COMENTÁRIO-CRÍTICA DA ARTISTA-PLÁSTICA GRAÇA FONTIS AO POEMA **REFLEXO DO UNI-VERSO INTER-ESTRELAR**/


REFLEXO DO UNI-VERSO INTER-ESTRELAR



Quê texto sensível e emocionante onde sono, sonhos e fé se comungam no crepúsculo do outono sob a luminosidade do luar. O espírito deleita - se no silêncio e funde-se aos mistérios e devaneios inerentes ao ser...cantando suavemente rumo ao infinito de forma extraordinária; e, mesmo com todo deslumbramento, a alma sente as esperanÇas perdidas, deixando rastro de solidão onde os sonhos o impulsionam a um sentimento maior, duradouro e efetivo onde seu espírito possa repousar em plenitude, num amor sublime vindo de muito além. Abs. Poeta querido...



Graça Fontis



Em verdade, em verdade, ontem escrevi cinco poemas, dentre eles este que fora o último. A intenção fora apenas a de brincar com as palavras, jogar com o sentido delas. Desejava divertir-me. Terminando um a um, lia, e nada entendia, não sabia o que queria dizer. Terminando este, disse-me: "Acabaram as brincadeiras, vou dormir".
E você, Graça Fontis, no seu comentário, toca no ponto nevrálgico da obra: o "amor sublime vindo de muito além" que nasce da "solidão..". O amor é o amor pelas letras, nascido na solidão, dando origem aos sonhos.
E tal crítica sua remete-me aos primórdios do sonho das letras. Era uma criança sozinha, três anos e oito meses, não tinha outras crianças com quem brincar, amava ficar sentadinho debaixo do pé de jabuticaba, encostado ao tronco, observando as coisas. Certa vez, dirigindo-me a ele, uns vintes passos antes, senti algo muito estranho, tive medo e corri para o "quartinho de costuras" de minha mãe, ela era costureira. Assim que lá cheguei, vi um jornal sobre a mesa de costura. De imediato, pedi à mãe-dinha que me ensinasse a escrever e a ler. O desejo fora realizado. Tornei as letras a companheira insofismável da solidão, e com elas vieram todos os sonhos da vida.
A solidão do homem e a solidão do escritor me são inerentes, habitam-me o ser. Metafísica e trans-cendentalmente a minha vida está nas mãos das letras, e com elas sigo a jornada da vida.
Surpreende-me isto de apenas brincar com as letras e escrever obras profundas. Estou agora inda mais cônscio de que as minhas letras vem de muito além, o que quer que escreva será sempre profundo, terá a marca da trans-cendência, do Ser e do Verbo.



Manoel Ferreira Neto.



**REFLEXO DO UNI-VERSO INTER-ESTRELAR**



Sono de outonos crepúsculos sin-estéticos
Inter-ditos de orvalhos sarapalhados à luz lunar
Res-plandecendo de uni-versais silêncios do espírito
Sonhos místicos iluminando devaneios do mistério
Onírico do ser.
Vale de melodiosos cantos esplendendo ao in-finito
O verbo rítmico de sin-fonias do tempo
Oceano de edênicas ondas ondulantes
Marejando, em movimentos de mágica, idílios
Arco-irisados de in-finitivos in-auditos da alma.
Linha do horizonte aninhada nas vãs esperanças perdidas
Esfumadas no silêncio da solidão
Voar até à etern-idade
Onde o amor não seja efemeridade,
Onde o sublime seja reflexo do universo inter-estrelar
Onde o divino pousa na folha orvalhada de gotículas do além...



Manoel Ferreira Neto.
(07 de junho de 2016)


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