**IN-FINITIVO IN-FINITO DO SONO IN-AUDITO ** - Manoel Ferreira


Honide... Honide...
Primeiro raio de sol, primeiro dia do ano. Distância... Distante sentimentos, distante emoção, distante primeiro sonho de paz, esperança do belo em harmonia, sin-cronia com os ideais da verdade, sonho de outras idéias, pensamentos, outras atitudes e comportamentos.
Solidão. Silêncio. A língua espera o movimento de dizer palavra, som de idílios e quimeras do eterno, inauduto do amor e verbo de ser a plen-itude. Nada. Jaz solene no solo da boca, lábios contraídos.
Inverno... Abissais sensações perpassam o íntimo, frias con-templações da clarividência da alma sentindo no alvorecer sereno, tranquilo, ameno, nublado, as anunciações que inda efêmeras preencham as carências das chamas do fogo eterno do prazer e felicidade, quiçá à soleira da lareira... Vivaldi executando as Quatro Estações na guitarra solo do ser perpassando as lídices do tempo. Abismáticas sorrelfas do vale esplendendo de orvalhos matutinos, furtivos brilhos diáfanos que, incididos nas folhas das árvores, mostram a imagem trans-perpétua do espírito performando a volúpia da estesia, clímax da beleza, com o para-si dos verbos da contingência, efemérides do absoluto, solstícios do divino.
A vida se surpreende com a continuidade sem tempo, sem verbos, até mesmo sem os infinitivos do aqui e agora, das conjugações limítrofes entre o nada e o vazio, re-fletindo silenciosa as éresis da inspiração e da arte, a vida sem vida é sistere sem sistência, os caminhos bifurcam-se no instante-limite da egrégia travessia do nada para a con-templação da in-verdade que des-vela os precipícios da sublim-itude.
Ad-versos trans-versos de sonetos trans-cendentes prefigurando desejos da linguística a verbalizar ritmos e acordes do não-ser re-presentando no tabernáculo de contingentes efígies a melodia im-pretérita, a-presente, des-futura, pró-perpétua do sublime subjuntivo das buscas vivenciais e vivenciárias do inaudito.
Iríadas de mistérios. Éresis de enigmas.
Quem me dera agora, nesta tarde de clima frio, cabelos molhados de garoa, virasse-me às avessas, mostrasse, revelasse, a-nunciasse as primeiras plen-itudes do verbo-inverno, cujas temáticas e temas fossem o krisha da espiritualidade jubilando o espírito do tempo na suavidade, leveza da apoteose da vacuidade. No inverno, a plen-itude se esvaece nas templárias tabacarias da arte e sublimação da vida à lareira de chamas ardentes do início da genesis do gozo lúdico esplendendo miríades defectivas da liberdade, alicerce para o perfume das flores na primavera, para a cog-itude, erg-itude, seren-itude da alma - espírito do in-finitivo in-finito do sono pleno de sonhos...



Manoel Ferreira


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