**ALÉM DAS ÁGUAS...SILÊNCIO!!!** GRAÇA FONTIS: FOTO Manoel Ferreira Neto: SÁTIRA


EPÍGRAFE:

"Só à custa do "Eu" a Identidade se re-vela" (Manoel Ferreira Neto)

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Águas cristalinas.

Águas límpidas.

Águas puras.

Jorrando da fonte. Fonte serena. Fonte de pureza. Fonte singela. Alegria efêmera. Alegria profunda. Alegria breve. Além das águas, silêncio. À sombra do flamboyant, re-festelo-me. Deixo-me livre. Deixo ideais, deixo pensamentos, deixo idéias rolarem em mim, deixo dúvidas e questionamentos deslizarem solenes, estou-me nas tintas para as contingências, conceitos de moral e ética de pontas-cabeça. Nada a pensar. Nada a re-fletir, nada a meditar. Vazio? Quem me dera estivesse! Efetivamente outros estilos de registar, sarapalhar de palavras as linhas, outros estados dalma, se é que assim possa dizer. Sentimentos, emoções perpassam-me. Desejam atenção, privilégios, verbalize-os. Não o farei. Posso estar perdendo grandes oportunidades para encontrar outras dimensões do "eu", do "outro" que se encontram enveladas, "SÓ Á CUSTA DO "EU" A IDENTIDADE SE REVELA", mas não quero agora empreender esta jornada, quero apenas estar aqui à sombra do flamboyant olhando distante, olhando nada, perscrutando nós e ases dos "TAIS-AGORA-AQUI", tudo longínquo. Poderia com perfeição continuar o itinerário que tracei até o anoitecer, dormindo nalgum canto, mas não, por aqui ficarei, aqui dormirei. O amanhã pode esperar. O tempo agora me pertence.

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Louco, doido, varrido. Psicopata, Esquizóide, Esquizofrênico. Graças a Deus tudo isso, e mais algumas outras "cositas" deambulam em mim. Lá vou eu, sereno, tranquilo, seguindo a vida, lá vou eu pelejando por concretizar o para quê fui vocacionado, sem nada temer, sem medo, alfim que outra coisa faria da vida, deitado na rede, no seu vai-e-vem, com os olhos focados no In-finito? Nada é tão in-finito como con-templar a infinitude do espaço celeste e as constelações, planetas inda a serem descobertos e divulgados, mesmo com a cintilância das estrelas, brilho da lua. O In-finito se real-iiza no arrasta-pés pelas estradas, sejam de poeiras, pedras, cascalhos.

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Hiperativo que sou outra coisa não me restaria senão plantar os pés nos caminhos, como o escritor compulsivo que escreve sem limites, tudo atrás é apenas a ponta do iceberg, pouquíssimas letras que nada dizem, sentido algum têm. Ansiedade por ec-sistir no nada. O nada habita antes do In-finito, mas se localiza tão longínquo. Chegar lá é questão de fôlego e paciência.

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Por incrível que pareça ou por increça que parível, como pode alguém hiperativo ter paciência de Jó para alcançar o nada, a partir dele rumar-se ao In-finito? As contradicções da vida são inúmeras. Essa é a minha suprema contradicção, talvez por o corpo estar começando a envelhecer, o espírito sentindo profundo que é chegada a hora da sabedoria, e a sabedoria é construída no tempo projetado ao além das águas... silêncio.

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Sinto-me lânguido. A languidez é isso - o princípio do sono? Ou a languidez é simplesmente estar ec-sistindo no limiar da etern-idade, sem antes ter havido quaisquer a-nunciações do eterno ou quaisquer demonstrações das fragilidades de o efêmero ser o que comanda, tem com efeito a chave de ouro para abrir a porta para as avariações da psique, sem dúvida a questão de haver equilíbrio entre as moléstias e a razão é demasiado complexa de ser patenteada? Alfim, a etern-idade é projeção da ec-sistência aos confins do que inda há a ser vivenciado.

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Vivendo só a sua fonte.

Algo aprendi: a vida de certos homens chega à consumação, quando deixa real-izada a sua vocação.

O resto é além das águas...

Silêncio!!!

#RIO DE JANEIRO(RJ), 05 DE DEZEMBRO DE 2020, 10:50 a.m.#

 

 


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