Ana Júlia Machado ESCRITORA E POETISA INTERPRETA, ANALISA A ODE: /**NO PUJANTE EXERCÍCIO DA EXCENTRICIDADE - EXACERBAÇÃO DO PURISMO ERUDITO OU PERFEITA ERUDIÇÃO**/


Este texto do escritor Manoel Ferreira Neto fala-nos nas questões das crenças…mas em quem acreditar? Há um Deus? O ser humano quando depara-se com problemas graves, se até ali não acreditava em um deus, a partir daí começa a arranjar um deus ou algo em que amarrar-se…



Como costuma-se dizer, o ser entoa por dissemelhantes causas. Às vezes entoamos para expor nossa sensação, outras vezes para evocar atenção, ou ainda por genuína reprodução. Às vezes entoamos óbice à podridão ou a benefício de uma revolta, outras vezes por ofício. Na maior parte das ocasiões entoamos pela elementar e deliciosa alegria particular. Como verbaliza o adágio: quem canta seus males espanta.
Nosso instante da vida, que apelidamos de pós-modernidade, ainda que obre muita informação, é assinalado pela balofice da erudição. As criaturas estão satisfeitas com o escasso que conhecem, inclusivamente acerca de Divo. Nesta acepção, há muitos que se encaram cristãos porque percorrem basílicas, rezam ou decifram a Escritura. Mas o Demo também visita templos, palestra com Divo e entende a Escritura superior a qualquer douto. Quando alguém não consegue nem tão-pouco a ligeireza do conhecimento é porque não ausentou-se da profundeza da agnosia
Outro enorme estigma da pós-modernidade é a relativização do pleno. Não existe uma realidade diria o pós-moderno; ele, contudo, não entende que sua inerente expressão o sentenceia. É por isso que, para muitos, não é Divo quem existe, mas deus. Dessa forma, as criaturas concebem seus criadores fundamentados em suas práticas e apreciações individuais de moral.
Este é dos temas mais complicados de fundamentar. Cada um dos seres dança de acordo com seus interesses.



E como verbaliza o escritor Manoel, Douto e saber ascendem os escalões do espírito que desde a perpetuidade devaneia o Vão da Erudição.



Ana Júlia Machado



Só há algo a dizer, Aninha Júlia, com relação à esta interpretação e análise de minha Ode: obra-prima da interpretação e análise deste texto tão complexo e hermético! Muchas gracias, minha querida. Beijinhos nossos!



**NO PUJANTE EXERCÍCIO DA EXCENTRICIDADE - EXACERBAÇÃO DO PURISMO ERUDITO OU PERFEITA ERUDIÇÃO**
TÍTULO E PINTURA: Graça Fontis
ODE: Manoel Ferreira Neto



Do rebo o divo inegável, o divo indubitável, o divo in-obtuso, o divo in-oblíquo, credencia-se ou não em Divo, não há consenso, não há incontestes, porque não credenciar em Divo não habita, não reside, é postura de asno, é extravagância de pateta, de pernóstico, é despautério de Mané, é absurdo de parvo, mesmo que o divo seja o rebo no meio do trilho, no meio do trilho haver uma pedra, para que a expectativa de a pedra se deslocar, andar, no meio da via ou na sua orla se concretize, noutras falas, não há qualquer erudição sem um divo, na Pedra lascada o divo era o fendido da pedra, à luminosidade de incertezas e suspeitas, na Pedra Polida era o polido da pedra o divo incontestável e verídico. Com certeza que o Deus pode ser aquilo em que nós acreditamos para sobreviver, saborear o sabor da vivência por intermédio de con-tingências, para uns povos é o porco, para outros o Alá e assim sucessivamente.
Para São Tomás de Aquino: o poder supremo de Divo não se encontra em construir ações irrealizáveis, e sim capacidade de produzir todos os atos exequíveis. Para este sentido de Onipotência (Onipotência coerente, que sintetiza na aptidão de produzir todos os factos exequíveis), a elucidação de Tomás de Aquino é razoável para o ilogismo. Logo, há factos que Ele mesmo não consegue conceber, gerar, dar a luz, sem que com isso deixe sua onipotência, segundo o sentido dado pelo pensador. Conseguir-se-ia aludir outras competências impraticáveis para Divo: Divo não pode conceber alguém estático e acelerando ao mesmo tempo (mesmo físico). Divo não consegue conceber um disco e ser ao mesmo tempo um trilátero. Divo não consegue conceber alguém mais soberano que Ele (declarar que pode é o mesmo que asseverar que Ele não possui autoridade exalta e que alguém consegue ser transcendente a Ele). Divo não consegue conceber o ido apartar de ter havido. Já era, se ocorreu, não pode largar de haver ocorrido.
Descartes todavia emprega outra significação para Onipotência (Onipotência Incoerente), na qual Divo pode confeccionar até realidades absurdas, como um trilátero cilíndrico. Esta significação terminaria com todas as contradições arroladas à sua entidade. Essa acepção, contudo não é admitida pela generalidade dos filósofos e teologistas, por ser excessivamente simplista e evidentemente, absurda. Pois o Deus indiscutível é e será sempre um tema polêmico…..cada um vê o deus à sua maneira e de acordo com seus interesses.
Presentemente, de versos, verbos o evo se constrói. De quimeras, fantasias, sorrelfas, constituirão a sensibilidade, as dimensões sensíveis da alma e do espírito. Do período, o período de poemas declamará a pulcritude, recitará a plen-itude, declamará a etern-itude. Da perspetiva, a perspectiva de apetites associará a eloquência. O tempo é composto, quimera e poemas que se arruínam e disseminam fora do meu tempo, raciocínio enviesado sem exclusiva justeza de ser... O meu sopor penetrante é mediador para outro Universo, ocasiona da existência decesso, do bem-querer a malévola dita, e do âmago, inspiração infrutífera. Persigo em dianteira, mas sem querença, persigo igualmente sem rota.
Instâncias e estâncias das pers e pectivas dos mistérios, a ilusão de encontro da verdade, a quimera de o sentido da vida se elevar aos auspícios do brilho e esplendor do in-compreensível dos verbos pré-{s}-entes, das palavras vagando por ruas, alamedas, becos, à busca de sentidos outros da fé, con-templando por quês e quês viáveis, plausíveis, possíveis das esperanças.
Serenidades emudecendo emudecidos ocos; emudecidas serenidades, emudecendo o não-ser; emudecendo configuração nominativa e imutável das eloquências, tranquilidades silenciadas do veloz do tempo, sucedendo a cruzada dos transatos ao hodierno, caminhos conducentes à glória do ser, existindo o passadiço do atual ao acontecer, havendo a ponte parte do aqui-e-agora ao lá-quando-acontecer; surgir do perpétuo anestesiado de supremos; infinito das ventosidades do além cruzando as elocuções e quimeras, as averbações e fantasias, as erudições e os sonhos, concluindo as origens e quimeras, consertando as expectativas e apetites de poemas opostos inveses, de estâncias hostis, oblíquas, obtusas. Lances do jogo do inacreditável, Espíritos Santos do indecifrável, ilogismos da razão, razão trans-cendente do não-ser existindo o ser, do ser existindo o não-ser, inacreditáveis serenidades do espírito. Emudecida chama, não perceptível, tão mais devastadora, surdamente lavrando sob meus traços e passos hilários, sob meu semblante circunspecto, sob meu olhar rápido e implacável o que há de cômico, e chama a chama, disjecta membra, deixando ainda palpitantes e condenadas, no solo ardente, porções, miríades de minh´alma nunca antes nem nunca aferidas em sua nobreza.
Emudecendo emudecidas serenidades, números infindáveis de reminiscências divulgadas no escudete de futuros distantes, óticas de sensibilidades. Cá, além, em qualquer local, re-presentações passadas, eternizando momentos de dissabores, fotos d´éritos tornando imortais instantes de prazer, deleites transatos além alteando apetites instintivos de épocas idas nas ansas desprendidas e libertas do vir-a-ser, do chegar-a-ser, do afluir-a-ser, do futuro. Expectativas, quimeras, sinopses do ido e hodierno.
Na extensa via do tempo, o ser divulgará as extensões do perpétuo, as causas do fugaz... No tempo incessante das sendas, o não-ser expor-se-á incontínuo às luzências cristalinas, aos coriscos sagrados da aurora, às penumbras do lusco-fusco que sobrepujam o escurecer sem cintilas, sem lua, isolamento do sossego, sossego do isolamento, do sossego, o isolamento; do isolamento, o sossego.
Emudecidas serenidades emudecendo elocuções de recordações à contumácia do instintivo enigmático de origens aquém da babel, a babel é o início do universo, o universo é o início do babel, cá, além, em qualquer local.
No fugaz tempo dos começos, o vácuo antepunha as ópticas de ninharias do perene, começo do não-ser, semente do não-ser, no perpétuo tempo de origens, o não-ser antepunha os pontos de vista de passagens abaladas de cosmos, termo do supremo, baliza das origens, últimos perenes da crença no além, e ninguém creditava qualquer possibilidade de presenciar a última erudição, o último erudito, e a erudição e o erudito alçam voos por todos os confins do mundo.
Serenidades emudecidas, emudecendo no despovoado de meditações as constrições e inquietações, alumiando ao litoral de cogitações apetites e ficções do nentes-oco, ventre do concebimento, obra do aquém-além, do além-aquém de o ser não ser, do não-ser serem eleições e quiméricas do vácuo- nentes, físico da existência, lance do jogo de pesquisas, lugares amados do além- perpétuo, perpétuo-além, físico de bailado, bailado do físico, debate da alumiação, iluminação da dialética.
Em tempos verdadeiros de travessias de nonadas ao antes era o mistério, depois o desejo da luz, ao antes era o nada, depois a vontade de tudo ser, ao antes era o verbo, depois o verbo se tornou carne, ao antes da bonança, a tempestade, ao antes da tempestade, a bonança, roda-viva de sentidos, pá-lavras, cata-ventos de metáforas, signos, símbolos na lingüística das raízes imanentes e trans-cendentes do ser e do verbo, do verbo e verso.
Erudito e erudição sobem os degraus da alma que desde a eternidade sonha o Vale da Sabedoria.



(**RIO DE JANEIRO**, 23 DE JANEIRO DE 2017)


Comentários