@SINGELEZA NA SEDUÇÃO E CONQUISTA@ GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA



O céu, de um azul profundo,
está manchado aqui e ali
por nuvens de um escuro
acinzentado mais profundo
que o azul fundamental de
cobalto intenso e por
outras nuvens, ainda que menores,
de um azul mais claro como a brancura
de fraldinhas cheirosas de criança,
a brancura azulada das vias lácteas.
No fundo azul cintilam estrelas claras,
esverdeadas, amarelas, brancas, rosas
guarnecidas de ouro e de riso,
de diamantes e pedras preciosas ou talvez
mais como as nossas pedras preciosas,
opalas, esmeraldas, safiras.
@@@
As imagens sucedem-se a um ritmo extraordinário,
rigor voluntário no sentido de ir unindo-as,
sem deixar perder uma característica muito singular,
a sua singeleza na sedução e na conquista,
a simplicidade de formas não destoa
de harmonias discretas e requintadas.
O teto que descansa
Nas colunas, a sala,
O quarto luminoso,
E a estátua de bronze
Do Professor de Física Quântica,
No Jardim da Igreja a olhar-me,
Os mármores zelosos
@@@
O que mais assusta nisto de contemplar
todas as situações e circunstâncias da vida,
recriá-las, tornando-as atitude e generosidade,
contudo dizer somente de “doces” e “chocolates”
não fazem o estilo de alguém que busca
e trabalha sua realidade no sentido de atingir a Vida,
e não somente o sentido dela.
Conheceis vós a montanha e a vereda de bruma, A alimária que busca a enevoada senda,
Veredas de garoa gélida caindo na cabeça? Nas grutas ainda vive o dragão da legenda, A rocha cai em ponta
E à roda a onda espuma tocando o espaço
De areia, Conheceis a montanha, oh vós?
@@@
A pura hipocrisia é uma boneca
que se afaga todos os dias, sim,
e ninguém pode negar esta sua dimensão,
pois que assim perde a poesia de seguir
uma alameda tranqüilo e sereno com as atitudes.
@@@
Ruminando ouro e riso, construo com as mãos,
Mãos nada vazias de desejos, quimeras,
são elas o objeto do intelecto,
a vida que desejo viver.
Pó de ondas de névoa Desce à rocha lisa, E acolhido de manso Vai, tudo velando, Em baixo murmúrio,
Em silencioso sussurro,
Em solitário cochicho, Lá para as profundas.
@@@
Dir-se-ia que agora há em tudo ouro velho,
Bronze, cobre, e isto com o azul acinzentado,
Excessivamente harmonioso, com tons de reflexos.
@riodejaneiro, 11 de março de 2020@

Comentários