**NO FRIOZINHO DA ANTÁRTIDA** - Manoel Ferreira


Con-vexos idílios velados de tempos inestimáveis, remontando às zagaias do caos, vãos ideais da verdade.
Côn-cavas quimeras escondidas atrás da superfície lisa do espelho, furtivas idéias da plen-itude.
Tergi-versadas ilusões trancafiadas nos cofres da memória, fúteis utopias do ab-soluto que re-colhe e a-colhe as luzes do in-finito.
Des-conexas fantasias enveladas de éritos das volúpias e ex-tases, hilárias esperanças do ad-vir a-nunciado nas bordas do uni-verso, e nos horizontes alhures a neblina sarapalha os ventos.
Tempo e vento. Tempo e ser. Ventos e tempos.
Tem dias que se se sente como quem idealizou o nada, sonhou o vazio, teve fissuras pelas nonadas, a vida sarapalha de leste a felicidade e amor plenos, resta sentir o sabor do contrário que seduz a língua a criar eruditos vernáculos da decepção para atiçar a alma a re-fletir as sinuosidades da vereda que levam ao ser do efêmero.
Frágil sentir o friozinho dos ventos contraditórios, chamas da lareira acompanhadas de vinho não aquecem, a alma se embrulha toda no sudário das nostalgias.
Tem dias que se se sente à beira da eternidade, con-templando as arribas e confins, o inaudito das belezas do in-finito, sonhando prazeres e volos do além, a alma pres-ent-ifica as dialéticas da plen-itude e fugacidade dos desejos que preenchem as forclusions do ser.
Tem dias que se se... Não havendo dias que se se..., olha-se as coisas e objetos com indiferença, observa-se a vida com náuseas, o ser se esvaece nas grutas das maquinés desoladas, o tempo se esgarça nas cintilâncias lunares, o nada se atira de cabeça no precipício, o cosmos e o caos mergulham no in-audito do genesis... a vida nos auspícios da pureza.
Mas tem feito frio, hein! Mas, enquanto a esfera da pena desliza no branco da página, mesmo que garatujando nonsenses, a mão não precisa de luva para lhe aquecer, a alma não se enchafurda no espírito subterrâneo, desejando as caliências do além.
Vou-me embora para a Antártida, lá a esfera da pena dirá as in-verdades da verdade, o frio intenso é fruto da imaginação fértil.



Manoel Ferreira Neto.
(15 de junho de 2016)


Comentários