CONECTIVAMENTE EXCENTRICIDADE ERRANTE APROFUNDA-SE NO ANTAGONISMO SONHOS/UTOPIAS - TÍTULO E PINTURA: Graça Fontis/CRÔNICA: Manoel Ferreira Neto


De despovoados distantes, pampas e chapadões longínguos, regressam expectativas (de afeições multíplices, de ternuras di-vers-ificas) de cantos e estâncias cujas centelhas de sapiências, sabedorias recaem nos trejeitos de contexto dos cunhos prejuízos vagueando pelas planícies diocesanas, repousam à obscuridade de mastros longínquos, de tranquilidade à borda
Dos flúmens de lágrimas cristalinas, profundeza perceptível, abismo sensível.
Vislumbrei lobos uivando na madrugada sem estrelas e lua, no alto da colina. O boêmio chegando a casa, sentando-se na rampa de entrada de sua casa, dedilhando notas de nova canção.
Visumbrei uma menina que, deixando sua boneca cair no lago, pique-nique com os pais no campo, pulou no lago e começara a afogar, a serpente que presenciava enrolou-a em si, colocando-a no chão ao lado dos pais, e ela dissera com vozinha tão terna: "Bigado, dona cobra", e a cobra arrastou-se envaidecida e sumiu no bosque.
De distantes rasos, as fedelhas se sustentam de víveres no que lhe é oferecido confeccionar, açular no plano, que lhe fortificam o cortiço, que lhe aformoseiam as tristezas, desolações, nostalgias e melancolias, que lhes purgam os rebentos e albumes de zigotos que sucederão frescor e genuínos, suavidade e leveza.
Vou ascendendo, as sémitas contundindo, mesclando; vou içando suso no cerúleo do firmamento, no ocaso da tarde que cessa, as diocesanas apascentam e descaiam, a mirar se acho melodiosas, acervo, patrimônio entre agarrar perda na rua Machado de Assis e as tristezas de fedelhas que cuidam às manias trans-cendentes do contacto simples e carinhoso a afoitar as aurículas a oscilarem os devaneios e sonidos de metrificação, cadência, melodia, qualidade musical nas movimentações incessantes espírituais que sonham o som do in-audito.
Desobstruo fossos em meus vividos desordenados, imprecisos, hipnotizados, sem retentivas, sem anamneses. Agenceio simulacros anulados, omitidos, eclipses no zéfiro descansado no capim de meu propósito. Não é a mesma coisa austera, leal, fiel relatar com seiva de antanhos orvalhos os proscénios
que redijo com tinta de anseios olvidados e intenções de vacuidade. Crepúsculo de chuvinha miúda - domingo de sui generis leveza da alma.
Derrotado pelas oportunidades de infelizes flagícios e temporais asquerosos, eu, insulo desamparado ao orvalho das noitadas frescas e pluviosas, dos dias cálidos e arrefecidos; entre imensidão de pranto, versejo as inexistências de aragem, cadencia a aura de afastamentos, versejo de isolamento os poemas desaparecidos.
Possuo para a actualidade sigilos laicos, estraçalhados e impressos nos cartórios do intelecto. Talvez pesquise no devir prévio a quaisquer alvoreceres as responsabilidades e piáculos dos genuínos namoros. Clamor sonante do anteriormente sentido ou toadas escutadas de um plangor.
Com insignificância me agrado, satisfaço-me, felicito-me, com ninharia me comprazo, com peva me cumpro, com tudo me martirizo, com o perfeito me desalento, com o universo me escureço?
Atrás, um devaneio se alteia ao eterno, acompanhamento materno de odes sonantes, melodia imortal de cânticos sós...
Acervo de Querença, ou ruma de risco, acervo de estilos ou ruma de meditações, reflexões ou simplesmente pensamentos abstratos, perda que acervo Assis, tristezas que trovam os hino de Atenas, as riquezas gregas. É mais fidalgo o sossego somente da afã imutável, da afã inolvidável e in-audita, é mais altivez flectir aos ferimentos da ofensiva riqueza, da humilhante luxúria, que a perda consentir o outorgamento com as blandícias absolutas da mão. Inércia somente. Cessar, cochilar? Dormitar? Fantasiar, quiça a ânsia de poetar perda com as dores do remanso no esfregar de aurículas, requestando-lhes, movimentações compassadas e cadenciadas em que colocarei término às demoradas tristezas, às aurículas diminutas, olhos ateados alteiam ao elevado, suplicam estâncias e poemas.
Os lábios meus abalroam a sensualidade aprazível da perda na verde fase: ter olhado de minha tristeza simplesmente, o anseio antiquado obstruo de amofinação... Que suavidade não larga um amargor de desalento? Que azedume não larga uma vaticinação de crença?
Fenecimento, vós podeis aguardar - arredai-vos de mim, afastai-vos de mim ou causa-me esquecer os primitivo ulmeiros que a angústia ténue arruína, a náusea serena desconforta. Pálido ainda me resguardo um imaturo refúgio, experimento que mora minh´alma um oco, enorme e profundo, me não doa o imaculado, o afável, o débil passo nas ansas da aragem, o fenecer lusco-fusco a encetar a escuridão despida e cruel de “devaneios” e “concepções”, de "idílios" e "saberes" a aformosearem os fucos e ornatos sobre o gracejador regaço dos amores infrutíferos..
No semblante indefinido - à luz deste crepúsculo de chuvinha miúda -, não essencial do devaneio, do abstrato idílio, vergastando a zona da razão, o sitio do cogito, atravessando os nervos da leviandade, assento-me acautelado na esquina de um entendimento petulante, de por baixo da marquise de uma compreensão insolente – oposto dos devaneios afáveis, concepções horripilantes. Extermino o fugaz, mas possante argumento imponderado, incongruente, e conservo-me amofinação, preservo-me re-colhido.
Da adolescência ensaiada nos vivenciados, vivenciários e vivenciais enlevos do Devaneio e das Palavras inextinguíveis e perenes ao temporal rasgam a claridade da calada, rebentam aos brados, encetam as poetisas de desventura e displicência, patenteiam a constituição de versos e cosmos, estrofes e paisagens in-finitas do eterno. A subtileza insólita sabe embustear as punições que espertam deslocações, ferramenta de que os homens de literaturas se auxiliam para inscreverem nas laudas ebúrneas os caracteres, as perdas que afinam os poemas reais das contrárias aparências, opostas afeições, antagónicos devaneios de palavras eternais e perpétuas. sílabas de mélica esfinge, decifrações harmonizadas às sensações.
Ao limiar de vanidades e emudecimentos, des-povoadas planezas de confianças, brados e sabedorias do ultra serem dialecto e índole do verbo inacabado, defectivo.
Vagabundo visionário? Ou itinerante sonhador?



(**RIO DE JANEIRO**, 17 DE JANEIRO DE 2017)


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