O OUTRO LADO DE VERBOS APAGADOS# GRAÇA FONTIS: PINTURA(AQUARELA) Manoel Ferreira Neto: POEMA METAESTÉTICO



Ou
as estrelas cintilando no céu,
iluminando os becos e
inspirando boêmios,
andarilhos,
poetas aos devaneios poéticos
ou a noite sem lua, sem estrelas,
a terra nas brumas,
fazendo as criaturas refletirem sobre os traumas,
conflitos, dores e sofrimentos,
despautérios e mazelas,
insones madrugada a fora,
mas no alvorecer o des-abrochar
das flores que são paliativos
para as fugas... ...e medos.
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Ou sentir o gosto saboroso
do néctar dos deuses com pedrinhas de gelo,
com
direito
a todos os devaneios,
palavrinhas escritas no diário,
à moda dos adolescentes
que conheceram
a primeira paixãozinha
ou
a manguaça de botequim,
descendo a garganta queimando,
o estômago re-clamando,
ademais sabendo... ...que a vida será mui breve,
vítima de cirrose,
de outras doenças,
neuroses,
escândalos
e violências despropositados.
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Ou
todos os verbos rasgados
euforicamente
contra si mesmo
devido às canalhices,
viperinidades.... ...ausência de amor,
solidariedade,
fraternidade,
compaixão
ou todas
as rasgações de seda
a favor por seriedade,
sinceridade, honestidade
aos princípios da vida
que são sempre
o encontro com o ser.
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Ou a sombra nas calçadas,
amenizando os raios
de sol que fazem suar,
dão tonteiras,
causam enfartos,
derrames cerebrais,
ou
o sol de rachar,
cozinhar os miolos.
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Ou
a felicidade efêmera,
aos poucochitos... às cavalitas,
que abre outras
possibilidades
para outras conquistas... ...e realizações
ou
a felicidade eterna
que causa tédio,
...angústia...
alfim
os homens
não conseguem con-viver com ela.
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Ou
as sinas,
as sagas,
as desgraças... ...as tragédias que são húmus
para re-pensar, meditar,
re-fletir os mistérios
que elas envolvem
ou
a ec-sistência de nada,
de vazios, de náuseas,
con-sentindo
enigmas.
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Ou
ser
poeta de versos... ...e estrofes sensíveis,
neles a presença
da espiritualidade fundamentada de fé,
sonho... ...esperanças,
das linguísticas do pleno,
semânticas do in-finito...
...e do eterno...
sintagmas das con-tingências
ou
não escrever única linha porque não é a verdade
que habita
inter-ditos da alma.
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Ou
sentir que quanto mais se anda
mais estradas se re-velam à frente,
com a-clives,
de-clives, curvas,
abismos, chapadões
ou estagnar numa vendinha à beira,
jogando cartas,
bebendo,
pois que não cansa tanto,
não dá aquela sensação de que
não há término delas.
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Ou
verter as mais pujantes lágrimas
devido aos fracassos,
frustrações,
que são as luzes que iluminam a cor-agem
e a determinação para o desejo
da superação... ...e suprassunção
ou rir
às bandeiras soltas
devido... às mequetrefias,
tramóias, trambiques,
iniquidades,
obtusidades.
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Ou
o vazio
que re-colhe e a-colhe o múltiplo,
aí a vida
...resplende-se de outras
luzes, horizontes,
uni-versos,
ou a náusea contínua do mundo,
da ec-sistência, ...da vida,
que levam,
não restarem dúvidas,
aos sete palmos debaixo da terra.
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Ou
enfrentar os dilemas,
contradicções, dialécticas da vida,
peito aberto,
de cabeça erguida
...ou entregar-se
aos dogmas e preceitos das religiões,
das seitas religiosas
que tripudiam
com as ideologias....
e interesses escusos
...como sendo as verdades
que levarão ao encontro de Deus,
do Paraíso Celestial.
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Ou
o nada
que abre os leques da liberdade
em todas as dimensões,
em todos os níveis,
faz o destino,
o "eu histórico",
"eu poético".../"eu filosófico",
ou o tudo
que fecha todas as janelas,
porteiras..., ...cancelas..., ...portas para as verdades...
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Prefiro
prosseguir
a estrada
sempre
com os olhos fixos
- a forma
de andar...
esconde, guarda
segredos... ...mistérios
da estética dos passos -
na Colina dos Insurrectos,
onde
cumpre artificiar
idéias, ideais
versos-unos
da
Humanidade do Ser,
onde
há sempre a visão
do outro lado
da meia-noite...
... que acabo de...
...pres-ent-ificá-la,
em mim...
...pres-en-ciá-la...
#RIO DE JANEIRO, 10 DE MARÇO DE 2020@

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