COMENTARIO DE ANA JÚLIA MACHADO, ESCRITORA, POETISA E AMIGA, AO TEXTO /**LIBERDADE, CONSCIÊNCIA**/


LIBERDADE, CONSCIÊNCIA
Manoel Ferreira Neto.



O que há de novo em liberdade é que actualmente, a libertinagem é o emprego iludido da independência, isto é, empregar a liberdade sem o bom tino, sem apreço, exceder balizas.
O homem impudico procura gerar as realidades de concordância com o seu arbítrio, sem se incomodar com as exequíveis sequelas, tal procedimento iludido propende-se a parir homens igualmente inconscientes pois no frenesi de verbalizar que são criaturas independentes praticam barbaridades e quando inquiridas o motivo de tais posturas ainda tentam evasivas das mais andrajosas factíveis para legitimarem seus feitos abomináveis.
Antagónico de deboche é a liberdade que pode ser decretada como o dever de abalar, regressar e operar de concordância com o inerente desejo desde que não lese outra criatura. A filosofia descreve a liberdade como sendo a liberdade do ser humano, o dever de possuir independência e naturalidade. A independência pode sugerir ser fantasiosa ao interrogarmos se verdadeiramente os sujeitos possuem a liberdade que asseveram possuir, se presentemente os meios de comunicação (internet, TV, rádio, etc.) faculta ainda a independência de ser ou somos regulados a adoptar estabelecidos paradigmas que são forçados.
Para Sartre a independência é a circunstância da sabedoria do ser em sentido lato que, encarando o ser em si mesmo, o alberga como independente, não se interessando com o jeito pelo qual ele se exterioriza, do ser humano, desigual de outros seres o indivíduo é antes de tudo independente, isto é, o homem é nentes antes de afirmar-se como algo, é completamente independente para afirmar-se, seduzir-se, enclausurar-se, esvaziar a si próprio. O tema liberdade é fulcral em todo o entendimento sartriano e segundo ele a liberdade deve ser completa senão ela não existe.
É relevante finalizar, que devemos sim usar a nossa liberdade mas incessantemente com sensatez para que nossas posturas não conduzam sinais contraproducentes, liberdade sim mas devassidão nunca.
Liberdade com senso para o homem poder sentir a sua expectativa do perene. Bom texto amigo Manoel Ferreira Neto e que dava para pano com muitas mangas...



Ana Júlia Machado.



**LIBERDADE, CONSCIÊNCIA**



O que é isto - o novo? Seria que existe o novo em si mesmo ou é ilusão da contingência sempre à espreita de outras realidade, horizontes e uni-versos que lhe a-nuncie dimensões do ser, do verbo in-fin-itivo ao ser in-finito de felicidade e compl-etude?
Em verdade, situações e circunstâncias da vida re-velam possibilidades, probabilidades, chances de a vida ser diferente, de sonhos e esperanças serem realizados, degustar outros sabores da maçã, desfrutar outros sentimentos de buscas e desejos, outras emoções da alegria, mas depende da entrega absoluta ao que se revela "tempo novo", com lutas, labutas, dificuldades, facilidades, da consciência do que significou o passado dos volos e desejos futurais.
O tempo é sábio e só revela oportunidades e possibilidades, se as experiências e vivências do homem tornaram-lhe consciente da necessidade de a vida ser, do verbo do ser dever ser construído com dignidade e honra, se está mesmo decidido a ser outro. Caso contrário, nada a-nuncia, nada manifesta, o mesmo existencial será eterno e absoluto. Outra oportunidade não haverá, se o homem se não entregar ao que será o "novo", a vida.
O verbo da vida, realizá-lo, não é somente construir a obra que será fruto para os descendentes, valores éticos e morais, para outras gerações, valores eternos e imortais, bens materiais; o verbo da vida é a sabedoria de o ser ser a pedra angular da vida, só podendo ser desfrutado com a liberdade, esperança e fé. Sem o verbo da vida, o homem apenas residiu na terra, arrastou-se no solo, acabou cinzas no sepulcro coberto de terra. Não frequentou o mundo. Nada obtuso.
Às vezes, a grande oportunidade de o verbo da vida ser instituído surge quando o homem já está maduro, e se olha, mesmo que de soslaio, esguelha, para o futuro sente que não lhe resta muito tempo para o verbo da vida, para a sabedoria, nada sim pode ser simples aventura, aquilo de "se não for agora, será noutro tempo", a entrega deve ser total, plena, sem dúvidas, incertezas, óbvio com questionamentos inda mais profundos e abismáticos, o ser é sempre a continuidade do desejo de ser, é sempre o silêncio à busca da voz da verdade.
Se, neste instante em que sinto o tempo se me a-nuncia a possibilidade real e verdadeira de o verbo da vida ser concretizado, tornar-me homem, ser o outro de mim, realizar a vida, cuidar dos prazeres e alegrias, amar amando o amor, amar conciliando e comungando o "eu" e o "tu" sin-crônica e harmoniosamente, penso e sinto, vice-versa, a vida é-me solidária e compassiva, está-me colocando em mãos feitas esperança a derradeira oportunidade de conjugar os tempos do verbo ser, não se trata mais de resta esta oportunidade com espírito de um caminhar na estra, sujeito a curvas, aclives e declives, mas a jornada nas sendas e veredas do campo, campo porque sou cônscio das poeiras e pós das estradas em que trilhei.
Novo tempo. Tempo de verbalizar o ser. Dizem que a Verdade, a Vida pertencem a Deus, Ele revela os caminhos. Não. A verdade, a vida pertencem ao homem nas suas caminhadas nas estradas de pós, poerias e metafísicas, nas suas andanças nos caminhos do campo. Só o homem sabe de suas contingências, só o homem sente a sua esperança do eterno.



Manoel Ferreira Neto.
(20 de junho de 2016)


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