#DESORVALHO O RE-VERSO LADO DA LUZ# GRAÇA FONTIS: FOTO(PRAIA DA LUZ - ILHA DE ITAOCA) Manoel Ferreira Neto: POEMA



Viajo no tempo que voa nas ansas da imaginação.
No momento presente,
sei o que foi,
o que era,
o que vai ser,
o que será.
Só não descubro o artifício que me contorce nesse
ponto/uni-verso onde me encontro passageiro
das quimeras, sonhos, fantasias, utopias.
O próprio ser que me con-figura sangra ferido:
“viro longe no mundo, piso nos espaços,
faço todas as estradas
vou para onde tenha sol
#o sol dissolve a solidão#
sensação de 50 graus de calor”.
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Num passo de magia a terra vira,
torna-se vida nas mãos
de lira das linhas e espírito eternos.
Restaram-me equívocas pétalas das palavras,
diariamente nascentes, para o nada obliterante
do não-visível.
O tempo se faz devagar,
tateando símbolos.
"Às vezes, no alto mar, distrai-se a marinhagem
Na caça do albatroz, ave enorme e voraz,
Que segue pelo azul a embarcação em viagem,
Num vôo triunfal, numa carreira audaz."
Roucos ruídos,
sugerindo amor às linhas
eternas do espírito e das páginas
de sonhos e quimeras,
penetram, adentram meu silêncio.
E a flor de meus sonhos de ser
segue transcolorindo a tela
vácua do horizonte,
sem saber que ingratos olhos
distorcidos na distância
são labaredas extintas,
avesso riso,
in-verso amor nas versificadas
sedes de encontro e vida,
metrificadas fomes de liberdade e ressurreição,
ritmadas ilusões de con-templar o ser
à luz do verbo,
in-versa distância
nos des-lustres de ausência:
(in)afeição que crio e nela própria
des-orvalho o re-verso lado da luz.
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Resplendor de uma face,
sempre outra depois do amor,
outra depois de um carinho,
outra depois de um abraço,
outra depois de um reconhecimento,
outra depois do sono, do sonho,
outra depois do amanhecer,
outra no crepúsculo, traços,
desejos, vontades, falácias, perspicácias
num jogo diário de perspectivas, perfis.
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Desfile de olhos, brilhos no semblante,
trejeitos,
sombras e batons,
cremes,
exercícios de imagem para o lince
da con-templação do outro,
para a vertigem sem re-torno de
quem vê,
des-cobre a beleza,
sente-a no mais íntimo de si,
de quem enxerga,
re-colhe o sentimento de pureza,
vive-o com prazer e êxtase.
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Caminho nos pensamentos,
esbarrando-me remotos dias.
ombreando verdades quotidianas.
Reagrupo-me às sombras;
retrilho uma cena qualquer,
viajo nos detalhes dos trajes,
cores,
conversas,
a eternidade das mãos troteando o corpo...
Ilha de degredo atroz, exílio funéreo,
Para onde vai, fatigada do sonho,
Exausta das quimeras, utopias
Alma que se abismou no mistério.
incognoscível/cognoscível,
Desvairado, rendo-me à ficção da noite,
perdida no irreversível.
Enlouquecido,
remedio-me das mentiras
da escuridão à luz dos postes.
Disperso, rendo-me à realidade da aurora
nas entranhas de uni-versos
a serem construídos.
Veredas...
Fogo de bala,
travessia,
curiangos,
cobras-d´água,
aves pretas,
flor de pau,
cascalho solto,
faísca de ferradura.
A noite é só tocaia,
um descuido é perdição,
cachorro late mordendo,
cobra dá bote e esconde,
burro coiceia e refuga:
“Viver é muito perigoso”.
Grito,
perdido na morte,
doce riso,
amargo fim,
viver é pré-liminar à cova.
Passo curto, passo certo:
Travessia.
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O que me pergunto é:
quem em mim é que está fora do eterno prisioneiro das
linhas?
quem em mim é que está fora até de pensar?
A ressonância da pá-lavra per-corre soberana,
con-tornando muros e montanhas,
escoando em ondas, nas orlas marítimas.
Risco, arranho, demulo,
penetrando alvos.
Sei que nada me é pertencente
Além das livres idéias, ideais
À mercê da floração espontânea,
Que da alma me quer brotar,
E cada inestimável instante
Que um destino bem-querente
A fundo consente-me gozar.
@@@
No miolo da noite,
outra noite acontece,
e o que era transluzente,
aos poucos escurece
como ondas nebulosas,
sufocando,
envenenando,
roubando o nascer do dia,
o re-nascer de outras palavras,
horizontes e uni-versos.
Meu passo é ponto,
meu corpo,
fonte.
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Em que estrela aportará meu sonho?
#RIO DE JANEIRO, 11 DE FEVEREIRO DE 2020#

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