#APOLOGIA ÀS VARIAÇÕES DO NADA# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: SÁTIRA ###


Oh, Girulika Maria Vaclicha dos meus padecimentos, das alterações psíquicas que em mim se revelam, por vezes inócuas, não podem ser consideradas como de excelência na representação das dores, com efeito um modo delicado e fino de chamar a atenção para as carências de conteúdos que em mim habitam, e só vós podeis doar-me a dádiva de preencher com vossas asnadas as faltas, são ases do nada as vossas tolices todas, e vós não considerais o carinho e a ternura com que mostro a crocância de minha apenas aparência, capa, o que mais combina com o meu distinto sobrenome Pastel, José Pastel de Braganças, vulgo Zé Pastel, sem nada no íntimo que valha a pena considerar com esmero o homem de coragem, que não esmorece diante das adversidades de dizer as coisas sem quaisquer nexos, contra-sensos de fio a pavio jorram sem intermitências, sem aquelas considerações intempestivas dos equívocos e razões, das incertezas, dúvidas do bem e do mal da convivência com eles, quase censuras deslavadas, não faltam decências na consideração das coisas pelas vias da ausência de conteúdos, não atinjo o nível da vulgaridade - tolo, bobo, consinto e reconheço, mas não vulgar, o nentes redivivo, variação do nada, isto, oh Girulika Maria Vaclicha faz-me penar de tristeza e desconsolo, são nadices, sei disso, mas são as minhas mais profundas verdades, quase elevadas à divindade por mérito próprio, a genialidade do contra-senso servindo aos interesses individuais da honra e dignidade de não ser tachado de simulado ou dissimulado, hipócrita por saber que não ando pastelando as coisas da vida e agir deste modo sem eiras e beiras, aí sim não verteria tantas lágrimas de crocodilo, por ouvir você denegrindo a minha imagem, é eu quem não merece qualquer atenção, nada do que digo tem mundos e fundos.

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Padeço, oh, princesa de meus delírios de risos sem intermitência, as dores são alucinantes, quase levando à loucura, imagine só a variação do nada sob o nós das sandices, quem não cai na gargalhada diante de algo assim, acabo sendo objeto de críticas, sarcasmos, ironias e cinismos, o palhaço das bobices, e não é assim, por isso padeço, padeço, padeço com os seus olhares e sorrisos, mas confio no que me dissera ao pé dos ouvidos, no cochicho, com toda pomposidade, o que podia me oferecer como objeto de seu amor sem fronteiras por mim era a sinceridade em contribuir mais ainda para a verdade da só aparência preencher de conteúdos o nentes que represento. Há outra instância com a qual padeço, elevando ainda mais a dimensão de vós, oh, Girulika Maria Vaclicha, ser meu padecimento, o fato de vós considerardes com todas as luxúrias e voluntariedades que, movido pela própria ambição de as pastelices se tornarem o objeto de comprovação e demonstração de minha existência aqui nestas plagas, neste mundo sem cancelas, nesta terra sem mate-burro, resisto a unir-me aos nós de nada, prefiro apenas a variação dele, ser considerado por mim próprio o variado do nada, isto é que é glória inestimável, isto não é verdade, não prefiro a variação aos nós, prefiro os nós e as variações aderidos, comungados, e, aquando vós abris os verbos para falar sobre isto, o fogo que acende no peito de tanta tristeza e desconsolo vós não podeis imaginar, oh, amada Girulika Maria Vaclicha dos meus padecimentos. Digo-vos com toda a seriedade das asnadas e asnices que deixo rolarem por ser pastelado, todas as vossas contribuições para as variações das nadices tornaram-me homem e indivíduo seguro de quem sou no mundo, querem e desejam denegrir a minha imagem, mas me orgulho por não ser hipócrita, o que é variado variado é, até com direito de atravessar os desvarios e pitis que a defesa deste princípio ocasiona, é em todas as situações e circunstâncias. Sou-lhe imenso grato, oh, rainha dos desvarios e devaneios, Girulika Maria Vaclicha.

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Se vos estou dizendo isto não significa que reclamo, rumino de suas ensinâncias de como ser pastelado sem me esquecer da boa conduta, isto é, não cair na vulgaridades das asnices, não sou de reclames, de representar a vítima das coisas, disto você sabe e muito bem, então dizer-vos é modo de reconhecer que compadecer os nós do nada com intenções desleixadas de variar o nada é muitíssimo prazeroso, o sentir compaixão de desvarios e devaneios, o sentir compaixão em deixar rolar os impropérios e despautérios das idéias, pontos de vista, ser sinal de que penso em mim próprio, dedico-me cuidado e esmero, e efetivamente reconhecer de coração, alma e espírito o seu amor, tecer-lhe uma apologia, sabe de sua identidade, Girulika é o significado da mulher sem quaisquer níveis de condutas, posturas, de visão das coisas do mundo, e vós sabeis com distinção viver isto. Sou sim, meu amor idolatrado, o servo e a serviência de suas ensinâncias, dependo delas para manter o nível das pastelices sem perder as estribeiras.

#RIO DE JANEIRO(RJ), 07 DE DEZEMBRO DE 2020, 10:02 a.m.#

 

 


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