#EM ESSÊNCIA IMPERSCRUTADO# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA



A penas, idílios e devaneios
Performam desencantos dimensionais,
Deixados ao léu do tempo,
Pervagando os sítios inconscientes
De vozes veladas introduzindo o caos
Da magia libertada, liberada da mentira
De acender as carências nos sonhos
Povoados de ausências de símbolos, signos
A verdadeira imagem dos pretéritos
Perpassa veloz a visão no instante
De seu re-conhecimento,
Quanto mais esquecido de si mesmo
Está quem ausculta os sons do incognosível,
Ritmos do inaudivel,
Melodia do indizível,
Tanto mais fundo se grava nele
O incognoscível auscultado,
O dia surge, o mundo se re-compõe,
A natureza mostra os frutos do sono da noite,
Realçando o ser que neles se encontra,
Atribuindo este alguma coisa
De suas próprias individualidades,
Desvario, dispersão,
Soma de luzes, cores, volumes, superfícies
Os instantes fugazes - para onde é que voaram,
Em que espaço esvoaçam-se?
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O mundo sublime - como escapa aos sentidos!
Assim celebra-se o destino do homem,
Se ele a pensar, cogitar alçançar na continuidade dos tempos
As perguntas que o tempo gera mais perguntas,
Menos respostas,
Para sempre terá em mãos
As recompensas dos deuses,
As horas todas de ideais, utopias, quimeras,
A ventura dobrada,
Em sono adorável respira,
O hálito o peito acende à raiz, à semente,
Pulsa e deseja pulsar, mais que ontem, mais que hoje,
Mais que amanhã,
Para entregar-se, doar-se não só de corpo e cabeça,
Também de sensibilidade e espírito,
Por vontade própria, íntima, individual
De meiga e terna gratidão
Pelas cores aos montes que iluminam o regaço.
@@@
Perquirir é profundo,
Sentir n´alma o preço divino
Dos sons, das lágrimas,
Ser o próprio caminho, ser o próprio destino,
Os segredos sarapalhados no tempo,
Um deles ser quem diz a si,
De modo que ao que nele habita
E teça e exista a sua força
E o seu gênio rebelde inda assista
À areia da ampulheta descendo
Na continuidade dos segundos e minutos,
Fazendo pisar com gentileza as uvas escolhidas a dedo,
Ele mesmo presidir ao fermentar secreto:
Bebida assim não há desvelo que lha dê,
Ascende as chamas das esperanças
Afagadas nos faunos mais velhos e sagazes,
Na imensidão do paraíso
Onde a eternidade começa,
Estende-se aeternuum,
Onde o perpétuo tece o crochet do ad-vir,
A eternidade é feita de outras luzes e trevas,
Iluminando as sendas do silêncio,
Em nome daquele que toda a fé formou,
Em nome daquele que,
Inú
meras vezes nomeado,
Ficou sempre,
Em essência,
Imperscrutado!


#RIO DE JANEIRO, 10 DE MARÇO DE 2020#


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