Sonia Gonçalves ESCRITORA POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA INTERPRETA O POEMA Cucuias de Raízes e Aberturas $$$


Texto apropriado para a época, super inteligente, realmente pra tudo que se planta e se faz a colheita necessária, é preciso paciência e sabedoria para esperar o tempo certo, assim como na poética há que se ter inspiração, na cabeça há que se ter o "tal do senso bom".E se agindo assim o mundo pode não ser perfeito, mas será um pouco melhor com certeza, obrigada e

parabéns

pelo lindo texto, que a sua inspiração seja tal qual a lua cheia de fases de acordo com a luz de cada neurônio acenda sempre!Bom dia Manoel Ferreira Neto

muitos aplausos pra ti!!!Bjos para os dois lindos ❤❤

Sonia Gonçalves

 

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RESPOSTA À INTERPRETAÇÃO SUPRA

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Há muito que conheço a "expressão" "vai pras cucuias", o desejo do outro do malogro, da desgraça. Ouvi-a por anos a fio em Belo Horizonte dos anos 80, qualquer coisa "vai pras cucuias" A palavra "cucuia" significa morrer, malograr. Na Escola de Filosofia, por vezes alguns amigos e eu dávamos outro sentido: "Este está precisando ser chamado às suas cucuias, os silêncios estão sendo esquecidos", avaliar, investigar a nós mesmos no mundo, avaliar as nossas condutas, posturas. E, pensando nesta expressão "vai para as cucuias", no sentido que dávamos os estudantes de filosofia criei esta prosa poética. Sua interpretação de excelência coerente à intenção da obra, pensar e refletir o nosso silêncio neste tempo de tantas intempéries e caos da humanidade em todas as dimensões, Artes, Ciências, Religiões, Sistemas. Políticos. Cumpre-nos efetivamente re-fazer as visões da verdade, re-construir os valores, re-criar nossos comportamentos, gestos, ações, atitudes, sobretudo a dimensão ética no mundo e no pensamento, instituir o "tal-agora-aqui".

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Meus cumprimentos por sua interpretação sensível às intenções da obra. Beijos nossos, Soninha Son(

Sonia Gonçalves

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#... CUCUIAS DE RAÍZES E ABERTURAS...#

GRAÇA FONTIS: PINTURA

Manoel Ferreira Neto: PROSA

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... A não ser que as cucuias da psique e instintos não revelem as suas trafulhices no tabuleiro dos pecados e condutas de má-fé, caso contrário, o re-curso é mandar-lhes às cucuias, e o reconhecimento de que é mister a comunhão, síntese do saber e do intelecto, cucuiar as intempéries e conquistas, numa imagem tosca, espremer os miolos em nome da sabedoria, re-verter o inverso que revela a verdade, mostrar-se à luz e sombras, eis o silêncio, eis o silêncio e as cucuias, eis cucuias de silêncios.

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... A não ser que re-faça a indagação do sentido de perquirir o sentido do Ser... A vocação é real, não posso duvidar: as sumas sacerdotisas se apresentam como minhas fiadoras. Belo objeto de um verbo de desejo, fonte viva e razão de ser, que ainda se ignora a si próprio. Aceito exultante de prazer e alegria conservar por algum tempo o incógnito, o inter-dito, o silêncio, as entrelinhas. Para refazer esta indagação, cozinho minhas idéias, porções pequenas de alho e sal para dar-lhes sabor, e no prato de metafísicas e metáforas a algazarra dos pensamentos no fogo lento dos transes, encantamentos.

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... A não ser que o "cogito ergo sum" das posturas, condutas, comportamentos, gestos, costumes não sejam ácidos críticos dos mais destilados, de safra erudita às íntimas relações com o mundo e o desejo de entender as suas coisas, o nada perde o sentido, o vazio perde o cerne de re-colher e a-colher a multiplicidade, o silêncio e a solidão se mancomunam com a algazarra e as muvucas. Suscitado do nada por um decreto incólume e irreversível, ser encarregado de missão única e capital, atravessar sertão de lágrimas, afastando todas as tentações e transpondo os obstáculos, ao termo ingressar na imortalidade, nas águas oceânicas do Sublime. Existir o Sublime não é apenas um modo-de-ser, um estilo de vida, mas uma realização, um movimento, ondas que se dirigem à praia, deixando os frutos do mar na orla.

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... A não ser que busque a semente que pensei plantar e a guardei, dizendo que não era inda o tempo de os frutos nascerem, era preciso esperar o tempo, era mister esperar-me, estava inda verde. Quem sabe?!... Uma vez dissolvida as tensões e livre a alma de suas angústias, depressões, fracassos, remorsos e culpas, pode-se usar tudo o que existe na literatura para mantê-la livre, e talvez até uma forma abreviada de psicanálise. Cada alma desesperada possui um útero de esperança que está pronto a lutar pela realização dos desejos e sonhos, pela sobrevivência e imortalidade...

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... A não ser que re-torne para plantar na terra a semente que gerei... Meus sonhos, são tão poucos os meus sonhos. Minha alegria, é tão pouca a minha alegria. Prazeres, contentamentos, são tão poucos. Não sou mais que uma combinação incerta de dúvidas e certezas, de acasos e encontros, de amor e de ódio, de alegria e tristeza, de conquistas e fracassos. Em busca de um momento, em busca de uma flor, hei-de fazer-me verbo como se fosse palavra, dar sentido, ser esperança de encontro, colher a mensagem que as estações do ano deixaram, especialmente a que a primavera deixou. Ombros frágeis são os meus para adormecer no tempo a graça da Criação do SER. Eis o homem!... Eis o SER!...

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Temos raiz e temos abertura. Somos como uma árvore, fundados no chão que nos dá força para enfrentar as tempestades. Mas também temos a copa, que interage com o único, com as energias cósmicas, com os ventos, com as chuvas, com o sol e as estrelas, constelações e planetas, até do buraco negro. Sintetizamos tudo isso, transformamos em mais vida a nossa abertura, AS NOSSAS FRINCHAS, AS NOSSAS FRESTAS, as folhas vazias do tempo nos canteiros do tal-agora-aqui E se não mantemos a abertura - a copa -, o mundo estiola, as raízes secam e a seiva já não flui. Morremos. A dialética consiste em manter juntos o enraizamento e a abertura. Imanentes, mas abertos à transcendência.

costumava pensar que o mundo era plano

Raramente jogava meu chapéu pra multidão

Achei que tinha usado minha cota de desejos...

#RIO DE JANEIRO(RJ), 05 DE DEZEMBRO DE 2020, 06:18 a.m.#

 

 


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