
no repouso me faz delirar...
no deserto das ilusões ópticas,
sorver, do seu bordo e fronteiras irreais,
inimagináveis, doce vinho,
de repente tudo é claro de cores,
colorindo vazios, nonadas e nadas
de tons invisíveis aos linces do olhar,
tudo é evidência de sons sonematizando
as sonéticas de ritmos, melodias:
súbito brilham histórias e ornatos,
Lendas e ornamentos,
Mitos e cenários,
Místicas paisagens do além-mar,
Sente-se um presságio neste esplendor nobre,
O bálsamo de amor longo tempo guardado,
Sorrindo discreto e sábio, insolente e sabedor,
Como que lamentando o insensato,
Como que ressentindo o nonsense
Se lhes conceder
Encher, de outro néctar,
Ardente voo do meu espírito.
@@@
O ser é,
alternativamente,
condensação que se dispersa explodindo
e dispersão que retorna até um centro.
Um mundo imenso ainda me escuta,
mas não existo mais,
não sou o nada que me pensa pensando,
transformado só e unicamente em um ruído,
que vai rolar séculos ainda,
mas destinado a apagar-se completamente,
como se nunca houvesse existido.
Sin-fonia uni-versal valsada
ao som do tempo
exalando o dócil perfume do marco zero
das ilusões e idílios,
preâmbulos do há-de ser do perene
ritmado na lenda da quimera
de outros infinitivos...
no "causo" da fantasia enamorada das utopias,
seduzida de outros partícipios, gerúndios,
genitivos, de declinações inéditas,
Nos auspícios da colina, não se ouve, ali nos
frondes, mais
que um ventinho ameno.
Nem há no Bosque das Estrelas trino.
Aguarda:
tampouco tarda
o descanso.
Alguém revele-me ao som do pulsar do coração
a janela à qual verei, vislumbrarei, contemplarei
a bela paisagem do mar se aproximando pelo
espelho do automóvel,
cujo fogo me refresque
e a rota em que, a caminho dela ou regressando,
hei sempre de perder horas preciosas!
Senão as Estrelas do Bosque aluminando as vias,
Indicando as vias dos sentimentos, emoções, mundo
Sigo-lhes a cintilância em frente, quase parando,
sentindo-lhes íntimo...
#RIO DE JANEIRO, 10 DE MARÇO DE 2020#

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