NEM TÃO REPENTE CONSUMOU-SE TRANSIÇÃO# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: AFORISMO ====


Ao inestimável Amigo e Prefeito da Cidade de Curvelo, Minas Gerais, Maurilio Guimaraes, os meus cumprimentos.

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Quero algum dia, sem noção de quando, sonhando

O além, fazendo versos dobrados nas bordas, a flor maravilha

Quero trazer nas mãos em concha, regressando muitos anos

Aos pensamentos que não re-tornam mais,

As idéias que se encolheram, multiplicam-se às lerdas

De lendas e causos mal contados,

Quero andar no campo, passeio, de capim viçoso,

As árvores de flores verdes,

Ouvindo os boiadeiros passarem, tocarem o berrante,

Tardes de gado passando, tardes de ovelhas, carneiros,

Sendo guiados por idoso homem, à beira dos trilhos da estrada

De ferro,

Pastor vai, pastor vem, na sua paixão pelo rebanho,

Refiro-me ipsis verbis e litteris ao homem que conduz as ovelhas,

Nada de metáforas, signos, símbolos...

Faço a separação,

Ouço o choramingar da cadela, que se faz auxiliar do pastor,

Neste trajeto até o curral...

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Tocando os "fois", canção de idos, outroras,

Tocando-os-que-serão, a voz do além chamando o silêncio,

Este mistério... quê indevassável!

O pranto molha-me o rosto,

Sentindo-me emocionado, lágrimas descendo-lhe,

Tocar os "fois" é tão emocionante que enternece profuso!

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Ontem, no vem-e-vai da rede, no alvorecer,

Neblina densa ensimesmava a visão,

Ontem,

Os raios numinosos do sol foram vivos, ardentes,

Ontem,

Os sentimentos da verdade foram efêmeros, passageiros,

Ontem,

O verbo amar não tinha o indicativo, subjuntivo, gerúndio, particípio

Além de haver sido intransitivo, era defectivo

Ontem, na volta da estrada, bem em frente uma encruzilhada,

Imagens celestes aporeticamente desenhadas, pintadas,

De um lado tinha fogueira, ao lado tinha violeiro,

O coração sentiu frio,

Ontem, os desejos, vontades do eterno

Foram meras contingências diante da efemeridade do tempo,

Frente às carências, solidões,

Frente aos medos, inseguranças

Ontem, as esperanças, fé, sonhos

Foram projetos, foram inspirações, foram aspirações

À mercê das angústias, melancolias, nostalgias, saudades

Ontem, a vida consumou-se de pretéritos, aquis-e-agoras...

O tempo é uma serpente que leva para o fim da vida,

Face bem marcada,

Os sonhos estarão ficando para outras conjugações...

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Ontem, a alma do espírito feneceu, o espírito da alma pereceu,

Ontem, o nada

Ontem, o não-ser

Ontem, as nonadas

Ontem, o vazio,

Ontem, o silêncio da viola,

De tudo, o que é isto - a vida?

De tudo, o que é isto - a esperança?

De tudo, o que é isto - o sonho?

Contingências, imanências,

Dores, sofrimentos...

Tenho por mim sentido e pensado muito,

Às margens do rio verde,

Só versos trovadores, perscrutando o

Toque do vento sereno... a maresia tão deliciosa

O coração vazio,

Sereia pulou no rio, para onde fora não sei.

O chicote das recordações,

Avanço para o fim da estrada,

Por capricho, na minha mente

Está presente o meu passado.

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Ontem, quem fui?

Ontem, o que fui?

Ontem, o que seria hoje?

Ontem, sonhei realmente?

Ontem, tive mesmo esperança?

Ontem, desejei o amor?

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Ontem, a vida fácil - as contingências

Ontem, o que me era dado viver, o berrante ficou mudo - a espera da morte,

O destino, a saga, a sina

Ontem, o amor de efêmeros em efêmeros.

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Hoje, o vento

Hoje, ao longe no horizonte a luz do sol

Hoje, aqui, a eternitude dos desejos, vontades

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Hoje, a eternidade

Construída de eternitudes,

Montado na Liberdade,

Na carroça, na caravana, na traseira de caminhão,

Carro de boi, o Amor investigando, sentindo, vivendo

Hoje, o espírito do amor habitando o ser

Hoje, o amor do espírito vivido no ser.

Hoje, a felicidade

Hoje, a alegria

Hoje, o tempo na sua dimensão de amanhã.

Hoje, o sentimento de minh´amada na moldura do eterno,

Comunhão, síntese, adesão, koinonia,

Antíteses, contradições, o coração pulsando de liberdade,

Até mesmo a samambaia dependurada na parede, quer mergulhar

Na liberdade, quanto mais caminho - um estranho ao estrangeiro.

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Verso-Uno da ilusão suprema, querença,

Liberdade e Amor, o espírito que se entrega num abraço... no coração

Voam livres, quando vai morrendo o dia, os raios de sol se recolhem...

O tempo é uma serpente que leva para o fim da vida.

Liberdade e Amor... O céu aqui na terra...

O silêncio é o condor que guia para as luzes do invisível...

#RIO DE JANEIRO(RJ), 11 DE DEZEMBRO DE 2020, 06:17 a.m

 

 


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