**ESPÍRITO DA VIDA** - Manoel Ferreira


Senhor Escritor, o verbo in-finitivo das palavras habita nos sonhos dos desejos da "humanidade do ser", nas esperanças das querências da verdade; a sensibilidade que é a sua essência, a arte que nasce dela o espírito do seu ser só se tornam fundamento da vida que advirá de suas vontades, desejâncias, se você se mergulhar profundo, levando em mãos feitas concha as verdades todas da condição humana, manque-d´etrês, mauvaises-foi, in-verdades, criando, in-ventando, re-criando abertura para o outro que reside atrás de seu "eu" se re-velar, ser luz e ser sombra, luz que iluminará os caminhos do campo rumo ao uni-verso do absoluto, sombra que é objeto de questionamentos, indagações, perguntas sobre o Ser. Se não se mergulhar profundo com a sua verdade, o verbo in-finitivo das palavras jamais se pres-ent-ificará, e você será apenas orgulho, vaidade de registrar palavras nas páginas brancas, isto porque o "verbo in-fin-itivo" só se mostra pleno se for em prol da Vida, em prol dos Homens, em prol da Humanidade, e não apenas para si próprio, satisfazer o seu ego carente de aplausos, reconhecimentos, preencher suas dúvidas da eternidade, livrar-lhe das náuseas, dos vazios, dos nadas.
Senhor Escritor, as iríasis do infinito que residem no seio das letras não se re-velarão apenas com os seus dons e talentos, com a sua habilidade de artificiar línguísticas, semânticas, semióticas, objetos da beleza do belo, mas com o cor-ação de sua sensiblidade, cor-ação onde pulsam a solidariedade, compaixão, amor, com a alma de suas dores, sofrimentos, dúvidas, inseguranças, com o seu espírito de sonhar o além das contingências, ter esperanças do in-audito, ter fé nos mistérios e enigmas, libertar-se das algemas do pretérito, abrir as asas para o há-de vir, voar liberto rumo aos confins do eterno. Sem o cor-ação de sua sensibilidade, alma de suas dores, espírito de sonhar o além, as iríasis do infinito não se verbalizarão, pois que seus dons e talentos são objetos contingentes, não servem nem ao futuro nem ao eterno, apenas justificam a morte; suas letras não esperarão sua morte para serem cinzas, tornar-se-ão cinzas no exercício de sua vida no tempo.
Senhor Escritor, acaso você pensa e sente que apenas palavras registradas em páginas, preenchendo livros e mais livros, garantem a sua eternidade, garantem o homem, o indivíduo, o sujeito, será você lembrado por todo o sempre, será semente e húmus de outros ideais, sonhos, esperanças, idéias no tempo do mundo? Se assim o é, se pensa e sente assim, você não é escritor, é apenas palavras, e palavras obtusas por solidificarem a contingência, por cristalizarem o vazio e o nada,
Senhor Escritor, as palavras são o "Espírito da Vida" e a sua vida com as letras deve ser sempre Esperanças e Sonhos do Ser, Desejos e Vontades da Verdade para a Humanidade, Verdade que nasce e renasce no tempo.



Manoel Ferreira Neto.
(04 de junho de 2016)


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