**NO TRANSCURSO BUCÓLICO DA SENSIBILIDADE, A VERSATILIDADE E DEVANEIOS SUBVERTEM-SE NA SOLIDAO** - TÍTULO E PINTURA: Graça Fontis/PROSA ELEGÍACA: Manoel Ferreira Neto


Não ser esta sua canção - quisera sabê-la; ritmo e melodia pres-{ent}-ificando o que fora verdade, o que foram utopias de outros uni-versais de querenças e travessias, de outras uni-versalidades do eterno e in-finito, executados nos éritos do tempo, sensibilizadas nos instantes-limites, liberdade e prazer, velha radiola.
"Woman from Tokyo", Deep Purple de tantos êxtases. Assobio-a.
Esta canção de hoje, aqui e agora, são performances de um baile, baile de um tempo que res-plandeceu de buscas e glórias, a roda-viva da in-fin-itude continua girando, o sonho alça outros vôos. Neblina, chuvinha miúda, garoa perpassando instantes e momentos, os raios do sol a-nunciando numinarem outros versos uni-versais, outras uni-versalidades poéticas, cintilâncias das estrelas re-velando incidirem outros brilhos de esperanças da arte imitando a vida, da vida imitando e re-presentando a arte.
Sonhos dentro de outros sonhos, dentro de outros de uni-versalidades que componham a lírica poética do amanhã nas asas do vir-a-ser, paulicéia de águias sobrevoando florestas, abismos, mares à busca da plen-itude, sentimentos e emoções que se re-criam, re-fazem, re-nascem, espírito e alma que se concebem noutras miríades de luzes a res-plandecerem nas ribaltas do perpétuo.
Será que foram vaidades estranhas, ridículas, venenosas, o que sentira no que tange às verdades que o tempo realiza a partir dos passos nas circunstâncias, situações, experiências, ou foram ingenuidades, inocências que trago em mim dentro como pedra de toque para con-templar as coisas do mundo, re-colhendo-lhes visões-de-sabedorias que preenchem as lacunas das carências, , vazios da dúvida , das incertezas, e assim podendo revelar de mim outras dimensões da sensibilidade, subjetividade, o íntimo dos questionamentos, indagações sobre a duração da efemeridade, se acontece num átimo de segundo ou se deve cumprir algum protocolo de realizações antes de suprassumirem-se, se é no bojo do efêmero que o tempo se a-nuncia.
Não me é dado saber se foram vaidades, nem sei se diga que satisfazem imenso a vontade e o desejo da esplendorância, por mais in-vestigue os vestígios - embora a viciosidade do pleonasmo: investigar é con-templar os vestígios - por mais alguns já tenham sido sêmens para a consciência de que os segredos, enigmas, mistérios são luzes e numinâncias das buscas, querências das dádivas do saber que se aritificia na continuidade, no per-curso, de-curso dos desejos, volos, até a consumação dos tempos, até o mundo acabar, até a vida trans-literalizar-se. É-me dado saber, com inestimável sentimento de alegria e contência, ad-mirando-me ad infinituum, que vaidades são princípios de diá-logo com os sonhos, sentir-lhes profundamente, dar-lhes outros rumos e destinos, oferecer-lhes outras perspectivas para a viragem através dos símbolos, sígnos do eterno, metáfora da verdade, sin-estesia da beleza do belo, esquecendo-me e olvidando-me nas sinuosidades do deserto de encontros e de des-encontros, dia-logar com o ser-no-mundo ad perpetuum, porque dia-logar é abrir horizontes e universos para o in-audito, existirá de excelência outra coisa mais eivada de luzes que o in-audito? Não acredito que, por mais que em alguns instantes isto seja complexo e hermético.
Noite de neblina, de luzes, de capote longo, chapéu preto, sob o pulsar desvairado do coração deste uni-verso e horizonte sem limites, sem fronteiras, passos lentos, vou seguindo a calçada gauche da Avenida Paulista, transeuntes ombreiam-me, carros passam, o poeta solitário declama e recita seu poema ao léu das intempéries do quotidiano, ouço-lhe por alguns momentos, o artista das artes cênicas performa sua dramaturgia de idílios, quimeras, fantasias, amanhã o Teatral Municipal resplandecerá de luzes, o piano executando a música de outras genesis do uni-versal, saindo das salas de projeção, inda presentes na alma, no espírito, cenas de outras realidades, conversas baixas, falas de outros tempos, sorrelfas de outras utopias, neblina e luzes da arte do uni-versal compondo de ritmos e melodias o novo alvorecer.
Neblina embelezando, neblina concebendo outros passos adiante, neblina inspirando o porvir de outras paulicéias, ideais da arte, ideais da paz, ideais do amor, ideais cosmopolitanos do pleno, do ab-soluto, da verdade que outra não é senão a transcendência de valores, a busca sem limites, sem fronteiras do além.
A calçada gauche da Avenida Paulista plenifica-se inteira de horizontes, magia, esplendor, resplendor, universal-idades e uni-versais. Sigo em passos lentos, solitário. Que outra divina companheira senão a solidão?



(**RIO DE JANEIRO**, 26 DE JANEIRO, 2017)


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