**ESPÍRITO & ALMA PLANAM NUMA EXPEDIÇÃO MELÓDICA E FLUTUANTE FRONTEIRAS IMAGINÁVEIS À BUSCA DE LIBERTAÇÃO E PLENITUDE DE VERDADES** - TÍTULO E PINTURA: Graça Fontis/EPOPÉIA MINEIRA E CARIOCA: Manoel Ferreira Neto


No crepúsculo das imagens grávidas de outros amanhãs,
Desejar, na musicalidade do espírito, o itinerário do ser,
Na melodia da alma, a jornada das buscas da verdade, do pleno,
Ser o outro no ritmo de sofrimentos e dores,
Desesperanças e ausência de fé,
No enredo de situações e circunstâncias,
Construir a história de entregas e vontades,
Trilhar paisagens mineiras de imagens do pleno e sublime.



Em cima dos muros de Minas, veredas de enredos e ritmos,
Numinando, nos sonhos de plen-itude, a “imagem da emoção”,
Que brota na certeza de re-nascer caminhos de veros versos,
De re-novar veredas de efígies, sonetos absolutos do eterno,
Estrofes múltiplas de rimas interiores, veredas de musicalidade,
Cântico de pássaro trinado nas grimpas do flamboyant,
Canto de coruja esplendido por todos os sítios,
Ruas e estradas de contingências outras, esperanças de luzes,
Terrenos baldios e becos sem saída de ipseidades e facticidades,
Brilhando numa prosa-canção que se inspira
Nas gerais nascentes, “água pura”.
Germinam, nos interstícios da alma, uni-versos e sementes,
Nas fontes de águas límpidas e transparentes,
Perspectivas do belo e da beleza re-nascem esperanças de luzes,
Minas de gerais ímpetos de liberdade.



Na manhã de luzes e pré-núncios,
Saudar o místico momento da fresta
No horizonte imortal e divino da lua na noite calada,
Infinito do uni-verso numinado de “harmonia de cores”,
Sin-cronia de traços a pincelarem imagens geminadas,
Sin-fonia de imagens a resplandecerem
De beleza as sendas perdidas,
Harmonia de ângulos da visão, con-templados à luz do vir-a-ser,
Signos de esplendor e eterno nos liames do espírito,
Desde o sentir do sono, do êxtase desde o sonho ao sono,
Instante de sedução, brilho das estrelas e da lua,
“pedras sagradas”, cristais, diamantes e ouro
Que rimam palavras subtis com o éden de luzes e lilases,
Inspiradas na rede que balança nas gerais “utopias humanitárias”,
Humanismo do Ser.



“A sina de ser”, o destino de cont-ingenciar o quotidiano,
O elo de todas as coisas, flores são espetáculos da natureza,
Liberdades são cenas eivadas de ternura e carinho,
“instante de sedução”,
Querer brincar com estrelas, correr campos, velejar,
Beber a sede das ruas, queimar a luz do luar,
Lavrar o corpo no grito.



Signo de metáforas nascidas de vigília e palavras
A pincelarem imagens do imortal e divino
A preencherem os vazios da falta de ser,
“manque-d´être”, "mauvaise-foi",
Da ausência de alegria e prazeres,
Pedras sagradas, diamantes profanos
Que rimam palavras subtis, que ritmam dores
São sentimentos de luz inspirados
No brilho das estrelas e da lua mineiras.



Minas, a pá-lavra os prazeres de liberdade,
Os infinitos buscam magia de lendas, mitos, “causos”,
Mágicas verdades na trans-cendência da sensibilidade
A mineir-ice busca versos eternos de poetas,
Poetas-águias, poetas-condores, poetas-gaivotas
A mineir-idade tem sede de outras paisagens, panoramas,
Mergulha profundo nas nostalgias e melancolias do espírito,
Ofereça-as aos mineiros
Envaidecem-se, orgulham-se,
Vivem orgulhosamente a índole
O Grande Ser: Minas vislumbra e con-templa
As mágicas verdades e místicas divin-idades
De lenços brancos cheirando recordações
De ideais e utopias de Verdades,
Na pronúncia rouca da palavra
Que transcende os sentidos da simples contingência,
Da poeira mesquinha da realidade,
Da metafísica pomposa e solene das sedes de conhecimento,
Da ventania ontológica e antropológica do
Real apalhaçado de verdade
Da vida, do tempo e das maquiagens di-versas do instante
De medos, dúvidas, des-confianças.



Nas paredes de Minas, nostalgias e melancolias do espírito,
No corpo e espírito mineiros, ideais de liberdade, solidariedade,
A alma vislumbra e con-templa o uni-verso em movimento,
O tempo metamorfoseado em lenços brancos
Expira cheirando recordações, re-nasce exalando desejos
De magia, mitos, misticismos, causos,
Todo uni-verso, na pronúncia rouca da palavra,
Trilha paisagens mineiras.
“Existe uma tristeza imensa,
Nas ruas caladas de Minas...”
Gerais pensamentos trabalham no silêncio da grande noite,
Gerais ideais e projetos tecem com as linhas
Do "Devagar se chega lá" os sudários da etern-idade
Caminhos levam ao mesmo ponto e todo olhar mira
Com o mesmo encanto cada montanha,
Cada chapadão, cada pradaria,
Cada estrada de só poeira e buracos,
Em ec-sistir real mineiro em tal potência,
Em fábula, em conto-do-vigário, em mito, em misticismo,
Se transforma ao tentar em palavras esperanças e tesouros
Da história e da vida.
“Perto dos olhos,
Entre as montanhas...”
Emerjo entre os astros, doce e belo,
Irmanado ao absoluto dos instantes-limites,
Na dimensão trans-lúcida do halo divino de outros nós,
Com uma estrela branca-transparente aos pés e,
Ao lado, meia-lua acinzentada, a “esquina”
Entre as montanhas “do coração",
Trans-cendente na consonância e ressonância
À mercê e re-velia do tempo,
Originar perspectivas e estrofes de imagens e poesia,
Versos de sensações e sentimentos.



“O regato acorda cedo
As folhas descendo a ladeira”
Minas mina sonhos Gerais,
Nos tristes sorrisos de barrocas grades,
Galos e sinos misturados no ar.
Minas tem cheiro de melancolia e nostalgia,
Em Minas brotam as raízes da infinitude
Nas finitudes da liberdade e do tempo.



Esperanças trans-cendem algemas e correntes,
Pré-conceitos de raça e fé,
No silvestre das florestas,
Nas sendas perdidas das grotas, imensos abismos,
Chapadões, pastos,
Nas águas dos rios que se unem ao céu,
O destino é o infinito.



Minas metamorfoseada,
Aurora perdida nas montanhas niveladas,
Memórias cinzeladas em nuvens,
Minas, essa procura eterna, esse desejo imortal,
Essa terra perdida entre montes indizíveis, inauditos
Travessia real e cristalina...
A tarde tergi-versa-se pelas irregularidades
Das montanhas e colinas,
Extravia-se pelo céu sem nuvens no horizonte.
Espreito o frio do campo com a cara toda,
O sibilo vago de longe na tarde
Serena e suave,
Na alma, con-templo a maravilha, esplendor
Do mar aberto, pequenas e grandes ondas
Deslizando livres
A liberdade pres-ent-ifica-se nas águas
Desejos de liberdade e liberdade se comungam.



Sinto a angústia das Minas nas vozes dos povos oprimidos, no apito lúgubre das fábricas, nos vídeos das tevês, nas telas dos cinemas, na literatura de protesto, no teatro de arena, nas canções dos festivais, na implosão de todos os valores e virtudes, na inoperância das leis, nas homilias dos párocos, nas lições dos professores, na tristeza dos velhinhos sentados no banco da pracinha, no eterno “causo” de suas vidas e sonhos.
Quem sois vós, homens dentro de si? Quem sou? Fascinado, aqui fico longo tempo, ouvindo, deliciando-me com “as pedras sagradas” que “sustentam o pecado/da velha cidade”. Letras surgem e desaparecem na ansiedade da vigília, de poder estar a sós comigo mesmo, buscando, claro, numa esperança descrever esta jornada adentro ritmo, musicalidade, adentro versos e sons, adentro luzes que se acendem no íntimo, inspiradas na lírica mineira de um coração cheio de amor, ansioso pela entrega, na égloga carioca de amar livre de estar amando, comunhão de ideais e utopias, vidas-de-amor nas estradas das contingências, das conquistas e realizações... Avante!
Os olhos se movem em todas as direções, neste ambiente de uma espécie de cantina, a mente examina as pedrinhas redondas espalhadas em todas as direções da areia branca. Tudo é branco, as casas, a areia, o vinho, água de coco; até o ar, maresia, que se agita, é de uma substância clara e luminosa. Rostos maquiados lançam olhares solenes, enviados com antecedência, para a evidência de “fascínio e sedução”, para o amor que dilacera o coração, e “eu não sei porque tanta/Tristeza e paixão”, para o amor que abraça de paixão, carinho, as esperanças da etern-idade. Quiçá não imaginasse a tristeza conciliada à paixão. Sinto a paixão mais forte, mais presente, a paixão da vida, a paixão da liberdade, a paixão do amor...
Corcovado do silêncio!...



(**RIO DE JANEIRO**, 30 DE JANEIRO DE 2017)


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