//**NO IPSILON-ZEN QUALITATIVO/GENUÍNO, O YI-YANG GALGA ANALITICAMENTE COM SUBLIMIDADE O AQUÉM/ALÉM AMBÍGUOS E VERSÁTEIS METAFÍSICAS DO PRÓPRIO EU**// - TÍTULO E PINTURA: Graça Fontis/EPOPÉIA: Manoel Ferreira Neto/Ana Júlia Machado


Virá o momento que a travessia para o outro lado estará impedida, a ponte está partida, a estrada empoeirada e esburacada, a bifurcação não tem sentido algum, ambos os lados são os mesmos, não levam a lugar algum, retornar não soluciona, não existe presente algum que habite o pretérito. Vão-os anéis, ficam os dedos esquálidos. Vão-se as paixões, permanecem os verbos do sonho amar.
O próprio tempo é finito, já nasceu sem tempo, segue em frente, não pára.
Ainda que me curve diante do meu ser-tempo ou do meu ser-fim, meu sim,
dos outros “sim”, não se pode transferir para ninguém o fim do ser ou o ser do fim...
Não possuo o temor próprio de minha índole amável e alinhada, ao me achar em choque, animosidade com a sociedade e os indivíduos, e em toque com uma ocorrência que sobrepuja dos preceitos medíocres, nem resido, como ela, azafamado por me re-integrar na vida diária, por me comungar aos princípios quotidianos das diplomacias fáceis, das finesses simples, da pura educação.



"Ouça o trinado de pássaros, saudando o alvorecer, con-temple os primeiros raios de sol da manhã, ao longe o horizonte límpido, cristalino. Sinta os versos e estrofes de seu coração, compondo de sentimentos e emoções o soneto da vida eivado de êxtases. Não pergunte à manhã como será seu dia, não indague à noite se sonâmbulos e noctívagos estarão roçagando a solidão nas bordas dos manque-d´êtres, não indague dos raios de sol se iluminarão suas vontades de amor pleno. Se eu morrer antes de você, não pergunte a Deus o porquê de não termos realizado todos os nossos sonhos. Viva dessa ternura e carinho que sente profundos em seu ser logo ao abrir dos olhos após o sonho de sonos do uni-verso em luzes, do in-finito salpicado de brilhos da verdade.



[Uni-verso esplende de alhures esperanças a felicidade da verdade simbolizada por fé, evangelizada pelas utopias do verbo ser]"



Ensinamentos se metamorfoseavam em reminiscências, eram florires silváticos, eram agras viçosas, eram arcos-celestes que traçavam o páramo de colorações cintilantes, eram gurias adejando acima serranias, toda a resplandecência e mandinga do Universo, todo o enigma irrepreensível e deífico da natura.
Poemas eram centelhas de estado de espírito do resplendor, eram zunidos de ímpetos que escutava eu como se fosse que o autor produzia no momento, o autor em si mesmo estivesse ali, trova de querença, querença veemente, querença incendiada, eram espelhos desapertando no horto as bagatelas medidas do delubro, expelindo fragrância ebriática, eram sonidos de harpas, rabecas, mencionaras, como se fosse que o autor plagiasse a estética e uni-versalidade do estar-no-mundo, sendo que, em verdade, executa o ritmo e melodia da intertextualização da gnose e sensível. Examinava eu magnetizados vocábulos e carmes sendo idiomas de reflexos, ângulos, pigmentações, eram vontades que se apregoavam absolutas de existência, eram esperanças que revelavam beleza de verbos, ambicionava combinar com o oposto dos fios dos trechos perenes em que neles patenteada a sucessão do ser na época que é igualmente o ser.
Ampl-itudes...
Plen-itudes...
Deleita-se o vazio circun-vagando as nonadas furtivas que per-vagam de pectivas das travessias do tao-ser ao verbo tao as pers do horizonte divino; re-festela-se o nada deambulando por entre os vestígios do domus e do caos, festejando as in-verdades de que fora incólume partícipe, concebendo e iluminando as sendas do não-ser.
A reminiscência não memorizou as sentenças redigidas, ressalvou as representações nos seus intervalos que, ora, logo que des-adormeci, preteriam os assédios de meu ser em zénites fulgentes na escuridão, sem disseminar fervor. Largando-me claudicante, largando-me enfeitiçado com a inteligência de compreender vulnerabilidades que residem nas sentenças, idioma do sublime, idioma da excelência, idioma perene da prestidigitação.
Meu modo de agora, de instantânea dita, presenteia-me um deleite indomesticável como se apanhasse um escol de esquiva formosura, de obtusa singeleza, brotada em loco inconsolável, ao gosto da ventosidade. O sigilo, enquanto assim possa ser designado, retém-me num gênero de extasio, num isolamento entre os homens, num divórcio tão perfaço como o de um algar no meio da serrania. Fonemas e grafemas em perfeita con-sonância, sincronia e sin-tonia com a semântica pretendida pelo signo, com a estética intencionada pelas metáforas, pela metafísica.
Ah, se os versos me habitassem, se me fossem dados, comporia elegia bucólica, vou percorrendo estas linhas prosaicas, brincando à epopéia do vento, do tempo, são-me agonias inestimáveis, apesar de que há quem diga, jure por Deus, de pés e mãos juntos, ser isto "modéstia", intenção de mais endossos e aplausos. Quem se dignaria a acreditar?
O mundo me avalia esquivo, pérfido e adverso, errado, re-verso, in-verso, simulado, dissimulado, esconseado. O meu transcorrido, isolado e sombrio. O vindouro, uma melancolia tosca que incumbia delinear em formatos toldados. Ultrapasso o ádito da entrada, importando fé, canícula e júbilo. O instante travo converte-se, imediatamente, num instante bem-aventurado.
O universo imputa todo o seu progresso a sujeitos desventurados. Os ditosos limitaram-se dentro de modelos clássicos, regressivos, retrógrados. Possuo a intuição de que, daqui por defronte, a minha legação será cultivar sémenes de diferentes mastros, confeccionar vedações, e, quiçá mesmo no tempo propício, edificar uma morada para distinta gênese, e, numa locução, conciliar-me aos preceitos e às praxis pacatas da agremiação. Tempo de saber que alguns equívocos, enganos, erros caíram, a raiz da vida tornou-se mais forte, e os naufrágios não ceifaram a ligação subterrânea entre o dito e o inter-dito das utopias. Meu comedimento será mais pujante do que qualquer propensão titubeante da minha parte. Nesta hora tão repleta de receios e perplexidades, verifica-se o portento sem o qual toda existência humana é um vazio.
A graça, que converte tudo real, divino e estético, descai sobre mim.
O semblante hirto e extraordinariamente cã nega-se a azular nesse pervertedor ecuménico. A claridade converte-se cada vez mais descorada. É como se outra mãozada de trevas houvesse sido dispersas pela aragem. Hoje, o ar não é mais pardacento, contudo preto. Ainda há uma claridade excessiva na ventã, que, entrementes, não incumbirá ser vista como uma exaltação, esplendor ou reflexo; aliás, vocábulo algum por a que se intitula a claridade não dará, para a circunstância, senão essa intelecção ambígua de que existe uma ventana, esta inter-dicção dúbia de que os sibilos, silvos perpassam os espaços de entre montanhas.
Fronte à ventana, rasos amanhados e várzeas sinuosas; mais longínquas, as serranias escuras e enigmáticas, cultivadas nos dédalos. Além dessas, opacas, ainda, relevam-se distintas e mais para arredado, bem no elevado da perspectiva, perpetuamente estética e constantemente inconstante, sempre a brincar com a luminosidade como a jóia, eleva-se a cordilheira das névoas imperecíveis.
Devo, pois, continuamente arquitectar sendas inovadas, não interessa em que rédeas. Mas é provavelmente por esse motivo, justamente, que possuo por ocasiões anelo de escapulir pela tocante, exactamente porque consisto sentenciado a delinear um trilho e similarmente porque, por néscio que seja eu, interpreto por vezes que toda direcção transporta perpetuamente a alguma fracção, e que não é o trajecto que interessa, mas a apta circunstância de que ela me acarreta para um loco algum.
Temo a luminosidade demais albume: por isso me refugio de meu prazo, e do “dia” desse período. Nisto é como uma obscuridade: mais o resplendor se posta, superior permaneço. Quanto a minha “modéstia”, assim como aguento o sombrio, comporto similarmente uma certa sujeição, um certo ofuscamento: mais ainda, receio ser apoquentado pela faísca, retrocesso antes de o desfavor de um mastro solitário e desamparado, na qual toda trabuzana despeja seu pérfido aziúme.
Do inaudito, recolho os verbos da con-tingência, e do silêncio, os sonhos do eterno, e da solidão, as sorrelfas das esperanças - tirem-me as vestes do inaudito, inter-dictem-me! Verdade exposta? Enigma desfeito?
Início de questionar se esta indagação desnorteada da imaculabilidade, do excelso, da expurgação, não abala presentear, em veras, em alguma alvura funesta e enigmática, asfixiante. São hoje as locuções que aparentam desonrar uma inter-dicção. Equiparando esse transcorrido ao actual num padrão que me exonerasse de todos os equívocos, enganos, de todos os delitos perpetrados. Safando as decepções, consertando superstições e vitupérios, tornando a cultivar alacridades e amplas efectivações. Deslindo a imago da sanctificação e da resignação. Sim, de certo modo, o engenho sempre se assiste a si, a arte assiste a criatividade, criações, re-criações; desconheço quando assisti deveras uma Supereminência, e isto me enroupou de vaidade e júbilo. Especialmente lembro e não narro, e não me nego a negar de descrever.



"Não olhe as estrelas, o céu todo entupigaitado delas - se estivessem longínquas, não pudesse senti-las, não pudesse con-templá-las, não lhe dado sentir-lhes a cintilância. Ame a noite, o canto da coruja, a luz a iluminar sua alcova, a sua solidão. Sonhe versos a tocar-lhes o corpo com ternura, carinho, afago, extasie-se com eles. Fantasie beijos e abraços, entrega do prazer e gozo. As estrelas brilharão seu íntimo, alegrias serão seus tesouros, felicidade será seu destino.



[Horizonte res-landece de aléns/A glória do amor re-presentada por sonhos!]"



Ainda uma certa óptica de escárnio em que o desígnio instantâneo se emenda, em que o espírito e pressentimento se alteiam desde o próprio experimentar ao experimentar de mim, ao saborear-me, ao saborear os terrenos baldios da alma; para acrescentar e finalizar: pitadas de ácidos críticos nos comportamentos, pitis, ao degustar o sabor da veemência. De novel os indivíduos alteiam uma melodia de sensibilidades e sensações, galardoada de perpetuidade; de novel uma sémita ondulante de lágrimas subtérreas lhes omite a firmeza.
Avisto hoje eu a apoquentar-me com a calamidade de toda gente. Detenho que lacrimejar. Está aqui uma carência, sem uma causa corpórea em que nela consiga cuspir, coisa que se divisasse com os olhos, se tacteie. Um belzebu aleatório emerge de reentrantes tenebrosos, e, por todo o gabinete, a esfinge de uma silhueta, a Fênix de uma perspectiva, Prometeu e Sísifo, livres do castigo dos deuses por infringirem os princípios, campeiam ovelhas no vale dos insurrectos.
As entradas cerradas. Arrebito os olhos diante de mim tristemente, às vezes espiritualista, por ocasiões alienado, jamais deixando o poder sobre as in-exequíveis extensões, sempre imaginando elevados desígnios, e sempre anuindo para encerramentos mentecaptos e dissimulados. Na realidade, apenas o oco apara albergar o divisível. Sei bem que não serei personalidade – atribuo-me tudo, a principiar pelo oco que sulquei em mim e ao arrabalde, como o batoteiro desditoso que dissemina as ceifas acima da banca, com as costas da manojo, - em paridade da imensidade, em ambiente quente, os dedos se engrossam e o espírito se ultraja.
Escuto a trova retirada. É consumado de emudecimento ceifado de berros. Dentro da lapeira do mutismo, em sémen inflamada: a névoa do paivante tem alicerçado a minha fé.



(**RIO DE JANEIRO**, 28 DE JANEIRO DE 2017)


Comentários